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sábado, 18 de abril de 2015

Cáritas: as 400 pessoas afogadas no Mediterrâneo não eram descartáveis

Organização é enfática: a tragédia poderia ter sido evitada


Madrid, 16 de Abril de 2015 (Zenit.org)


Após a trágica morte de 400 pessoas em águas do Mediterrâneo, durante uma tentativa de fuga rumo à Europa, a Cáritas espanhola expressou com ênfase "que não queremos nem podemos nos acostumar com estes fatos". A organização eclesial também afirmou que "os dispositivos de busca e resgate são insuficientes".

"Não aceitamos que estes dramáticos acontecimentos sejam meras notícias que dão lugar às próximas. Nem que se limitem à publicação recorrente de imagens anónimas, de estatísticas ou de dados".

"Cada uma dessas 400 pessoas afogadas, entre as quais há menores de idade, muitos viajando sozinhos, tinha nome, família. Eram donos da sua própria história e dos seus sonhos. Eram seres humanos como nós, únicos e irrepetíveis. Como crentes, não podemos esquecer que eles eram irmãos e irmãs nossos".

"Nenhum dos falecidos tinha tomado livremente a decisão de embarcar para a Europa. Sabemos que a maioria fugia da guerra, das matanças, da irracionalidade dos conflitos que, quase como uma macabra salmodia, são veiculados diariamente pelos meios de comunicação".

"Não é por se repetir que perde valor diante desta tragédia a exortação do papa Francisco por ocasião da tragédia de Lampedusa: ‘Que não falte a ninguém o socorro necessário’. Mais uma vez, porém, temos de afirmar de maneira categórica que estas 400 mortes poderiam ter sido evitadas", lamenta a Cáritas espanhola.

"Todos sabemos, e os responsáveis da União Europeia também, que os dispositivos de busca e resgate estabelecidos, além de insuficientes, são a consequência de reajustes orçamentais. Quem terá a coragem de avaliar esta decisão? Qual está sendo o preço?".

"Ao mesmo tempo em que convidamos toda a comunidade eclesial e a sociedade em geral a se unir em oração por tantas vidas perdidas, expressamos a nossa dor, a nossa solidariedade e condolência às famílias. E fazemos um apelo para manter viva a sensibilidade, não deixar de padecer com todos esses homens, mulheres e crianças que assumem riscos porque querem simplesmente viver com dignidade e em liberdade".

Por fim, a entidade católica recordou que, "se existe algo verdadeiramente alheio ao Evangelho, é a ‘cultura do descarte’, que impregna hoje a nossa sociedade. Estas 400 pessoas mortas no mar não eram descartáveis, mas seres humanos imprescindíveis para construir a sociedade justa e fraterna em que acreditamos".

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