Comecemos por afirmar que este chocante título se refere às mães de sacerdotes, pois não é bom escandalizar as pessoas. Pensemos, então, no assunto com a profundidade que o espaço permite.
Só Deus é misericordioso. A sua Misericórdia manifesta-se plenamente quando Cristo se entrega por morte na Cruz para nos salvar. Foi esta a razão pela qual veio à terra e se fez Homem, facto que estamos prestes a celebrar a 25 de Dezembro. É Ele o Rei da Misericórdia. Sua Mãe, Nossa Senhora, é verdadeiramente Mãe de Deus, Mãe da Misericórdia, Mãe do único Sacerdote, Jesus, que se oferece como vítima perfeita.
Durante a sua vida pública, o Mestre (e sua Mãe, de forma mais discreta) ensinou-nos como devíamos fazer para usufruir a sua Misericórdia: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”; e Maria, nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. A nós, pessoas correntes e normais, basta-nos seguir estes conselhos, e temos a salvação garantida pela Misericórdia divina. Porém, estamos a viver sem prestar atenção a estes conselhos. O Papa Francisco convida-nos, a partir de 8 de Dezembro de 2015, a sermos mais misericordiosos. E a sua iniciativa já está a dar frutos.
Camila, uma amiga do Porto, reúne-se regularmente com um grupo de senhoras, todas elas mães de sacerdotes. Animam-se, desta forma, a rezar e acompanhar os seus filhos no seu ministério sacerdotal. Tentam assistir à Santa Missa e unir-se, nesse momento, à Missa que o filho celebra diariamente. Rezam em comum para que surjam mais vocações nas famílias. Pedem para que Deus inspire os seus filhos nas suas pregações, homilias e conselhos.
Neste ano da Misericórdia, o Papa Francisco convida todos os seus filhos espirituais a confessarem-se. Na confissão, cada sacerdote fala e age na pessoa de Cristo. Quando diz: “Eu te perdoo”, os pecados do penitente ficam realmente perdoados. Mas só Deus tem poder de perdoar os pecados. Aquele Eu não pode ser o Padre X, é Deus quem perdoa. Durante a Santa Missa, no momento da Consagração, também é Cristo que se oferece, não o celebrante, embora seja pela voz deste que ouvimos as palavras: “Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue”. Assim, por momentos, cada sacerdote “empresta” o seu corpo a Cristo, é Cristo. A Virgem Maria é a única e verdadeira Mãe de Deus, mas as mães dos sacerdotes são também, neste sentido espiritual e devido ao Sacramento da Ordem recebido por seus filhos, mães de Deus. À semelhança de Maria, devem aceitar e agradecer: “A minha alma glorifica o Senhor que olhou para a humildade da sua serva” a enorme graça de serem mães de sacerdotes.
Assim se explica que estas mães se esforcem por acompanhar a vocação dos seus filhos. Algumas delas gostam de oferecer as saudades que sentem quando são enviados para longe; uns para missões em África ou Macau, outros para ensinarem em Roma ou nalgum seminário diocesano. Outras mães colaboram nas várias atividades das igrejas onde os filhos são párocos. Uma delas montou um ateliê de costura para confecção de paramentos, toalhas de altar, manutérgios, etc.
Aceitar a vocação que Deus dá é um ato de generosidade, de misericórdia, mesmo quando essa vocação nos chega através dos filhos. Jesus está sempre a chamar-nos, passo a passo, de fé em fé. E podemos surpreender-nos, homens e mulheres, se um dia descobrirmos que, por nosso intermédio, Deus desce mais vezes à terra, em cada Missa celebrada pelos nossos filhos sacerdotes.
Isabel Vasco Costa
13 de Dezembro de 2015
13 de Dezembro de 2015
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