António Marujo | 16 Abr 19 | Cultura e artes, Destaques, Igrejas Cristãs, Últimas
“Incontestavelmente, a Igreja de Nossa Senhora de Paris é
ainda hoje um majestoso e sublime edifício. Mas, por bela que se tenha
conservado ao envelhecer, é difícil não suspirar, não se indignar a
gente à vista das degradações, das inúmeras mutilações que
simultaneamente o tempo e os homens têm feito sofrer ao venerável
monumento, sem respeito por Carlos Magno, que lhe assentou a primeira
pedra, e por Filipe Augusto que colocou a última.
Nas faces desta velha rainha das nossas catedrais, ao lado de uma ruga, vê-se sempre uma cicatriz. (…)
Se tivéssemos vagar para examinar um por um, com o
leitor, os diversos vestígios de destruição que se notam na antiga
igreja, a parte menor seria a do tempo, e a pior a dos homens (…)
E, primeiro, para não citar senão alguns exemplos
capitais, há, de certeza, poucas e tão belas páginas arquitecturais como
essa fachada onde, sucessivamente e ao mesmo tempo, os três portais
cavados em ogiva, o cordão bordado e dentelado dos vinte e oito nichos
reais, o imenso florão central flanqueado pelas duas janelas laterais
(…)
E o que nós aqui dizemos da fachada deve dizer-se de toda
a igreja; e o que nós dizemos da Igreja Catedral de Paris, deve
dizer-se de todas as igrejas da cristandade na Idade Média. Tudo se
mantém nesta arte oriunda de si própria, lógico e bem proporcionado.
Medir o dedo do pé é medir o gigante.”
(Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris, livro terceiro)
Sobre o incêndio que destruiu Notre Dame de Paris:
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