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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Ciência e coração concordam: a vida humana é vida humana desde a concepção

Professor Bruno Dallapiccola explica as razões da ciência e da genética

  Família


O professor Bruno Dallapiccola é uma das mais altas autoridades italianas no campo da genética. Leccionou em várias universidades italianas; aquela em que dá aulas actualmente é La Sapienza de Roma. Foi presidente da Sociedade Italiana de Genética Médica, da Federação Italiana de Estudos de Doenças Hereditárias e da Sociedade Italiana de Genética Humana.

Dallapiccola é o actual director científico do hospital pediátrico Bambino Gesù, em Roma, além de membro da Comissão Nacional de Bioética e do Conselho Superior de Saúde. Para abreviar, omitimos a menção aos muitos postos de trabalho que ele já exerceu no passado e no presente, os quais lhe atribuem grande prestígio e autoridade no campo da genética.

ZENIT entrevistou-o.

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ZENIT: Professor Dallapiccola, o senhor está entre os primeiros que já assinaram o testemunho-apelo dirigido à União Europeia para implementar a segunda fase da iniciativa “Um de nós” [projecto popular que pede o reconhecimento da obviedade de que o ser humano é um ser humano desde a sua concepção, ndr]. O seu convite é muito importante para cientistas e médicos e, é claro, para todos nós, que lhe perguntamos: a afirmação de que o concebido é um indivíduo vivo da espécie humana desde a fecundação tem base científica ou depende de uma visão religiosa?
Professor Dallapiccola: A declaração tem uma referência científica precisa. Não há dúvida de que a fusão de dois gametas humanos dá origem a um zigoto humano, que tem o potencial de se transformar em um embrião, depois em um feto, depois em um recém-nascido, depois em um adulto. Também não existe dúvida de que o projecto biológico é único e irrepetível, dada a unicidade do genoma humano.

ZENIT: Todos os manuais de genética, biologia e medicina modernos ensinam que, a partir da fecundação, começa um processo de desenvolvimento que não tem saltos de qualidade e que é orientado finalisticamente. Mas alguns argumentam que não haveria um ser humano até o 14º dia depois da concepção. O que responder a essa ideia?
Professor Dallapiccola: O desenvolvimento a partir da concepção é um processo contínuo. Sabemos que, nos primeiros 14 dias, o desenvolvimento é essencialmente de tipo “proliferativo” e, depois, é de tipo “diferenciativo”. O prazo de 14 dias reflecte estas duas fases. A primeira delas coincide com o tempo dentro do qual podem se formar os gémeos monozigóticos (ou seja, a divisão da massa do embrião em duas ou, raramente, mais partes, correspondentes a um número equivalente de gémeos idênticos em termos genómicos, mas não necessariamente no nível funcional). Este projecto biológico humano é exactamente humano tanto antes quanto depois do 14º dia.

ZENIT: O senhor foi presidente da Comissão Ciência e Vida, vitoriosa no referendo promovido por aqueles que queriam destruir a Lei 40/04 sobre a procriação medicamente assistida. O senhor ainda considera válidos os slogans que a Comissão Ciência e Vida utilizou naquele confronto, “seres humanos” e “unidos pelo futuro do homem”? Continua sendo verdade que o embrião deve ser considerado e protegido como um sujeito e não como uma coisa cujo valor depende de opiniões?
Professor Dallapiccola: Os dez anos que nos separam daquele referendo não afectaram a validade daqueles slogans. Em todo caso, tornaram possível verificar algumas das afirmações que fizemos nossas naquela campanha. Eu me lembro do que eu previa no tocante à destruição de embriões para fins de pesquisa: antes que alguém consiga usar os embriões humanos destinados à pesquisa com fins terapêuticos, outro alguém vai conseguir reprogramar as células do adulto e usá-las com fins semelhantes àqueles com que se usam hoje as células estaminais embrionárias. Menos de dois anos depois, a previsão já tinha se tornado realidade e o descobridor das células estaminais pluripotentes induzidas, Shinya Yamanaka, ganhou com o Prémio Nobel.

ZENIT: “Um de nós”, em referência ao embrião humano, é uma declaração laica ou confessional?
Professor Dallapiccola: Eu a considero uma afirmação suficientemente laica. Podemos dizer que ele é o menor de nós, um de nós em miniatura, mas dotado de todas as nossas potencialidades.

ZENIT: A União Europeia não tem competência normativa em matéria de aborto e de direito à vida. No entanto, ela sistematicamente oferece ajudas financeiras a organizações internacionais que propagandeiam e praticam o aborto. Diante da demanda de 2 milhões de cidadãos europeus, a Comissão de Bruxelas argumentou que os financiamentos se referem à prática de abortos legais e à salvaguarda da saúde da mulher. O senhor acha que esta justificativa é aceitável?
Professor Dallapiccola: Eu acho que esta afirmação atribui ao conceito de “saúde” um sentido excessivamente amplo e provavelmente não de todo apropriado, ainda mais numa substancial proporção das mulheres que recorrem ao aborto.


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