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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Encíclica Lumen Fidei: a fé em linguagem acessível

Card. Ouellet: muito de Bento e tudo de Francisco. Dom Fisichella: uma forte conotação pastoral.


Roma, 05 de Julho de 2013


Lumen Fidei, a primeira encíclica do papa Francisco, foi apresentada hoje numa lotada Sala de Imprensa do Vaticano.

Participaram da apresentação o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos; o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dom Gerhard Ludwig Müller; e o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, dom Rino Fisichella, além do diretor da Assessoria de Comunicação do Vaticano, pe. Federico Lombardi.

O papa explica “em linguagem acessível o que é a fé”, comentou o cardeal Ouellet, destacando que se trata de “uma encíclica que tem muito de Bento XVI e tudo do papa Francisco”.

Ouellet disse ainda “que faltava um pilar à trilogia de Bento XVI sobre as virtudes teologais. A providência quis que a coluna faltante fosse um presente do papa emérito ao seu sucessor e, ao mesmo tempo, um símbolo de unidade, pois, ao assumir e completar a obra iniciada pelo seu predecessor, o papa Francisco dá testemunho com ele da unidade da fé”. E opinou: “É uma encíclica que apresenta de verdade a fé cristã como luz proveniente da escuta da palavra de Deus na história”.

O cardeal, que também é presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, citou um trecho da encíclica: “A fé não é uma luz que dissolve todas as nossas trevas, mas a lâmpada que guia os nossos passos na noite, e o que nos basta para o caminho”.

A fé é uma abertura ao amor de Cristo, prosseguiu Ouellet, e estende o eu às dimensões de um nós, que, na Igreja, não é somente humano, mas propriamente divino, com uma participação na Trinidade de Deus. “A encíclica se vincula de maneira inteiramente natural ao nós, à família, que é o lugar por excelência da transmissão da fé”.

A Lumen Fidei considera que o fiel se encontra “envolvido na verdade por ele confessada” e, por este mesmo fato, é transformado “e introduzido em uma história de amor que dilata o seu ser, tornando-o membro de uma grande comunhão”.

“Acolhemos com grande alegria e gratidão esta confissão de fé integral, na forma de catequese a quatro mãos, dos sucessores de Pedro. Eles expõem juntos a fé da Igreja, na sua beleza, que é confessada no interior do corpo de Cristo como comunhão concreta dos fiéis”.

Dom Rino Fisichella enfatizou “o binômio luz e amor”, que “nos mostra o caminho que o papa Francisco propõe à Igreja para recuperar a sua missão no mundo de hoje”.

A Lumen Fidei, prosseguiu o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, “é uma encíclica com uma forte conotação pastoral, em que o papa Francisco, com a sua sensibilidade de pastor, consegue traduzir muitas questões de caráter perfeitamente teológico em temáticas que podem ajudar na reflexão e na catequese. Por isso é importante o convite conclusivo da encíclica: não deixemos que nos roubem a esperança”.

Fisichella recordou que “a Lumen Fidei é publicada no Ano da Fé, na data de 29 de junho. Ela mostra o estilo e as peculiaridades a que Francisco nos acostumou nestes primeiros meses do seu pontificado, em especial com as suas homilias cotidianas”, em que “voltam sempre à tona três verbos que o papa usou na sua primeira homilia: caminhar, construir, confessar”.

Fisichella lembrou o que foi reiterado pelo papa a respeito do Concílio Vaticano II: “um concílio sobre a fé”. Ele falou também do catecismo, que é “um instrumento válido através do qual a Igreja cumpre a sua obra de transmissão da fé”, bem como do “grande valor da profissão de fé do Credo”.

O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dom Müller, por sua vez, ressaltou que a encíclica Lumen Fidei nos convida a reconhecer que “a fé, graças à luz que vem de Deus, ilumina todo o caminho e toda a existência do homem. Ela não nos separa da realidade, mas nos permite entender todo o seu significado mais profundo, descobrir o quanto Deus nos ama”.

Dom Müller classificou como “afortunado” o fato de o texto ter sido “escrito pela mão de dois pontífices”, revelando, apesar das diferenças de estilo, “a substancial continuidade do magistério de Bento XVI na mensagem do papa Francisco”.



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