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sábado, 27 de fevereiro de 2016

São Gabriel de Nossa Senhora das Dores

“O que fazes no mundo? Tu não foste feito para ele. Segue a tua vocação!” Ouviu de modo claro em seu interior estas inesquecíveis palavras da Santíssima Virgem que o encorajou a viver sua vocação…


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Hoje vos conto a história de um santo que nasceu em Assis na Itália. E não se trata de São Francisco ou Santa Clara de Assis. E sim, de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores. Cuja festa celebramos dia 27 de Fevereiro.

Nasceu em 1º de Março de 1838, em Assis. Foi baptizado no mesmo dia com o nome de Francisco, em homenagem a São Francisco, na Igreja de São Rufino, onde sete séculos antes havia sido baptizados São Francisco e Santa Clara de Assis. Filho de uma família de treze irmãos, seu pai, o advogado Sante Possenti, exercia na época o cargo de prefeito. E sua mãe, Angese Frisciotti, provinha de uma família nobre e que veio a falecer quando ele tinha apenas quatro anos.

Tendo ele três anos de idade, a família Possenti transferiu-se para Spoleto – Itália, onde transcorreriam sua infância e adolescência. Ali Francisco se distinguiu por seu carácter vivaz, cheio de afecto, gentil, palavra fácil e olhar penetrante. Gostava muito de festas; adorava ler romances e se destacava em suas belas actuações no teatro e pela habilidade com que dançava nos bailes que sempre gostava de frequentar. Porém, ninguém podia imaginar que aquele jovem aplaudido e aprovado por todos professava no seu interior uma fé pura e sincera. E de que o anseio de trilhar algum dia na vida religiosa começava a despontar em sua alma… Um dos seus mais íntimos amigos da época declarou: “Quantas vezes o vi de mãos juntas, olhos humedecidos pelas lágrimas e como que arrebatado em profundos pensamentos!”.

Quando Francisco tinha 17 anos, sua irmã mais velha, Maria Luísa, que fora para ele um de seus principais afectos desde a morte de sua mãe, veio a falecer por uma assoladora epidemia de cólera que irrompeu a cidade de Spoleto na época. A morte da sua irmã causou em Francisco o impacto de um raio, a ponto de expor ao pai o desejo de ingressar num convento. O pai, entretanto, recusou sua ida, temendo que tal desejo fosse o fruto efémero de um momento de dor.

O jovem Francisco volta-se então, novamente, para os prazeres do mundo. E as atracções do mundo começaram a abafar de novo sua vocação. Aos 18 anos, desiludido, desanimado e arrependido, chegou a escrever para um dos seus amigos: “Gozar de mais prazeres e diversões? E o que ficou de tudo aquilo? Nada mais do que vergonha, temores e turbações”.

Foi nessa situação que Francisco entrou no dia 22 de Agosto de 1856, em uma procissão onde tinha a imagem do Sagrado Ícone da Virgem de Spoleto. Ao fitar profundamente os olhos na imagem da Virgem, sentiu-se animado por uma voz serena que lhe falava no íntimo: “Francisco, o que fazes no mundo? Tu não foste feito para ele. Segue a tua vocação!”.

Na manhã seguinte, Francisco partiu de Spoleto em direcção a Loreto, onde passou alguns dias estreitando os laços de amor e devoção a Maria Santíssima. De lá, dirigiu-se a Morrovalle para dar início ao noviciado dos Padres Passionista. Ele, o elegante bailarino, o brilhante animador dos salões de Spoleto, escolheu entrar na Congregação dos Passionistas, fundado em 1720 por São Paulo da Cruz, com a missão de anunciar, através da vida contemplativa e do apostolado, o amor de Deus revelado na Paixão de Cristo. E ali, na radicalidade ao Evangelho, mudou o nome para Gabriel, e de acordo também com a sua devoção a Nossa Senhora, chamou-se então: Gabriel de Nossa Senhora das Dores. E com apenas 24 anos, partiu ele para a glória no dia 27 de Fevereiro de 1862, deixando o rastro da radicalidade em Deus.

São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, é para a juventude actual um forte testemunho de um coração que soube responder sua vocação mesmo diante dos encantos deste mundo. Entusiasmado pela Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo e da devoção entranhada a Maria Santíssima, no silêncio do seu ser, disse o seu sim a Deus.

Particularmente, adentrar na história deste santo, foi um convite ao meu ser de silenciar para ouvir de Deus o Seu chamado.

E fazer silêncio neste mundo de hoje é praticamente uma coisa absurda, pois somos como que consumidos pela angústia da pressa cada vez mais apressada, na luta pela sobrevivência no mundo da tecnologia, que tenta nos devorar o tempo todo. Mas é necessário viver o silêncio e nele nos conectarmos com o nosso coração. Silêncio e coração juntos dizem muito sobre os rumos a seguir. E quando deixarmos Nossa Senhora, como fez São Gabriel, fazer parte deste silêncio e deste coração, veremos que o difícil agora será sairmos deste momento ímpar – quando o humano se conecta com o divino e Nele descobre seu chamado.

É para não me prolongar mais, lembro-vos das palavras do Papa Francisco ditas aos voluntários da JMJ no Rio em 2013, cujas palavras fui privilegiada por recebê-las pessoalmente e que me tocaram profundamente o coração… E é com essas palavras que vos deixo imersos na reflexão da belíssima vida deste jovem santo. E vos convido no silêncio, a pensar sob o olhar da Virgem Santíssima na vocação de cada um de vocês. Deus nos chama para escolhas definitivas, Ele tem um projecto para cada um: descobri-lo, responder à própria vocação significa caminhar na direcção da realização jubilosa de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um. Queridos jovens, talvez alguns de vocês ainda não veja claramente o que fazer da sua vida. Peça isso ao Senhor; Ele lhe fará entender o caminho.”

São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!


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