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sábado, 19 de dezembro de 2015

Beata Julia Nemesia Valle - 18 de dezembro

A difícil situação familiar, que permeou os anos de sua infância, fortaleceu esta freira das ‘Filhas da Caridade’ que se destacou por sua caridade edificante


Hoje, festa de Nossa Senhora da Esperança, a Igreja celebra a vida desta beata que exalou caridade e generosidade ao seu redor. Além disso, no convento, ela experimentou a alegria que acompanha os seguidores de Cristo, a alegria que seu próprio lar tinha roubado por várias razões.

Nasceu em Aosta, Itália, em 26 de Junho de 1847, depois de dois irmãos que morreram prematuramente. O trabalho de seus pais, comerciantes e proprietários de um negócio de costura, permitiu-lhe desfrutar de uma vida confortável e sem sobressaltos, recebendo assim com alegria singular o nascimento de seu irmão Vicente. Sua mãe incutiu valores fundamentais, tais como a generosidade. Mas quando Julia tinha 5 anos, estando a família em Besançon, a mãe faleceu e a situação mudou radicalmente. Para começar, seu pai enviou os dois filhos para ficarem com seus parentes residentes em Aosta. Outros parentes maternos estabelecidos em Donnas substituiu-os na tarefa educativa, um vai e vem que não foi pesado para os pequenos, aos quais não faltou nada. Em Donnas, além de estudar na escola, receberam formação na verdade da fé que lhes proporcionava um padre, amigo de seus parentes.

Aos 11 anos, Julia mudou-se para Besancon, um pensionato francês administrado pelas Irmãs da Caridade, cuja fundadora é Santa Joana Antide Thouret. Embora acostumada com as separações familiares, que não era o caso, voltou a sofrer com isso. A falta do calor de estar junto ao seu pai e ao seu irmão a conduz para uma profunda amizade com “o Senhor que tem a seu lado sua mamãe”. Bem formada humanamente e intelectualmente, mostrando sinais de grande delicadeza e bondade, cinco anos mais tarde, aos 16 anos, voltou para o seu pai. Ela encontrou um cenário completamente diferente daquele deixado quando era criança. Seu pai havia se casado novamente e vivia em Pont Saint Martin. Os problemas de convívio inebriaram tanto o tratamento familiar que seu irmão Vincent saiu de casa e nunca mais deu notícias. Felizmente, as Irmãs da Caridade abriram uma casa na cidade. Julia pouco a pouco foi conhecendo mais esse estilo de vida; quando seu pai mencionou a possibilidade de contrair matrimónio, ela já tinha decidido ser freira.

Dia 08 de Setembro de 1866 ingressou no noviciado em Vercelli, no convento de Santa Margarita. Seu pai não se opôs e a acompanhou naquele dia, mais uma vez, a separação foi dolorosa para ela. Mas a serenidade encontrada no mosteiro inundou o momento de alegria dando-lhe a paz que não havia encontrado antes. Determinada a lutar para alcançar a perfeição, ela implorou: "Jesus despoja-me de mim mesma e reveste-me de Vós. Jesus, por Ti vivo, por Ti morro... ". Ao professar tomou o nome Nemesia em honra a uma santa mártir, com o desejo de entregar sua vida a Cristo sendo fiel até o fim. Foi enviada a Tortona. Lá, ensinou francês para as crianças da escola primária e para outros alunos do ensino superior.

Logo, destacou-se por sua bondade e generosidade não apenas no ambiente religioso e académico, mas em todos os outros. Entre outras coisas, ela cuidou de Luigi Orione, fundador dos Filhos da Divina Providência e acolheu várias vezes a beata Teresa Grillo Michel, fundadora das Irmãs da Divina Providência em Alessandria. Abriu caminhos de colaboração apostólica com eles, compartilhando o mesmo ideal de amor cristão. Aqueles que se encontraram com sua capacidade de suavizar as arestas do sofrimento e da privação: pobres, órfãos, famílias, soldados e até mesmo os sacerdotes do seminário, se sentiam tratados por Julia de uma maneira única, solicitavam sua presença e agradeciam a atenção. Dela diziam: "Oh, que coração o da Irmã Nemesia!". Por sua caridade foi chamada de "Anjo Tortona".

Aos 40 anos de idade foi nomeada superiora, missão exercida com espírito de serviço, humildade e generosidade. Dizia: “Enfrentar o desafio sem retroceder, fixando uma única meta: Só Deus! A Ele a glória, aos outros a alegria, para mim o preço a pagar, sofrer, mas jamais fazer sofrer. Serei severa comigo mesma e toda caridade com as irmãs: o amor que se doa é a única coisa que permanece”. Era bondosa e compreensiva, paciente e sutil. Soube consolar e acompanhar cada uma de suas irmãs dando o conselho certo que convinha a sua psicologia. Ela sabia que a santidade não consiste em fazer muitas coisas ou grandes coisas, mas fazer o que Deus nos pede para fazer, e fazê-lo com paciência, amor e sobretudo, com a fidelidade que é nosso dever, fruto de um grande amor".

Em 1903 ela saiu de Tortona, onde esteve por trinta e seis anos e partiu para Borgari, deixando uma mensagem para as noviças: “Eu vou contente, as confio à Virgem... Eu as seguirei em cada momento do dia”. Em Borgari, sua maneira, tão estimada por suas noviças, não foi compartilhada pela superiora provincial, que aplicava um método rígido e exigente. Mas a beata recebia em silêncio e sorrindo as reprimendas e humilhações que sofria. Permaneceu lá por treze anos. Cerca de 500 freiras foram formadas por ela. Julia faleceu em 18 de Dezembro de 1916 de pneumonia. Foi beatificada em 25 de Abril de 2004 por João Paulo II.


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