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sábado, 18 de abril de 2015

O Parlamento Europeu insta a Turquia a reconhecer o genocídio arménio

A resolução contou com o apoio de todos os partidos, cita a declaração do papa Francisco e elogia o seu espírito de reconciliação


Roma, 16 de Abril de 2015 (Zenit.org) Sergio Mora


O Parlamento Europeu instou a Turquia, nesta quarta-feira, a reconhecer que o massacre de arménios durante a Primeira Guerra Mundial, executado pelo exército otomano, foi um genocídio.

Todos os grupos políticos da Eurocâmara apoiaram a resolução e pediram a Ankara que, por ocasião do centenário do genocídio arménio, assuma o seu passado e abra o caminho para uma reconciliação entre os povos turco e arménio. Também pediram à Turquia e à Arménia que reabram a fronteira e ratifiquem os protocolos já assinados sobre o estabelecimento de relações diplomáticas.

A resolução da Eurocâmara cita a declaração do papa Francisco e elogia a mensagem dele, em espírito de reconciliação.

O líder dos “populares” europeus, o eurodeputado alemão Elmar Brok, destacou no debate que, assim como a Alemanha aceita chamar de genocídio os crimes do nazismo, também a Turquia deveria reconhecer como tal os crimes do exército otomano contra os arménios.

Da mesma opinião é o eurodeputado socialista alemão Knut Fleckenstein, que afirmou que, quando Ankara reconhecer a realidade, atingirá um novo nível nas suas relações internacionais, em particular com a União Europeia.

O eurodeputado cipriota Takis Hadjigeorgiou, da Esquerda Unitária Europeia, criticou as declarações do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, que apontou o papa Francisco como "parte do eixo do mal" contra a Turquia por ter qualificado o massacre de arménios como genocídio. Hadjigeorgiou considera inaceitável que, nas escolas turcas, seja ensinado que não houve genocídio.

Uniram-se ao pedido os conservadores da linha “tory” e os liberais, cujo eurodeputado francês Jean-Marie Cavada enfatizou não ser suficiente o pedido de desculpa às vítimas realizado no passado pelo então primeiro-ministro turco e hoje presidente do país, Recep Tayyip Erdogan.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Kristalina Georgieva, admitiu, no entanto, a divergência de opiniões sobre a tragédia, sem que para isto se deva negar "a atrocidade horrorosa", sejam quais forem “as palavras que usamos para descrevê-la".

Ankara rejeitou de antemão o voto do Parlamento Europeu. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou: "Seja qual for o resultado do voto do Parlamento da União Europeia, ele me entrará por uma orelha e sairá imediatamente pela outra, porque a Turquia não pode reconhecer um pecado ou um crime deste tipo”.

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