Entrevista. Acompanhar as famílias, principalmente nos primeiros anos. espiritualidade dos Focolares ensina a ouvir e apoiar-se mutuamente
Sergio Mora | | ZENIT.org | Família e Vida | Roma
Maria Angelica Perea, dentista, e seu marido, o biólogo Luis Rojas
estão participando como auditores no Sínodo sobre a família que está se
desenvolvendo no Vaticano, até 25 de outubro. Pais de dois jovens de 18 e
20 anos, e com 23 anos de casados. Membros do Movimento dos Focolares –
que no mundo tem cerca de dois milhões de membros e simpatizantes –
explicam a ZENIT sua espiritualidade e a importância de que as famílias
se apoiem mutuamente para fortalecer-se.
***
ZENIT: Onde vocês se conheceram?
- Maria Angelica: Nós nos conhecemos no movimento de jovens dos
Focolares. Naquele momento nos alimentávamos desta espiritualidade e
continuamos neste caminho. Desde que nos conhecemos sentíamos a
necessidade de estar fortalecidos como família, porque não é só pela
capacidade humana que se superam as dificuldades, mas é necessário a
graça de Deus, aquela que temos que pedir a cada dia. Graça que se
traduz na vida diária, nos momentos quotidianos, quando acompanho o meu
marido para ver a corrida de fórmula um ou quando ele me ajuda a lavar
os pratos.
Também fomos muito apoiados pela comunidade e sentimos a experiência
de uma família, a de um jovem que dá o seu tempo livre, ou um casal de
noivos que vive a castidade no seu relacionamento.
ZENIT: Por que vieram a Roma?
- Luis: Pertencemos ao Movimento dos Focolares e estamos aqui em Roma
para dar uma contribuição como famílias neste Sínodo como auditores.
ZENIT: O que é que a família precisa hoje, quais são os seus principais desafios?
--Maria Angélica: A família, essa obra criadora do amor de Deus,
pensada também para que possa viver no seu interior este amor recíproco
profundo como o Senhor nos ensinou, para que depois possa leva-lo a
tantos, e para que a humanidade possa ser uma família.
Então a família é chamada a poder viver esta medida do amor.
Obviamente em todo o caminho familiar, desde crianças, depois jovens,
namorados, em preparação, casados e em tantos momentos da vida há
ocasiões para colocar em prática esse amor que deus nos ensinou. Esse é o
desafio, aprender a amar.
ZENIT: Ou seja, que existe um percurso até chegar a ser famílias?
- Luis: O casamento é uma instituição ou sacramento muito ameaçado
pela cultura secular do nosso tempo. Como resultado, muitas das pessoas
que se casam se esquecem do sentido profundo que tem este sacramento
dentro da Igreja católica e também dentro da sociedade. Primeiro deveria
ter uma preparação não só para o matrimónio, mas dentro da fé cristã,
que tenha continuidade, por exemplo, preparando-se adequadamente para o
crisma.
No nosso país, quando vão se casar perguntam ao casal se receberam o
crisma, e caso digam que não, são obrigados a fazê-lo para cumprir com
um requisito e não para aprofundar o cristianismo.
ZENIT: Então, pode-se dizer que o que falta é a continuidade?
- Luis: Pode ser que a Igreja tenha ficado nos últimos 20 anos muito tranquila. Não só no pré-matrimonial, mas em todo processo.
ZENIT: E na Colômbia, qual é o desafio que percebem?
- Neste momento a família está ameaçada por uma realidade social,
trabalhista e económica difícil. É fácil que a família se preocupe muito
por isso e não dedique o tempo devido para estar juntos, falar,
compartilhar, sair para tomar um sorvete. É o problema do individualismo
na relação com os esposos e com os filhos. Mas, se não se construiu a
relação de esposos, é fraca a relação de amor que se transmite aos
filhos. É necessário conseguir o tempo para ‘fazer família’.
ZENIT: O que você pode me dizer sobre a família e os refugiados?
- Luis: O problema dos refugiados é uma realidade social, porque
essas famílias chegam às periferias das cidades, sem trabalho, em
condições muito ruins, são famílias numerosas que não conseguem sair
adiante. Soma-se o problema das drogas, do álcool. Mas, se vamos às
outras regiões do país, é diferente, lá existe a realidade da família e a
fé que as pessoas tentam viver na sua comunidade. São duas realidades
diferentes.
ZENIT: A experiência mais específica dos Focolares...
- Luis: Como movimento estamos inseridos nos Focolares há vários anos
com as famílias, e de vários países vizinhos, no Peru, Equador,
Venezuela, Cuba, onde se leva esta espiritualidade para apoiar as
famílias. Buscamos a unidade nas famílias, partindo do amor recíproco,
do evangelho, das paróquias.
Especificamente, em nossa cidade nós acompanhamos grupos de famílias
em vários lugares da cidade, que se reúnem com certa periodicidade – por
exemplo, uma vez por mês – e trabalham temas específicos que têm a ver
com a comunicação, com a sexualidade, a forma de lidar com os filhos. E
existem outras oficinas mais específicas como a economia da família, a
relação entre os esposos. Também saímos para outras cidades do país.
ZENIT: Significa também sair para as periferias?
- Maria Angelica: Nós sentimos fortemente que a família tem que estar
fortalecida e nos fortalecemos porque nos ajudamos mutuamente. O
acompanhamento entre as famílias é muito importante, sabemos que às
vezes alguma está passando um momento de dificuldade, de discussão
também. E entre as famílias gostamos uns dos outros e escutamos e
passamos uma tarde juntos, celebramos um aniversário. Isso nos ajuda a
sair também para estas periferias, para bairros distantes, onde esperam
essa vida que é fruto da experiência que vivemos.
É importante a formação acompanhada, para tomar uma decisão ou cortar
com algo que não favorece a família, ou continuar adiante com os
sacramentos, com esta espiritualidade que nos fortalece.
ZENIT: Qual é o período mais difícil para um casal?
- Luis: Somos mediadores familiares, fizemos uma especialização na
Itália, e nos reunimos nos domingos pela tarde, com casais em
dificuldade. Sempre a família precisa de apoio, embora nos cinco, seis e
sete primeiros anos a família precisa mais.
in
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