Em diversos meios de comunicação
social surge a notícia de inúmeros pacotes turísticos esgotados no período da
Páscoa. É algo que se vem repetindo ano após ano.
Muitos portugueses aproveitam
este tempo para fazer turismo. O que é mais surpreendente é que alguns cristãos
enveredem por esta opção de repouso. O leitor estará a questionar, “Mas é
pecado?”. Sou franca, quando ouço essa pergunta fico desconcertada porque quem
a coloca ainda não entendeu que a vida cristã é muito mais sublime que o mero
cumprimento de determinadas regras ou normas – é uma vida de Amor – contudo,
respondendo a essa hipotética questão, se o cristão cumprir os preceitos
pascais não peca.
No entanto, é bom que meditemos
bem no grande acontecimento que é a Páscoa. Se soubéssemos com toda a certeza,
ou mesmo com uma probabilidade grande, que um filho ou um parente nosso muito
querido, como um pai ou uma mãe, iria padecer horrores nos próximos dias, não
passaria pela nossa mente ir viajar ou ir para a praia! Certamente faríamos
toda a companhia possível! Porquê? Porque amamos essa pessoa e nem colocamos a
questão do pecado, o amor impera. Se agimos desta forma com alguém que amamos
muito, mas que não passa de uma simples criatura, como podemos atuar de um modo
diferente com Cristo que é Deus e que nos ama infinitamente?
Por outro lado, de um modo um pouco egoísta,
mas que Nosso Senhor entende pois conhece, melhor que nós, a nossa fragilidade,
quanto mais meditarmos nos acontecimentos da Semana Santa melhor entenderemos e
viveremos a nossa cruz diária, não nos queixando pois temos constantemente na
nossa imaginação a visão de Cristo Crucificado, os cravos cravados nas mãos e
nos pés, uma coroa de espinhos que fez de Deus a chacota de muitos, uma lança
aparentemente desnecessária cravada no peito, os soldados já sabiam que Jesus
estava morto, não O fez sofrer, mas foi a “Espada de dor trespassada “ na alma de Maria, a solidão de
Quem tudo deu e agora Se sente só, até, aparentemente, do próprio Deus – Pai
(grande mistério!).Tudo isto por um Amor inexplicável ao ser humano, e assim,
também queremos ser corredentores com Ele, parecendo que os nossos sofrimentos
nada são comparado com o que se passou no Calvário. Mas, se estamos a viajar,
dispersos com outras coisas, ou na praia, ou mesmo a fazer compras que poderiam
ser feitas com antecedência, não temos espaço no nosso coração para estas
reflexões e saborearmos o quanto somos amados.
Ainda faltam alguns dias,
estudemos como vamos organizar estes dias tão intensos para alimentar, o mais possível, o nosso coração segundo as nossas capacidades.
Maria
Guimarães
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