O sorriso que acompanha o presente, agrada mais do que o presente
Se não há amor, mesmo por meio de um presente
pode-se trair e matar. Judas deu a Jesus o melhor presente: um beijo.
Resultou-se num "presente mortal" porque não foi dado de coração. "E
quem não ama - diz um provérbio – mente sempre".
Mesmo na minha experiência - e repetia muitas vezes a minha avó - "O
sorriso que acompanha o presente, agrada mais do que o presente".
Durante a guerra na Croácia, há uma década, entre os vários
episódios, mais ou menos cruéis, eu me lembro de um fato estranho, no
limite do absurdo.
Havia populações inteiras que vagavam de um lugar para outro tentando
escapar do bombardeio, para encontrar um pouco de comida e aliviar as
terríveis dores da fome.
Centenas e centenas de pessoas fugindo, sempre sitiadas pelo exército, que não permitia que a comida chegasse por terra ...
Era, pois, urgente o socorro a partir do céu. Aeronaves amigas
passavam carregadas de pacotes de presente. Voando, tinham que deixar os
pacotes cairem, atentos para mirar o campo dos famintos e evitar que
caíssem no território inimigo.
Certa vez, um jornal relatou a seguinte notícia: "Presentes mortais" e
subtítulo: "socorristas lançam pacotes de alimentos no campo de
refugiados. Um pacote cai sobre algumas pessoas, matando duas".
O absurdo incidente movimentou todo o aparato das organizações
humanitárias, "Como? Um presente que tira a vida; um socorro que mata?”.
Começaram a rever a situação, a estudar a forma mais eficaz e mais
justa para enviar comida. É óbvio que o presente deve ser feito com a
maior precisão, para salvar e não para prejudicar, e muito menos matar
aqueles que precisam da ajuda.
Eu encontrei nisso uma oportunidade para refletir sobre a minha
maneira de ajudar o próximo. O pedaço de pão que eu dou a quem me pede
pode sacia-lo, mas talvez tire a sua dignidade.
Quem recebe qualquer ajuda - no hospital, na rua, em casa, no
trabalho, na escola etc. - Antes de receber, olha para o seu rosto,
sente o seu coração, avalia o amor que acompanha o presente.
Até breve, Pe. Andrea.
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