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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A caridade que une Bento XVI e Francisco

O Conselho Cor Unum promove dois dias de congresso internacional para celebrar a actualidade da Deus Caritas Est

  Igreja e Religião

Wikipedia. César.

No Ano da Misericórdia, um aniversário que se harmoniza muito bem com o espírito do Jubileu: o de 10 anos da publicação da Deus Caritas Est, a primeira das três encíclicas do papa Bento XVI.

Para a comemoração do aniversário, foi organizado o congresso internacional “A caridade nunca terá fim”, promovido pelo Pontifício Conselho Cor Unum nos dias 25 e 26 de Fevereiro na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano. O evento reunirá personalidades eclesiásticas e leigas a fim de examinar e aprofundar as perspectivas teológicas e pastorais da encíclica para o mundo de hoje, particularmente em relação ao trabalho das pessoas envolvidas com o ministério da caridade da Igreja.

No encontro, incluído entre os eventos do Jubileu da Misericórdia, deverão participar, em particular, os representantes das conferências episcopais e organizações católicas internacionais de caridade.

Conforme relatado a Zenit por mons. Giampietro Dal Toso, secretário do Cor Unum, os dois dias de estudos contam com o apoio do papa Francisco, que, de acordo com o espírito da conferência, tem insistido em inúmeras ocasiões, desde a sua primeira homilia como pontífice, na afirmação de que a Igreja católica não é uma “ONG piedosa”.

“Precisamos manter vivo o espírito da Deus Caritas Est, que é mais actual do que nunca”, disse Dal Toso. “Por isso, o foco da nossa conferência não está na ‘memória’, mas na ‘perspectiva’, com uma ampla reflexão sobre a aplicação concreta da encíclica”.

Na abertura da conferência, nesta quinta-feira, 25, às 9h45 do horário de Roma, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, oferecerá uma interpretação teológica da encíclica Deus Caritas Est.

Palestrará ainda Michel Thio, presidente da Confederação Internacional São Vicente de Paulo, bem como Marina Almeida Costa, directora da Caritas Cabo Verde, e Roy Moussalli, director executivo da Sociedade Sírio de Desenvolvimento Social. A sessão vespertina da quinta-feira será aberta por um judeu, o rabino David Shlomo Rosen, director internacional de assuntos inter-religiosos do Comité Judaico Americano, e por um muçulmano, Said Ahmed Khan, professor da Universidade Estadual de Wayne, nos EUA. Eles falarão, respectivamente, da “Perspectiva judaica do amor bíblico” e da “Perspectiva muçulmana da misericórdia”.

A presença desses palestrantes quer ilustrar que “no coração de todas as religiões existe a atenção para com o outro”, disse o secretário do Cor Unum, sublinhando, no entanto, que a “caridade” é um “conceito do Novo Testamento”.
Outro objectivo da conferência é o de superar o preconceito segundo o qual “as religiões são uma fonte de conflito” em vez de “purificação”: o conflito surge, essencialmente, da “exploração da religião”, observa mons. Dal Toso.

A perspectiva antropológica da caridade e do seu valor para o homem moderno será abordada pelo filósofo franco-tunisiano Fabrice Hadjadj, diretor do Instituto Philantropos, que falará no final da tarde.

O segundo dia será aberto pelo cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila e presidente da Caritas Internationalis, que tratará da importância da Deus Caritas Est para o serviço da caridade da Igreja hoje.

Seguirão os testemunhos de Alejandro Marius, presidente a Asociación Civil Trabajo y Persona, da Venezuela, e Eduardo Almeida, representante, no Paraguai, do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Ao meio-dia, os participantes serão recebidos em audiência pelo papa Francisco no Palácio Apostólico. Na parte da tarde, haverá espaço para as intervenções do rev. prof. Paolo Asolan, da Pontifícia Universidade Lateranense, e do prof. Rainer Gehrig, da Universidade Católica de Murcia, Espanha.

“O objectivo do congresso é também estimular a reflexão sobre o tipo de pessoa que queremos promover e, portanto, o tipo de desenvolvimento a ser favorecido”, enfatizou Dal Toso.

Por sua vez, o subsecretário do Cor Unum, mons. Tejado Muñoz, recordou que a Igreja não é uma associação filantrópica e que as suas organizações de caridade estão sempre presentes nos locais concretos, inclusive em situações de emergência e desastres, com seus operadores “sofrendo junto com as pessoas que sofrem”. Vive-se, desta forma, o princípio de que o verdadeiro cristão “toca a carne de Cristo em cada um que sofre”.

A moderação das duas sessões da manhã será confiada a Martina Pastorelli, presidente da Catholic Voices Itália; as sessões da tarde serão moderadas pelo prof. Luca Tuninetti, professor da Pontifícia Universidade Urbaniana.

Os dois dias de conferência se encerrarão, ambos, na igreja de Santa Maria della Pietà, no Cemitério Teutónico, dentro da Cidade do Vaticano, com a celebração da Eucaristia: no dia 25 de Fevereiro, a missa será presidida pelo cardeal Paul Josef Cordes, presidente emérito do Cor Unum; no dia 26, pelo cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos – ele também foi, de 2010 a 2014, presidente do Cor Unum.

O congresso será inteiramente transmitido pelo site do Pontifício Conselho Cor Unum: www.corunumjubilaeum.va .


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