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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

"Não a todo tipo de droga": o cardeal Parolín encoraja a superação dos dependentes químicos

O secretário de Estado do Vaticano celebrou a missa na estrutura fundada por Don Picchi, em presença, também, de alguns refugiados


"Não a todo tipo de droga". E sim à vida, ao amor, à educação, ao desporto, ao trabalho e às oportunidades para os jovens, conclamou em sua homilia o cardeal secretário de Estado vaticano, Pietro Parolin, na missa que celebrou no Centro Italiano de Solidariedade Don Mario Picchi, em Roma.
 

É "uma obra de misericórdia" em pleno Jubileu, além de um presente de Natal para as pessoas dependentes químicas presente na celebração; pessoas cuja vida carrega "cicatrizes de sofrimento e de dor" e que, ao mesmo tempo, "falam da Ressurreição de Cristo que se cumpre nelas", transformando-se, às véspera do Natal, "na manjedoura em que é deitado o Jesus Menino, no presépio de Belém".

Os internos deste centro tão querido aos papas enfrentam um programa não apenas de desintoxicação das drogas, mas de "volta à vida", disse Parolin: "à vida de verdade!”.
 

“É um Natal especial para vocês e para as suas famílias, que os apoiam, rezam, sofrem e esperam junto com vocês. É um Natal especial para aqueles que concluíram o programa de reabilitação depois de um longo caminho, também formada por quedas, no qual, no entanto, como ensina o Santo Padre Francisco, ‘o importante não é não cair, mas não continuar caído’”.
 

O centro é mantido com empenho, dedicação e amor por aqueles que seguem o projecto do fundador, pe. Mario Picchi, "tão estimado pelo beato Paulo VI e por São João Paulo II", lembrou o cardeal. "Esse bom samaritano salvou muitas vidas mergulhadas na espiral das drogas" e continua a salvá-las hoje, cinco anos depois da sua morte.

O secretário de Estado também reiterou a denúncia do papa Francisco contra o "flagelo contínuo das drogas, alimentado por um mercado vil que atravessa fronteiras nacionais e continentais".
 

"O perigo é crescente para os jovens e adolescentes. Em face deste fenómeno, não podemos deixar de expressar profunda tristeza e grande preocupação. A Igreja não pode ficar em silêncio", disse o secretário, apontando o caminho já proposto pelo papa para sair desse túnel: "A droga não se vence com a droga! As drogas são um mal e com o mal não pode haver compromisso. Pensar que se pode reduzir o dano permitindo o uso de psicotrópicos a pessoas que continuam a usar drogas não resolve o problema".
 

"A legalização das chamadas ‘drogas leves’, mesmo que parcial, além de ser pelo menos questionável no âmbito legislativo, não produz os efeitos propostos. As drogas de substituição não são uma terapia suficiente, mas uma forma velada de render-se ao fenómeno", afirmou Parolín.
 

"Não podemos nos limitar ao trabalho de recuperação. Temos de trabalhar na prevenção através de oportunidades de emprego, educação, desporto e vida saudável. Este é o caminho da prevenção da droga. Quando se diz este ‘sim’, não há lugar para as drogas, não há lugar para o abuso de álcool e para outras dependências" .
 

Dependências que, nos últimos anos, têm expandido a sua gama: vício em internet, em compras, em jogo, em comida, em sexo... "E a lista continua", observou Parolin.
 

É preciso pensar "em acção preventiva, que se traduza em intervenção na comunidade como um todo, para que a acção educacional, cultural e formativa inclua o maior número de meninas e meninos e não apenas os grupos de risco". Ao mesmo tempo, deve haver esforços para "uma política de prevenção dos problemas da juventude" que "aumente a auto-estima da geração mais jovem a fim de combater e superar a sensação de insegurança e de instabilidade emocional, favorecida pelas pressões sociais implícitas e pela natureza intrínseca da adolescência".
 

A Igreja "não pode abandonar aqueles que estão envolvidos na espiral das drogas". Deve "pegá-los pela mão, através do trabalho de muitos agentes e voluntários, para redescobrirem a sua dignidade e os talentos que as drogas enterraram, mas não apagaram, já que cada homem é criado à imagem e semelhança de Deus".
 

O trabalho do centro já existe há 40 anos, sempre "na vanguarda da luta contra o vício" e sempre fiel "ao ensinamento moral e prático de Don Mario Picchi, resumido nos princípios básicos da filosofia do ‘Projecto Homem’, o que coloca a pessoa no centro da história, como protagonista livre de toda escravidão, voltada à renovação interior e à busca da bondade, da liberdade e da justiça".
 

Nos últimos anos, o compromisso da instituição também se voltou aos refugiados (alguns deles estavam presentes na missa), aos idosos abandonados, aos doentes e aos pais em risco de exclusão social. "A Igreja está com vocês e os incentiva a vencer o que o papa Francisco define como ‘cultura do descarte’", disse Parolin, que, ao encerrar, confiou todos os presentes à Virgem Maria, para que, "por intercessão do beato Paulo VI e de São João Paulo II, que tanto fizeram por este bom trabalho, os proteja e esteja perto de vocês todos os dias da sua vida".



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