Becos sem saída
Na semana passada assistimos, a nível do país e internacionalmente, a alguns acontecimentos inesperados e que nos devem fazer pensar, se todos terão alguma saída ou serão becos sem sentido e sem saída. Muitos jogam na lotaria, mas nem todos têm sorte. Apenas alguns. Outros sem jogarem, conseguem o mesmo objectivo, mas prejudicando outros, que se recusam enveredar pelos caminhos da corrupção. Admiro as pessoas que, escolhidas democraticamente para assumir responsabilidades públicas, não se deixam corromper, resistindo à tentação de enriquecer rapidamente. Nem todos são iguais, dizia um político esta semana. Ainda bem, digo eu. Mas será que o nosso povo vê a diferença e continua a acreditar na boa fé das pessoas que estão à frente dos destinos do país e do mundo?
Na semana passada assistimos, a nível do país e internacionalmente, a alguns acontecimentos inesperados e que nos devem fazer pensar, se todos terão alguma saída ou serão becos sem sentido e sem saída. Muitos jogam na lotaria, mas nem todos têm sorte. Apenas alguns. Outros sem jogarem, conseguem o mesmo objectivo, mas prejudicando outros, que se recusam enveredar pelos caminhos da corrupção. Admiro as pessoas que, escolhidas democraticamente para assumir responsabilidades públicas, não se deixam corromper, resistindo à tentação de enriquecer rapidamente. Nem todos são iguais, dizia um político esta semana. Ainda bem, digo eu. Mas será que o nosso povo vê a diferença e continua a acreditar na boa fé das pessoas que estão à frente dos destinos do país e do mundo?
Um caminho de esperança percorreu na semana passada o nosso Papa Francisco, indo à Turquia, país de maioria islâmica, mas onde os cristãos são tolerados e sobretudo indo a Constantinopola, hoje Istambul, outrora capital oriental do império romano, onde reside o Patriarca ecuménico da Igreja Ortodoxa, agora Bartolomeu I, a qual no século XI se separou do Papa de Roma. Com o Patriarca Bartolomeu I o Papa Francisco celebrou a festa do apóstolo Santo André, irmão de S. Pedro, o qual foi o primeiro a seguir Jesus, apontado por João Baptista como o Messias esperado.
Foram muitos os sinais e as palavras do Papa apelando à reconciliação de todos os cristãos, que acreditam em Jesus Cristo e de todos os que acreditam em Deus, como é o caso dos islamitas. Num dos seus discursos o Papa disse que ninguém pode invocar a Deus para justificar atos de violência e muito menos a Jesus Cristo, que não resistiu com meios ou atitudes agressivas à violência que os malfeitores usaram para com Ele e até pediu perdão para quem O crucificou. Infelizmente, muitos ainda não ouviram ou não seguem estas palavras e este testemunho. Diariamente muitos são mortos, violentados, expatriados, expropriados dos seus bens por causa da sua fé, como está a acontecer no autoproclamado estado islâmico e em muitas outras partes do mundo.
Apesar de tudo isto os cristãos não desistem de proclamar e testemunhar a sua fé. No domingo, dia 30 de Novembro e festa de Santo André, demos início ao ano da Igreja com o tempo do Advento, que significa vinda e chegada. Vinda d’Aquele que há-de vir para julgar os vivos e os mortos segundo a justiça de Deus e chegada d’Aquele que já veio na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que assumiu a nossa condição humana, com todas as suas fraquezas e debilidades, nascendo em Belém e dando a vida por nós na Cruz. Os cristãos são chamados a caminhar na esperança, sofrendo e penando como todos os outros, sobretudo os oprimidos e marginalizados, mas na confiança de que o seu caminho tem sentido e por isso não desistem de continuar a sua peregrinação até à Jerusalém celeste, como se expressa o último livro da Bíblia, o Apocalipse.
Chamados a ser samaritanos no caminho
No dia 8 de Dezembro, às 16,00 horas, em Beja, vão ser ordenados três diáconos, ou seja, três jovens vindos de longe e que há vários anos estão a fazer o seu discernimento vocacional na nossa diocese. Vão receber o primeiro grau do sacramento da ordem, o diaconado, instituído pelos Apóstolos em Jerusalém, para atender os mais frágeis da comunidade, os órfãos, as viúvas, os doentes. Por este sacramento eles são escolhidos e capacitados para esse serviço, mas também toda a Igreja e a diocese é chamada a ter presente este caminho seguido por Jesus e os Apóstolos. Não basta anunciar a todos a boa nova de Jesus, morto e ressuscitado, e celebrar em comunidade a nossa fé. É preciso estar atentos aos mais débeis, em primeiro lugar nas nossas comunidades, de modo que ninguém seja esquecido ou passe necessidade. Temos de ir até às periferias geográficas e existenciais, como se exprime o Papa Francisco, e pelos caminhos proceder como o bom samaritano, que socorre a pessoa ferida na berma do caminho, apesar de pertencer a uma tribo historicamente inimiga.
Vivemos numa sociedade democrática e com instituições e serviços para socorrer os cidadãos nas suas fragilidades. Mas isto não dispensa a nossa atenção às pessoas, cujas necessidades são de vária ordem, e nem sempre as instituições dão resposta. Respeitando a autonomia das respostas civis, sociais e culturais e também a liberdade das pessoas, temos de estar atentos a quem vive no nosso meio ou se cruza nos nossos caminhos, indo ao seu encontro, saudando-os e escutando-os, mesmo quando não entendemos a sua linguagem, para sermos outros bons samaritanos e ajudarmos as pessoas a caminhar, sempre na esperança de alcançar a meta, a realização plena das suas vidas.
Para os cristãos já começou a realização dessa esperança no Natal de Jesus, que celebraremos daqui a quatro semanas. Neste tempo do Advento e no Natal somos desafiados a caminhar, procurando fazer das nossas vidas um encontro com Deus, com os outros e com a natureza, num diálogo contínuo de amor, construindo assim uma história de amizade, até que Deus seja tudo em todos.
† António Vitalino, Bispo de Beja
Nota semanal em áudio:
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