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domingo, 21 de abril de 2019

Uma ferida que precisará de cicatrizar na nossa alma


Foto Wikimedia Commons


“Incontestavelmente, a Igreja de Nossa Senhora de Paris é ainda hoje um majestoso e sublime edifício. Mas, por bela que se tenha conservado ao envelhecer, é difícil não suspirar, não se indignar a gente à vista das degradações, das inúmeras mutilações que simultaneamente o tempo e os homens têm feito sofrer ao venerável monumento, sem respeito por Carlos Magno, que lhe assentou a primeira pedra, e por Filipe Augusto que colocou a última.
Nas faces desta velha rainha das nossas catedrais, ao lado de uma ruga, vê-se sempre uma cicatriz. (…)
Se tivéssemos vagar para examinar um por um, com o leitor, os diversos vestígios de destruição que se notam na antiga igreja, a parte menor seria a do tempo, e a pior a dos homens (…)
E, primeiro, para não citar senão alguns exemplos capitais, há, de certeza, poucas e tão belas páginas arquitecturais como essa fachada onde, sucessivamente e ao mesmo tempo, os três portais cavados em ogiva, o cordão bordado e dentelado dos vinte e oito nichos reais, o imenso florão central flanqueado pelas duas janelas laterais (…)
E o que nós aqui dizemos da fachada deve dizer-se de toda a igreja; e o que nós dizemos da Igreja Catedral de Paris, deve dizer-se de todas as igrejas da cristandade na Idade Média. Tudo se mantém nesta arte oriunda de si própria, lógico e bem proporcionado. Medir o dedo do pé é medir o gigante.”
(Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris, livro terceiro)

Sobre o incêndio que destruiu Notre Dame de Paris:

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