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sábado, 4 de outubro de 2014

Acreditamos na salvação de Jesus ou deixamos-nos persuadir pelos 'gurus'?

Na homilia em Santa Marta, o Papa traça um perfil do "drama da resistência à salvação", aquele da classe dominante que viveu na época de Jesus e que nos ameaça ainda hoje


Roma, 03 de Outubro de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci


A mensagem de salvação que Jesus dirige, muitas vezes, é prejudicada pela nossa "resistência à salvação". Acontece todos os dias, em uma linha contínua marcada pela fraqueza humana, desde os eventos narrados no Evangelho. Como apresenta a liturgia de hoje, na qual Jesus expressa seu descontentamento diante da relutância de algumas cidades contra ele. Dirigindo-se a Corazim e Betsaida o Salvador diz: "Se em Tiro e em Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitencia". (Lc 10, 13).

Por esta razão, "no julgamento," Tiro e Sidônia "serão tratadas com menos severidade". A admoestação de Jesus, afirmou o Papa Francisco esta manhã, durante missa na Casa Santa Marta, resume "toda a história da salvação”. O mesmo tratamento utilizado com os profetas antes Dele - mortos "porque eram incómodos" - estava reservado para Jesus.

A admoestação ainda é actual, como actual é "o drama da resistência à salvação". O bispo de Roma recordou que, por vezes, "a classe dominante fecha as portas ao modo com o qual Deus quer nos salvar". Classe dominante que na época de Jesus usava de modo ostensivo os filactérios dos fariseus e dos saduceus. São aqueles que, do alto de sua hipócrita "colocam Jesus à prova", “pregam armadilhas para ver se cai". O Papa alerta: “Queremos fazer a salvação do nosso modo”, fechando o "modo de Deus".

Eles estavam impregnados por uma “febre intelectual e teológica", que reduz a fé a um mero racionalismo, isto é, apenas à realização dos 613 preceitos da Torá, onde se vê "tudo ajustado, bem arrumado, tudo claro". "Eles - acrescenta o Papa - não acreditam na misericórdia e no perdão, acreditam em sacrifícios". Daí a pergunta dirigida aos fiéis: "Como eu quero ser salvo? Do meu jeito? Com uma espiritualidade que é boa, que me faz bem, mas que é fixa, tem tudo claro e não há nenhum risco? Ou do modo divino, isto é, no caminho de Jesus, que sempre nos surpreende, que sempre abre as portas para o mistério da omnipotência de Deus, que é a misericórdia e perdão? ".

O Papa convidou a reflectir: "a pensar que este drama está no nosso coração". O drama que nos faz confundir "liberdade com autonomia", o drama de escolher a salvação com base no que construímos em torno de nossas necessidades mais superficiais. É necessário, portanto, especialmente no mundo de hoje em que se difunde uma religião faça você mesmo, nos questionarmos: "Eu creio que Jesus é o Mestre que nos ensina a salvação, ou vou a todos os lugares para alugar um guru que me ensine outra?". E mais uma vez: eu prefiro refugiar-me "sob o teto das prescrições" onde "compro a minha salvação, que Jesus dá de graça com a gratuitidade de Deus?". Por fim, a última pergunta proposta pelo Papa: "Eu resisto à salvação de Jesus?".

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