No templo de Turim, o Santo Padre
recordou que a unidade é fruto do Espírito Santo e não significa
uniformidade e agradeceu as boas relações entre católicos e valdenses
Roma,
22 de Junho de 2015
(ZENIT.org)
Rocio Lancho García
O Santo Padre Francisco, em nome da Igreja Católica pediu desculpas
à Igreja Valdense, "pelas atitudes e comportamentos não cristãos, até
mesmo não humanos que, na história, tivemos contra vocês. Em nome do
Senhor Jesus Cristo, perdoem-nos!”
O pedido aconteceu no templo valdense em Turim, onde Francisco chegou
no início da manhã para estar um tempo com os fiéis ali reunidos. Esta é
a primeira vez que um Papa visita um templo valdense.
O pastor titular da Igreja Evangélica Valdense de Turim, Paolo Ribet,
deu as boas-vindas ao seu "irmão" Francisco. Ele lembrou que o
Evangelho não é uma doutrina, mas uma pessoa. O moderador da igreja
valdense na Argentina, Oscar Oudri, também se pronunciou, convidando o
Papa para um encontro quando ele estiver na Argentina.
Por sua parte, o Papa disse que "um dos principais frutos que o
movimento ecuménico já colheu ao longo dos anos foi a descoberta da
fraternidade que une todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo e são
batizados no mesmo nome".
Francisco recordou que a unidade é fruto do Espírito Santo e não
significa uniformidade. Por isso, ele lamenta que "aconteceu, como
continua acontecendo, que irmãos não aceitam a diversidade e acabam
fazendo guerra uns contra os outros". E disse que ao refletir sobre "a
história das nossas relações", podemos lamentar os conflitos e a
violência cometida em nome da fé e pediu "ao Senhor que nos dê a graça
de nos reconhecer pecadores e de saber perdoar uns aos outros".
O Pontífice agradeceu a Deus porque as relações entre católicos e
valdenses "são sempre mais fundadas no respeito mútuo e na caridade
fraterna".
Entre as possibilidades de colaboração entre católicos e valdenses, o
Papa citou a evangelização. Outra área, disse o Papa, é o serviço à
humanidade que sofre, os pobres, os doentes, os imigrantes. "A escolha
dos pobres, dos últimos, daqueles que a sociedade exclui, nos aproxima
do coração de Deus, que se fez pobre para nos enriquecer com a sua
pobreza e, consequentemente, nos aproxima mais uns dos outros".
Por fim, o Santo Padre agradeceu aos presentes pelo encontro, que
gostaria que confirmasse um novo modo de ser uns com os outros. “Olhando
antes de tudo para a grandeza da nossa fé comum e da nossa vida em
Cristo e no Espírito Santo, e só então, para as divergências que ainda
suscitam”, afirmou.
O movimento valdense nasceu há mais de oito séculos com a experiência
da conversão espiritual de um leigo, Valdo, comerciante, fundador de um
movimento chamado "os pobres de Lyon". Em 1532, os valdenses que
sobreviveram a perseguição se uniram à Reforma Protestante na sua forma
calvinista. Perseguidos e isolados os três séculos seguintes, os
valdenses obtiveram os direitos civis em 1848 e se espalharam por todo o
país.
Após o encontro na igreja valdense, o Papa foi para o arcebispo
encontrar-se com alguns de seus parentes. Com eles, de forma
estritamente privada, ele vai celebrar a Missa e almoçar.
(22 de Junho de 2015) © Innovative Media Inc.
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