Foi em Abril de 1975 que
o regime comunista do Camboja tomou conta do poder neste pequeno país asiático
de tradição budista.
As
cidades foram evacuadas e quase toda a população foi enviada de forma
compulsiva e violenta para o campo, em condições de escravatura, obrigadas a
trabalhos forçados, dando início a uma utopia agrária e sangrenta.
O genocídio cambojano, é como
ficou conhecido o processo de assassinato em massa promovido pelo regime do Khmer
Vermelho, liderado por Pol Pot, entre 1975 e 1979. Estima-se que, em quatro anos,
foram executados cerca de 1,7 a 2 milhões de pessoas — cerca de 25% da
população da época — entre membros do governo anterior (de Lon Nol), servidores públicos, militares, professores,
vietnamitas,
líderes cristãos
e muçulmanos,
pessoas da classe média e com boa formação escolar.
O governo de Pol Pot promoveu o
encerramento de hospitais, mosteiros budistas, jornais e rádios, escolas,
indústrias e bibliotecas, dando início a um período extremamente repressivo em
que pessoas eram indiscriminadamente interrogadas, torturadas
e executadas em centros de detenção, tendo minorias étnicas
e grupos religiosos sido intensamente perseguidos.
Ordenou o encerramento das fronteiras do país e de todas as
embaixadas existentes. Além disso, qualquer indício de influência ocidental e
vietnamita foi intensamente reprimida. Professores e estudantes universitários passaram a ser vistos como inimigos e muitos
foram presos e torturados até a morte. O governo também perseguiu aqueles que
falavam idiomas estrangeiros ou mesmo quem usasse óculos (os óculos eram vistos
pelo governo como sinal de ocidentalização, intelectualidade e elitismo).
As minorias étnicas
também sofreram intensa perseguição sendo os mais afectados os vietnamitas, os chineses e os cham. Terão sido expulsos mais de 100 mil vietnamitas do
país e, entre 10 mil a 20 mil, foram executados por tropas do Khmer Vermelho.
Os chineses eram vistos como trabalhadores tipicamente
urbanos pela ditadura de Pol Pot e, em cerca de quatro anos, mais de 200 mil
chineses foram mortos pelas ações do governo comunista do Camboja. Crê-se que metades
dos chineses terão morrido de fome ou de complicações de malária por causa das
péssimas condições em que viviam.
Os cham,
por seu lado, foram proibidos pelo governo de manter sua própria cultura: não
podiam usar os seus trajes típicos, falar o seu dialeto e praticar a sua
religião, o islamismo. Além disso, o governo promoveu ainda ataques constantes
às aldeias habitadas por eles, esvaziando-as.
Cerca de 100 mil cham morreram. Ao todo calcula-se que cerca de 2,5 milhão de pessoas tenham morrido.
Em 1975, Phally Budock tinha 5 anos quando levaram o
seu pai, presidente dum banco e com estudos feitos nos Estados Unidos. A sua
mãe, os seus irmãos e ela foram para um campo de trabalho. Viu morrer alguns
dos seus irmãos, mais tarde esteve num campo de refugiados e daqui conseguiram
ir para os Estados Unidos.
A sua mãe teve uma educação católica, nunca perdeu a
fé, mas não conseguiu baptizar os filhos nem falar-lhes de Deus, não era um
tempo favorável.
Em 2004, casada e com 34 anos, pôde viajar até ao
Camboja e ficou desolada com a pobreza que ali se vivia. Recordou-se da mãe
quando rezava e implorou ajuda a Jesus Cristo, a partir de então foi lentamente
sentindo o processo da sua conversão e adesão ao cristianismo.
Estava a escrever um livro sobre os crimes e
horrores do genocídio no seu país e sentia ser assustador a pobreza espiritual
do seu povo, a ausência do sentido da dimensão do perdão, do sofrimento e da
dor. Porém, com a formação cristã que estava a receber, alterou-o e deu-lhe uma
perspectiva redentora de salvação, a qual já tinha concluído ser impossível sem
Jesus Cristo.
Começou a estudar a
Bíblia, a acompanhar a sua mãe à Missa, integrou-se na Paróquia e reconheceu o
excelente trabalho de apostolado que ali fazem os leigos junto de quem sofre e
necessita de apoio. Em Janeiro Phally Budock e a sua irmã Pheary Sem falaram com o Pároco, iniciaram um curso de preparação para o Baptismo e
na Vigília Pascal de 2019, receberão este Sacramento na Paróquia de
Saint Andrew, em Silver Spring, (Maryland, EEUU).
Ana Maria d´Oliveira
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