Na abertura da Porta Santa de Zhengding, a santa missa foi
celebrada por dom Julius Jia Zhiguo, não reconhecido pelo governo e
mantido em prisão domiciliar
"É um milagre! É uma proteção do Céu", consideram os
entusiastas católicos chineses da comunidade clandestina de Zhengding
(Hebei), que, neste domingo, se reuniram para celebrar o início do
Jubileu e a abertura da Porta Santa.
O "milagre", explica a agência AsiaNews, é que a polícia, sempre
diante da igreja, não fez nada para impedir o gesto e não prendeu
ninguém. Além disso, quem presidiu a liturgia, das 8h30 às 12h30, foi o
bispo dom Julius Jia Zhiguo, não reconhecido pelo governo e mantido em
prisão domiciliar durante anos por se recusar a aderir à Associação
Patriótica, o órgão do Partido Comunista que gerencia uma “Igreja
Católica” independente do papa e de Roma.
Dom Jia Zhiguo é vigiado dia e noite e, com frequência, é levado para
uma ou duas semanas "de férias" pela Associação Patriótica, ou seja,
para cursos de doutrinação e lavagem cerebral. Mesmo controlado, o
prelado conta com a estima da polícia e da população. Durante longo
tempo, em sua casa, ele abrigou cerca de 200 crianças abandonadas e
pessoas portadoras de deficiências, cuidando delas pessoalmente com a
ajuda de algumas freiras e fiéis.
A abertura solene da Porta Santa em Zhengding foi precedida por uma
procissão e uma série de leituras da Misericordiae Vultus, a bula com
que o papa Francisco proclamou o Jubileu. Depois de aberta a Porta
Santa, houve a cerimónia eucarística. “É incrível – disse uma freira -
que tantas pessoas tenham podido se reunir durante tanto tempo sem
ninguém ser preso”.
Faz anos que o governo chinês tenta eliminar as comunidades
clandestinas que realizam atos religiosos considerados "criminosos" pelo
Partido. Muitos sacerdotes envolvidos estão presos. Nos últimos meses,
tem havido forte pressão contra sacerdotes e bispos clandestinos para se
juntarem à Associação Patriótica, inclusive com tentativas de suborno.
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