O cardeal Napier agradece aos fiéis em
oração pela assembleia e minimiza o caso da "carta dos treze". O cardeal
Alberto Suárez Inda expressa preocupação com as famílias divididas pela
emigração.
Cidade do Vaticano,
21 de Outubro de 2015
(ZENIT.org)
Luca Marcolivio
As famílias divididas pela emigração, o drama do divórcio e a sua
prevenção e o motu proprio sobre a nulidade do matrimónio estiveram
entre os temas abordados na conferência de imprensa deste dia 20, data em que foram
concluídos os trabalhos dos círculos menores sobre a terceira parte do
Instrumentum laboris.
Na conversa com jornalistas credenciados na Sala de Imprensa do
Vaticano, o cardeal arcebispo de Barcelona, dom Lluís Martínez
Sistach, explicou que, entre os padres sinodais, "atingiu-se um clima de
sinodalidade" do qual emergiram "aspectos muito importantes".
Como as pessoas escolhem casar-se "para ser felizes e criar uma
comunidade de amor", é importante que os divórcios e separações
aconteçam o menos possível: para isto, "a preparação para o matrimónio é
crucial", porque "é melhor prevenir do que remediar", disse o cardeal.
Segundo Sistach, simplificar o processo de anulação matrimonial de
acordo com os ditames do motu proprio Mitis Iudex Dominus Iesus, do Papa
Francis, está "em harmonia com a misericórdia da Igreja à luz da
indissolubilidade do matrimónio".
O arcebispo de Barcelona reiterou que "a gratuitidade do processo já
existia", mas agora "este aspecto se intensifica" e "as conferências
episcopais devem garanti-lo".
Falando dos jovens que abandonaram a fé, o cardeal catalão sugeriu a
necessidade de renovar a sua formação, verificando especialmente se eles
viveram "um encontro verdadeiramente pessoal com Cristo".
Para o cardeal Alberto Suárez Inda, arcebispo de Morélia, no México,
"é importante que a doutrina não seja apenas uma teoria, mas a visão de
Cristo, que contempla de forma compassiva esta passagem da história, em
especial as famílias".
Na sua experiência pastoral, o cardeal Suárez viu o drama de famílias
divididas pela emigração aos EUA, complicado pela propagação do crime
organizado e suas muitas vítimas, na maioria jovens, levando o
sofrimento e o luto para o seio das famílias.
O reencontro dos migrantes é dificultado pelas restrições
burocráticas, enquanto outras famílias são desfiguradas pela
infidelidade favorecida pela distância entre os cônjuges. Seria
desejável, portanto, “mitigar as causas da emigração”.
No México, prosseguiu o cardeal, há o problema dos "jovens
abandonados a si mesmos", cuja "única instrução vem da televisão": um
"risco muito grande para a nossa identidade cultural".
A Igreja desejada pelo papa Francisco implica "grande
responsabilidade, estudo e preparação" dos bispos, mas também "a
colaboração dos leigos", chamados a "viver a sua vocação à fidelidade no
casamento".
Sobre a visita do papa ao México, anunciada para o início do próximo
ano, Suárez disse que Francisco "certamente vai visitar o santuário de
Nossa Senhora de Guadalupe" e que a sua visita "é motivo de grande
alegria para todos nós. Será não só um bálsamo, mas um incentivo para
trabalharmos mais". Provavelmente, o papa "falará de reconciliação e de
paz, mas também das vítimas"; visitará presídios e passará tempo com os
jovens, "mostrando que devemos olhar para o futuro com grande
esperança".
Por sua vez, o cardeal Wilfrid Napier, arcebispo de Durban, na África
do Sul, destacou a onda de "otimismo" levada ao sínodo pelos bispos
africanos, "não só pela bondade de Deus, mas também por causa do que
emana da pregação do papa Francisco".
O cardeal expressou seu apreço pelos "milhões de leigos que rezam
pelo sucesso do Sínodo: sentimos que essas orações estão nos ajudando
nos momentos difíceis da assembleia".
O casamento "é uma vocação e uma missão, não uma escolha em contraste
com a religião", observou ele: portanto, requer "discernimento". Em sua
crise, os casamentos têm de ser "acompanhados" não só pelo clero, mas
também pelas famílias e associações de famílias. Napier também abordou a
coabitação como "fase do caminho que leva ao casamento". De acordo com
os costumes africanos, a coabitação não é concebida como dois jovens
vivendo juntos, mas como "um acordo entre duas famílias". Em todo caso,
trata-se de "um desafio a ser encarado com nova dinâmica: não são
necessariamente negativas; podem levar ao matrimónio".
Entre os problemas das famílias sul-africanas, incluem-se a
dependência de drogas, o HIV e a orientação sexual, mas Napier acredita
que "as boas famílias podem ter um grande impacto na sociedade".
Ele também falou da "carta dos treze cardeais", da qual ele mesmo foi
um firmante. Trata-se de "um documento particular para o papa",
elaborado no espírito incentivado pelo próprio papa de "falar aberta e
honestamente" e "ouvir com humildade". Ao responder no dia seguinte, o
papa disse que levou em consideração as "preocupações manifestadas". O
cardeal sul-africano concluiu: "Estamos muito otimistas com o resultado
do Sínodo".
(21 de Outubro de 2015) © Innovative Media Inc.
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