Acabou o Verão. Tive a casa cheia. Ora filhos e as suas famílias, ora só netos, ora familiares. Tudo bem! Alguma confusão...! Uma alegria. Uma bênção do Céu. Acontece que tanto como mãe ou como avó há muito trabalho a fazer. Não é fácil.
Para que essa tarefa educativa seja eficaz há que criar e manter um ambiente adequado, para que se possa transmitir ou aceitar qualquer mensagem. Necessitamos em primeiro lugar um mínimo de bem-estar a todos os níveis. Necessitamos de um plano de vida, onde vamos colocar, tempo de repouso, tempo de atividades, tempo espiritual, incluindo a Eucaristia Dominical, as orações diárias habituais, tempo de partilha, tempo de dizer "não" ao consumo desnecessário etc.
Não é acertado neste tempo de férias uma imposição de autoridade, acho que o ideal é sermos amigos e generosos com filhos, noras, e netos, onde eles sintam que podem confiar as suas inquietações e os seus problemas. Eles, aliás, esperam uma ajuda eficaz e amável. Este aspeto é importante, porque só onde se respira um ar fresco de liberdade, das virtudes humanas e cristãs, da essência da educação familiar é que se encontra um terreno apropriado para semear.
A liberdade deve ser sempre acompanhada de responsabilidade. Há que moldar as almas e que nelas se veja a imagem de Deus. Somos o único Evangelho vivo que todos leem. Isto exige um esforço pessoal.
Não basta pôr um modelo de comportamento só com palavras. São imprescindíveis as obras, o bom exemplo, dentro das limitações próprias de cada um de nós. Nesses dias de casa cheia tudo é julgado, umas vezes para o bem outras vezes para o mal. Em muitas situações há que despachar o nosso próprio “eu”, sorrir e principalmente dar graças a Deus, de tanto trabalho, santificá-lo e santificar os outros. Temos de ser demasiado bondosas mas com rigor, temos de ser sobrenaturais e humanas na nossa conduta.
Trabalhar com muito carinho, amor, mansidão, criatividade para colocar os nossos talentos a funcionar, calar em determinadas ocasiões, escutar, aceitar críticas com sorriso sincero e pedir a Deus ajuda e paciência para momentos menos agradáveis.
Há que explicar as coisas com calma e pedagogia cristã para que percebam desde pequenos, e a pouco e pouco, vejam o sentido verdadeiro da vida. Ter cuidado para não cairmos no extremo oposto, pois teria efeitos nefastos.
Este espaço de férias é também ocasião para se discutir qualquer assunto. Nestes momentos temos a oportunidade de eleger o que é bom e o que é mau e com a graça de Deus ensinar-lhes a administrar o bem. Há também que atender ao tempo livre diário, ao descanso ao fim de semana, e ao ambiente que envolve cada caso.
Um ponto importante é também o uso da televisão, computador e redes sociais, que constituem uns dos meios habituais de descanso. Há que ter sentido de responsabilidade na maneira como são utilizados. Verificar até que ponto está a condicionar a vida de algum neto ou de outro membro familiar. Se há que corrigir alguma coisa temos o dever de o fazer com muita generosidade e humildade, lembrar que nas redes sociais, falamos sempre para um público e sempre que comentamos ou colocamos um “ like “ estamos a falar para muita gente. Têm de saber se aquilo que se coloca numa rede social é coerente com a nossa vida social e cristã. Se ao comunicar vai fazer pensar, sorrir, se tem humor, se tem importância, se é prudente.
Muitas são as possibilidades que se abrem, mas exigem uma permanente atenção para não deixar passar boas oportunidades, por exemplo a leitura de livros adequados, acontecimentos, culturais, diversões saudáveis, fazer pratos de culinária especiais, colocar pormenores originais na nossa casa, distribuir pequenos serviços fora e dentro de casa que ajudam a não ser egoístas, individualistas etc. Tudo isto põe em jogo uma aprendizagem fundamental para a vida. Com a casa cheia, no meu exame diário, perguntava a mim mesma: - Que avó sou eu?
Acho que temos de ser um pouco crianças e para tentar alcançar essa meta. Faz- me pensar em Jesus na sua vida pública, quando quis indicar um único caminho que conduz com segurança ao Reino sem fim, diz estas palavras: “ Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”. É um preço tão inacessível aos soberbos, quando está ao alcance dos humildes e de todos os que se tornam, com esforço, homens de boa vontade.
Luísa Loureiro
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