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domingo, 21 de abril de 2019

Eles escreveram ao Papa e Francisco irá lavar-lhes os pés

O lava-pés, segundo o artista alemão Sieger Köder, numa ilustração reproduzida de http://www.jovenesdehonianos.org/lavatoriopieskoder.html
Nesta Quinta-Feira Santa, 18 de abril, o Papa Francisco irá lavar os pés a doze detidos do centro prisional de Velletri, cidade italiana localizada a cerca de 60 quilómetros de Roma. Como sucede desde o início do seu pontificado, em 2013, a escolha de Francisco para a celebração da Ceia do Senhor e do Lava-Pés deste ano tem um propósito. Esta celebração da liturgia católica evoca não só a despedida de Jesus antes de morrer como também repete o gesto que, segundo o relato bíblico, Jesus fez aos seus discípulos, levando-lhes os pés como sinal de disponibilidade e de serviço – a mesma atitude que o Papa quer demonstrar em relação a um dos grupos mais abandonados da sociedade.
Em 2016, os presos daquela cadeia escreveram ao Papa, através do bispo Marcelo Semeraro. Francisco respondeu-lhes, manifestando a vontade de ir fazer a celebração desta Quinta-Feira Santa à prisão, dizendo que sempre que pode tem gosto em “levar“ o carinho e proximidade aos que vivem “privados de liberdade”.
Nos seis anos de pontificado, o Papa celebrou sempre estes ritos de Quinta-Feira Santa numa prisão ou em centros de acolhimento. No ano passado, esteve na prisão de Regina Coeli, onde lembrou que “toda a pena deve ser aberta à esperança”. Depois de já ter incluído mulheres e muçulmanos entre o grupo de pessoas a quem lavou os pés, em 2018 também incluiu, entre os doze presos, ortodoxos, muçulmanos e um budista.
Em 2016, ano dos ataques bombistas no aeroporto e no metro de Bruxelas, o Papa esteve no centro de acolhimento de Castelnuovo di Porto, cerca de 30 quilómetros a norte do Vaticano, onde são acolhidos sobretudo jovens que fugiram das suas terras. Na ocasião aproveitou para criticar severamente os fabricantes de armas que estão por detrás de guerras e atentados e que apenas “querem sangue, não paz, querem guerra, não fraternidade”. Nesse ano, o Papa eliminou também de modo formal a cláusula litúrgica do rito da Igreja Católica que obrigava a que, no rito de Quinta-Feira Santa o lava-pés fosse apenas feito a homens.
Meditações da Via Sacra sobre o tráfico de pessoas
Em 2013, dias depois de ter sido eleito, o Papa foi ao Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo, nos subúrbios da capital italiana, e, pela primeira vez, incluiu no gesto duas mulheres, uma das quais muçulmana
Nessa ocasião, o Papa explicou às dezenas de jovens de inúmeras nacionalidades ali presentes o significado do gesto na liturgia católica, dizendo que quem está nos lugares de mais responsabilidade “tem obrigação de servir os outros”.
Nesta Quinta-Feira Santa, o Papa estará com os reclusos antes da celebração, cujo início está previsto para as 16h30 (15h30 em Lisboa).   
Na Sexta-Feira Santa, a tradicional Via Sacra do Coliseu, com a participação do Papa, terá textos preparados pela irmã Eugenia Bonetti, das Missionárias da Consolata e presidente da Asociação “Slaves no more”. De acordo com uma curta nota da Sala de Imprensa do Vaticano, divulgada no início de abril, o tema central das meditações será o sofrimento de muitas pessoas que são vítimas do tráfico de seres humanos


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