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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Bem-aventurada Maria dos Anjos (Marianna) Fontanella - 16 de dezembro

Carmelita edificada pela leitura da vida dos santos e comovida por uma imagem do Crucificado, sentiu-se chamada a dar a vida a Cristo. É um exemplo de fidelidade e perseverança


Nasceu em Turim, Itália, no dia 7 de janeiro de 1661.  Foi a última dos onze filhos nascidos do casamento dos condes Giovanni Donato e Maria Tana, parente de São Luis Gonzaga. Foi educada conforme sua origem aristocrática e tornou-se uma jovem esperta, inteligente e requintada. Sua infância foi caracterizada por uma forte inclinação para o espiritual; construía altares e gostava de ouvir sobre a vida dos santos, histórias que uma empregada doméstica lia para ela.  Um costume que influenciou poderosamente a sua vocação. Seu modelo foi São Luis Gonzaga. Como fez Santa Teresa de Ávila, ela fugiu com seu irmão em busca do martírio. Essa sensibilidade transpareceu em outro momento: quando encontrou um Crucificado sem braços no sótão de sua casa, que a deixou profundamente comovida. Tanto assim, que se tornou um objeto de grande afeição. Diante da imagem pedia perdão por seus pecados. Humanamente, sua paixão era a dança, atividade na qual se destacava.

Pouco a pouco, ela foi percebendo certas fraquezas, experimentou a vaidade e sentia prazer ao ouvir elogios. Uma visão de Cristo ensanguentado e coroado de espinhos, refletida no espelho, a levou a odiar a vaidade. Outro momento forte de sua vida foi a Primeira Comunhão, sacramento recebido em 1672. Logo, inclinada a combater essas tendências, buscava na oração a força para enfrentá-las, iniciando um caminho de mortificação e penitência que nunca mais abandonou. Ela começou a visitar os doentes e a exercer a caridade. Seu diretor espiritual, Padre Malliano, a guiou no caminho da virtude. Em 1673 ingressou no mosteiro cisterciense de Santa Maria da Estrela para receber formação. Permaneceu lá por um ano e meio porque sua mãe, observando suas muitas qualidades, e dado que o conde havia falecido em 1668, não hesitou em coloca-la à frente da administração da casa, e teve que deixar a comunidade.

Dois anos depois indagou o parecer materno porque queria ser freira, mas sua mãe já estava planeando o seu matrimónio. Não houve acordo, e começou uma amarga luta em defesa de sua vocação, que se perdia no tempo através de numerosas vicissitudes e decepções. Finalmente, ela convenceu a mãe de que não poderia dissuadi-la e recebeu o consentimento para ingressar na ordem das cistercienses de Saluzzo. Mas em 1675 ou 1676, durante uma viagem a Turim para ver o Sudário, a jovem conheceu um sacerdote carmelita. Eles tiveram uma conversa tão decisiva que ela terminou ingressando no mosteiro das Carmelitas Descalças de Santa Cristina. Mais uma vez sua mãe se opôs a consagração em uma ordem com regras austeras, mas em 19 de novembro daquele ano Marianna alcançou o seu objetivo.

A vida no convento foi extremamente difícil para ela, como narrado em sua autobiografia. As provas espirituais que duraram catorze anos incluíam aridez na oração, animadversão de suas irmãs, bem como penitências e mortificações, ciladas do demónio, hipersensibilidade ao seu ambiente, ela sentia um odor insuportável que a levava a recusar os alimentos. Ela, que tinha provado favores divinos, de repente, não conseguia encontrar conforto na oração e precisava caminhar na fé porque vislumbrava Deus. Suas súplicas insistentes a Cristo a conduziam para um abismo escuro, e a experiência de autodepreciação encheu sua existência de angústia e desgosto por suas muitas ofensas. Nesse deserto surgiram dúvidas sobre sua vocação, ataques e tentações contra a caridade, abandono do convento e até mesmo desespero, além de incitamentos contra a pureza. Contra isso, com sua persistente oração forjada na fé, oferecida com espírito de reparação e fidelidade na obediência, alcançou a graça da perseverança.

Desse estado interior de luta, que terminou em 1691, ninguém dava notícias. Para os outros suas virtudes brilhavam poderosamente. Austera em sua vida, se considerava a mais indigna de todas. "Dá-me mortificações ou faz-me morrer", rezava a Deus. Em 1682 os êxtases começaram a ser frequente e às vezes aconteciam em público. Era devota de Maria e São José, e a ele dedicou o Carmelo de Moncalieri que fundou com grande zelo apostólico em 1702, apesar de não ter participado da inauguração, que teve lugar no ano seguinte. Em 1696, ela conseguiu que a diocese de Turim instituísse a festa do padroeiro do Santo Patriarca. Foi uma excelente mestra de noviças. Eleita priora quatro vezes, recusou-se a encarnar a quinta missão em 1717, quando já se aproximava a sua morte. Faleceu em 16 de dezembro do mesmo ano. Foi beatificada pelo Papa Pio IX em 25 de abril de 1865. Foi a primeira carmelita descalça italiana a subir aos altares. São João Bosco escreveu sua biografia.


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