As conclusões do XII Simpósio Internacional de Professores
Roma,
29 de Junho de 2015
(ZENIT.org)
Mons. Lorenzo Leuzzi
Com um tema que recordou o evento jubilar do ano 2000, "A
universidade por um novo humanismo", o XII Simpósio Internacional de
Professores se colocou a serviço do congresso eclesial italiano a ser
realizada em Florença, no mês de novembro, com o tema "Em Jesus Cristo, o
novo humanismo".
O primeiro convite da Igreja a notarmos o surgimento de um novo humanismo está no documento conciliar Gaudium et Spes, no parágrafo 55: "... Testemunhamos o nascimento de um novo humanismo, no qual o homem se define acima de tudo pela sua responsabilidade para com seus irmãos e para com a história".
Com palavras eficazes, o papa Francisco parafraseou a reflexão concilitar reiterando que estamos "numa mudança de época e não numa época de mudança" (22 de setembro de 2013).
Suas palavras destacam que o adjetivo "novo" é o centro da reflexão: por que este humanismo é "novo"?
Não se trata de uma novidade sociológica, mas histórica: estamos numa mudança de época; existe realmente algo que marca uma profunda diferença entre esta época e as anteriores.
Que novidade é esta? É o fato de que o homem pode realmente ser mais (PP 19, CV 29), pode fazer-se na história (faciendum), pode experimentar a superação dos seus limites "naturais" e enfrentar o risco de "imanentizar-se na história", como lembra o papa Francisco na Evangelii Gaudium (94).
Todas as expectativas e aspirações do ser humano nesta sociedade são manifestações do desejo do homem de ser mais, um desejo que já estava no plano original de Deus: o homem é sujeito histórico (cf. Gn 2-3).
O discernimento desta mudança de época é muito desafiador. Primeiro, porque por trás do humano existe a realidade histórica. Segundo, porque, sem conhecer a mudança de época, não se entendem as expectativas do homem contemporâneo. Terceiro, porque há um grande risco de que a fé cristã perca a sua especificidade, repropondo uma antropologia abstrata e antirrealista, tanto no âmbito filosófico quanto no teológico. Em Aparecida (28 de julho de 2013), o papa Francisco destacou as tentações antirrealistas da filosofia e da teologia com sérias repercussões na vida cristã e na ação evangelizadora da Igreja.
O "novo"
É novo porque a sociedade é nova: ela vive a transição do estático para o dinâmico; é novo porque a existência humana não é mais animada pela ética; é novo porque a identidade, a estabilidade e a eternidade do homem não são mais garantidas, mas devem ser promovidas.
A contribuição da fé cristã
A vida em Cristo é ser mais; a vida em Cristo é garantia da identidade, estabilidade e eternidade do homem; a vida em Cristo é participação na construção da realidade histórica eclesial.
É oportuno reler o parágrafo 22 da Gaudium et Spes não só em sentido personalista, mas também histórico, da presença na história do Verbo-Logos, primeiro na pessoa de Jesus de Nazaré e depois na realidade histórica que é a nova criação, isto é, a Igreja.
Por que não emerge esta novidade da vida cristã? Porque a sociedade estático-sacral tem obscurecido a novidade do cristianismo. O cristianismo serviu durante séculos à sociedade correndo o perigo de perder a sua identidade.
A nova criação
A novidade cristã está na nova criação, sem a qual o cristianismo hoje se tornaria um fenómeno religioso em fase de extinção. Daí a distinção entre geração, manifestação da maternidade da Igreja e agregação (manifestação de um fenómeno religioso).
Descobrir a nova criação é condição prévia não só para promover o "novo humanismo", que na Igreja não é (ou não deveria ser) novo, mas que é "novo" em sentido temporal na sociedade pela mudança de época. Em outras palavras, é a sociedade que segue a Igreja e não o contrário, porque a Igreja sempre foi histórico-dinâmica. A sociedade vive a mudança de época e pergunta se o cristianismo pode ajudá-la a compreender a si mesma. A novidade está na sociedade. Na Igreja, a novidade é permanente.
O batizado, "homem novo"
A pessoa batizada tem uma existência real nova, que a torna capaz de construir a Igreja promovendo a sua identidade, estabilidade e eternidade.
A vida nova é uma vida de participação para construir a realidade histórica que é a Igreja. Ao construir a Igreja, o batizado constrói a si mesmo e realiza a sua plenitude histórica.
O cristianismo conhece a sociedade contemporânea porque a nova criação é vida histórico-dinâmica, como aquela que, a partir da revolução industrial, vai emergindo na sociedade.
Não é questão de cumprir novas "profecias", mas de oferecer o que o próprio cristianismo já tem, que não é um património religioso ou cultural, mas a presença do Verbo-Logos na história, tanto como Salvador quanto como forma da sociedade.
O cristianismo deve oferecer esta forma social que pode garantir ao homem a sua identidade, estabilidade e eternidade. É o primeiro e decisivo ato de caridade para com a humanidade.
Após os acontecimentos de 1989, 2001 e 2008, o novo humanismo é decisivo: os três pilares do humanismo são animados por práticas sociais que não são capazes de garanti-los. É o que a Evangelii Gaudium chama de "imanentismo antropocêntrico" (EG 94). É um humanismo que se apresenta como novo porque pode permear a sociedade que se tornou dinâmica, mas que é destrutivo para a convivência humana. É o imanentismo antropocêntrico que promove a orfandade na sociedade e na Igreja.
Novo humanismo e cultura: da cultura-civilização à cultura-conhecimento
Para elaborar um humanismo que satisfaça as expectativas do "novo", é preciso entender a transição de uma cultura alicerçada na civilização para uma cultura alicerçada no conhecimento. Isto não significa que a cultura-civilização não contivesse conhecimento. A diferença é que a cultura-conhecimento não está a serviço da conservação, mas do projeto. Sem a cultura-conhecimento, não é possível projetar e construir a sociedade.
É tempo de síntese, não de análise.
O papel da Universidade
Por vocação, a Universidade é lugar de síntese, onde as várias disciplinas convergem na busca da realidade. A referência ao novo humanismo é uma grande oportunidade não só para redescobrir a originalidade da universidade, mas também para finalizar a convergência das disciplinas académicas a fim de desenvolver um projeto capaz de promover o homem todo e todos os homens. Este foi o grande desafio do XII Simpósio Internacional de Professores.
Rumo ao Jubileu da Misericórdia
O conhecimento não é marginal à misericórdia. Pelo contrário, é a chave interpretativa da novidade do Evangelho da misericórdia. A misericórdia supera o assistencialismo. O caminho que aguarda os professores universitários é o compromisso da transição da misericórdia-assistencialismo para a misericórdia-projeto.
O primeiro convite da Igreja a notarmos o surgimento de um novo humanismo está no documento conciliar Gaudium et Spes, no parágrafo 55: "... Testemunhamos o nascimento de um novo humanismo, no qual o homem se define acima de tudo pela sua responsabilidade para com seus irmãos e para com a história".
Com palavras eficazes, o papa Francisco parafraseou a reflexão concilitar reiterando que estamos "numa mudança de época e não numa época de mudança" (22 de setembro de 2013).
Suas palavras destacam que o adjetivo "novo" é o centro da reflexão: por que este humanismo é "novo"?
Não se trata de uma novidade sociológica, mas histórica: estamos numa mudança de época; existe realmente algo que marca uma profunda diferença entre esta época e as anteriores.
Que novidade é esta? É o fato de que o homem pode realmente ser mais (PP 19, CV 29), pode fazer-se na história (faciendum), pode experimentar a superação dos seus limites "naturais" e enfrentar o risco de "imanentizar-se na história", como lembra o papa Francisco na Evangelii Gaudium (94).
Todas as expectativas e aspirações do ser humano nesta sociedade são manifestações do desejo do homem de ser mais, um desejo que já estava no plano original de Deus: o homem é sujeito histórico (cf. Gn 2-3).
O discernimento desta mudança de época é muito desafiador. Primeiro, porque por trás do humano existe a realidade histórica. Segundo, porque, sem conhecer a mudança de época, não se entendem as expectativas do homem contemporâneo. Terceiro, porque há um grande risco de que a fé cristã perca a sua especificidade, repropondo uma antropologia abstrata e antirrealista, tanto no âmbito filosófico quanto no teológico. Em Aparecida (28 de julho de 2013), o papa Francisco destacou as tentações antirrealistas da filosofia e da teologia com sérias repercussões na vida cristã e na ação evangelizadora da Igreja.
O "novo"
É novo porque a sociedade é nova: ela vive a transição do estático para o dinâmico; é novo porque a existência humana não é mais animada pela ética; é novo porque a identidade, a estabilidade e a eternidade do homem não são mais garantidas, mas devem ser promovidas.
A contribuição da fé cristã
A vida em Cristo é ser mais; a vida em Cristo é garantia da identidade, estabilidade e eternidade do homem; a vida em Cristo é participação na construção da realidade histórica eclesial.
É oportuno reler o parágrafo 22 da Gaudium et Spes não só em sentido personalista, mas também histórico, da presença na história do Verbo-Logos, primeiro na pessoa de Jesus de Nazaré e depois na realidade histórica que é a nova criação, isto é, a Igreja.
Por que não emerge esta novidade da vida cristã? Porque a sociedade estático-sacral tem obscurecido a novidade do cristianismo. O cristianismo serviu durante séculos à sociedade correndo o perigo de perder a sua identidade.
A nova criação
A novidade cristã está na nova criação, sem a qual o cristianismo hoje se tornaria um fenómeno religioso em fase de extinção. Daí a distinção entre geração, manifestação da maternidade da Igreja e agregação (manifestação de um fenómeno religioso).
Descobrir a nova criação é condição prévia não só para promover o "novo humanismo", que na Igreja não é (ou não deveria ser) novo, mas que é "novo" em sentido temporal na sociedade pela mudança de época. Em outras palavras, é a sociedade que segue a Igreja e não o contrário, porque a Igreja sempre foi histórico-dinâmica. A sociedade vive a mudança de época e pergunta se o cristianismo pode ajudá-la a compreender a si mesma. A novidade está na sociedade. Na Igreja, a novidade é permanente.
O batizado, "homem novo"
A pessoa batizada tem uma existência real nova, que a torna capaz de construir a Igreja promovendo a sua identidade, estabilidade e eternidade.
A vida nova é uma vida de participação para construir a realidade histórica que é a Igreja. Ao construir a Igreja, o batizado constrói a si mesmo e realiza a sua plenitude histórica.
O cristianismo conhece a sociedade contemporânea porque a nova criação é vida histórico-dinâmica, como aquela que, a partir da revolução industrial, vai emergindo na sociedade.
Não é questão de cumprir novas "profecias", mas de oferecer o que o próprio cristianismo já tem, que não é um património religioso ou cultural, mas a presença do Verbo-Logos na história, tanto como Salvador quanto como forma da sociedade.
O cristianismo deve oferecer esta forma social que pode garantir ao homem a sua identidade, estabilidade e eternidade. É o primeiro e decisivo ato de caridade para com a humanidade.
Após os acontecimentos de 1989, 2001 e 2008, o novo humanismo é decisivo: os três pilares do humanismo são animados por práticas sociais que não são capazes de garanti-los. É o que a Evangelii Gaudium chama de "imanentismo antropocêntrico" (EG 94). É um humanismo que se apresenta como novo porque pode permear a sociedade que se tornou dinâmica, mas que é destrutivo para a convivência humana. É o imanentismo antropocêntrico que promove a orfandade na sociedade e na Igreja.
Novo humanismo e cultura: da cultura-civilização à cultura-conhecimento
Para elaborar um humanismo que satisfaça as expectativas do "novo", é preciso entender a transição de uma cultura alicerçada na civilização para uma cultura alicerçada no conhecimento. Isto não significa que a cultura-civilização não contivesse conhecimento. A diferença é que a cultura-conhecimento não está a serviço da conservação, mas do projeto. Sem a cultura-conhecimento, não é possível projetar e construir a sociedade.
É tempo de síntese, não de análise.
O papel da Universidade
Por vocação, a Universidade é lugar de síntese, onde as várias disciplinas convergem na busca da realidade. A referência ao novo humanismo é uma grande oportunidade não só para redescobrir a originalidade da universidade, mas também para finalizar a convergência das disciplinas académicas a fim de desenvolver um projeto capaz de promover o homem todo e todos os homens. Este foi o grande desafio do XII Simpósio Internacional de Professores.
Rumo ao Jubileu da Misericórdia
O conhecimento não é marginal à misericórdia. Pelo contrário, é a chave interpretativa da novidade do Evangelho da misericórdia. A misericórdia supera o assistencialismo. O caminho que aguarda os professores universitários é o compromisso da transição da misericórdia-assistencialismo para a misericórdia-projeto.
(29 de Junho de 2015) © Innovative Media Inc.
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