Nesta quarta-feira, 16 de dezembro, Francisco destacou que o Jubileu é no mundo inteiro, não só em Roma
Publicamos a seguir o texto integral da catequese do Santo Padre na audiência geral desta quarta-feira, 16 de dezembro:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Domingo passado foi aberta a Porta Santa na Catedral de Roma, a
Basílica de São João Latrão, e se abriu a Porta da Misericórdia na
Catedral em todas as dioceses do mundo, também nos santuários e nas
igrejas indicadas pelos bispos. O Jubileu é em todo o mundo, não somente
em Roma. Quis que este sinal da Porta Santa fosse presente em cada
Igreja particular, para que o Jubileu da Misericórdia possa se tornar
uma experiência partilhada por cada pessoa. O Ano Santo, deste modo,
tomou o caminho em toda a Igreja e é celebrado em todas as dioceses,
como em Roma. Também, a primeira Porta Santa foi aberta justamente no
coração da África. E Roma, bem, é o sinal visível da comunhão universal.
Possa essa comunhão eclesial se tornar sempre mais intensa, para que a
Igreja seja no mundo o sinal vivo do amor e da misericórdia do Pai.
Também a data de 8 de dezembro quis destacar essa exigência,
relacionando, a 50 anos de distância, o início do Jubileu com a
conclusão do Concílio Ecuménico Vaticano II. De fato, o Concílio
contemplou e apresentou a Igreja à luz do mistério da comunhão.
Espalhada em todo o mundo e articulada em tantas Igrejas particulares é,
porém, sempre e somente a única Igreja de Jesus Cristo, aquela que Ele
quis e pela qual ofereceu a Si mesmo. A Igreja “una” que vive da
comunhão própria de Deus.
Este mistério de comunhão, que torna a Igreja sinal do amor do Pai,
cresce e amadurece no nosso coração, quando o amor, que reconhecemos na
Cruz de Cristo e no qual nos imergimos, nos faz amar como nós mesmos
somos amados por Ele. Trata-se de um Amor sem fim, que tem a face do
perdão e da misericórdia.
Porém a misericórdia e o perdão não devem permanecer belas palavras,
mas realizar-se na vida quotidiana. Amar e perdoar são os sinais
concretos e visíveis de que a fé transformou os nossos corações e nos
permite exprimir em nós a vida própria de Deus. Amar e perdoar como Deus
ama e perdoa. Este é um programa de vida que não pode conhecer
interrupções ou exceções, mas nos leva a ir sempre além sem nunca nos
cansarmos, com a certeza de sermos sustentados pela presença paterna de
Deus.
Este grande sinal da vida cristã se transforma depois em tantos
outros sinais que são característicos do Jubileu. Penso em quantos
atravessaram uma das Portas Santas, que neste Ano são verdadeiras Portas
da Misericórdia. A Porta indica o próprio Jesus que disse: “Eu sou a
porta: se alguém entra através de mim, será salvo; entrarás e sairás e
encontrarás pastagem” (Jo 10, 9). Atravessar a Porta Santa é o sinal da
nossa confiança no Senhor Jesus que não veio para julgar, mas para
salvar (cfr Jo 12, 47). Estejam atentos para que não haja alguém um
pouco ligeiro ou muito espertalhão que diga a vocês que se deve pagar:
não! A salvação não se paga. A salvação não se compra. A Porta é Jesus, e
Jesus é grátis! Ele mesmo fala daqueles que faz entrar não como se deve
e, simplesmente, diz que são ladrões e bandidos. Então estejam atentos:
a salvação é gratuita. Atravessar a Porta Santa é sinal de uma
conversão do nosso coração. Quando atravessamos aquela Porta é bom
recordar que devemos ter escancarada também a porta do nosso coração. Eu
estou diante da Porta Santa e peço: “Senhor, ajude-me a escancarar a
porta do meu coração!”. Não teria muita eficácia o Ano Santo se a porta
do nosso coração não deixasse passar Cristo que nos leva a ir rumo aos
outros, para levá-Lo e levar o seu amor. Portanto, como a Porta Santa
permanece aberta, porque é o sinal do acolhimento que o próprio Deus nos
reserva, assim também a nossa porta, aquela do coração, esteja sempre
escancarada para não excluir ninguém. Nem mesmo aquele ou aquela que me
incomoda: ninguém.
Um sinal importante do Jubileu é também a Confissão. Aproximar-se do
sacramento com o qual somos reconciliados com Deus equivale a fazer
experiência direta da sua misericórdia. É encontrar o Pai que perdoa:
Deus perdoa tudo. Deus nos compreende mesmo nos nossos limites, nos
compreende também nas nossas contradições. Não somente, Ele com o seu
amor nos diz que justamente quando reconhecemos os nossos pecados nos é
ainda mais próximo e nos encoraja a olhar adiante. Diz mais: que quando
reconhecemos os nossos pecados e pedimos perdão, há festa no Céu. Jesus
faz festa: esta é a Sua misericórdia: não desanimemos. Adiante, adiante
com isso!
Quantas vezes ouvi dizer: “Padre, não consigo perdoar o vizinho, o
companheiro de trabalho, a vizinha, a sogra, a cunhada”. Todos ouvimos
isso: “Não consigo perdoar”. Mas como se pode pedir a Deus para nos
perdoar se depois nós não somos capazes de perdão? E perdoar é uma coisa
grande, ainda não é fácil, perdoar, porque o nosso coração é pobre e só
com as suas forças não pode fazê-lo. Se, porém, nos abrimos para
acolher a misericórdia de Deus para nós, por nossa vez nos tornamos
capazes de perdão. Tantas vezes ouvi dizer: “Mas, aquela pessoa eu nem
podia ver: eu a odiava. Mas um dia, me aproximei do Senhor e lhe pedi
perdão pelos meus pecados e também perdoei aquela pessoa”. Essas são
coisas de todos os dias. E temos próxima a nós essa possibilidade.
Portanto, coragem! Vivamos o Jubileu começando com estes sinais que
comportam uma grande força de amor. O Senhor nos acompanhará para nos
conduzir a fazer experiência de outros sinais importantes para a nossa
vida. Coragem e adiante!
(Tradução: Canção Nova)
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