A resolução contou com o apoio de todos os partidos, cita a declaração do papa Francisco e elogia o seu espírito de reconciliação
Roma, 16 de Abril de 2015 (Zenit.org) Sergio Mora
O Parlamento Europeu instou a Turquia, nesta quarta-feira, a
reconhecer que o massacre de arménios durante a Primeira Guerra
Mundial, executado pelo exército otomano, foi um genocídio.
Todos os grupos políticos da Eurocâmara apoiaram a resolução e
pediram a Ankara que, por ocasião do centenário do genocídio arménio,
assuma o seu passado e abra o caminho para uma reconciliação entre os
povos turco e arménio. Também pediram à Turquia e à Arménia que reabram a
fronteira e ratifiquem os protocolos já assinados sobre o
estabelecimento de relações diplomáticas.
A resolução da Eurocâmara cita a declaração do papa Francisco e elogia a mensagem dele, em espírito de reconciliação.
O líder dos “populares” europeus, o eurodeputado alemão Elmar Brok,
destacou no debate que, assim como a Alemanha aceita chamar de genocídio
os crimes do nazismo, também a Turquia deveria reconhecer como tal os
crimes do exército otomano contra os arménios.
Da mesma opinião é o eurodeputado socialista alemão Knut
Fleckenstein, que afirmou que, quando Ankara reconhecer a realidade,
atingirá um novo nível nas suas relações internacionais, em particular
com a União Europeia.
O eurodeputado cipriota Takis Hadjigeorgiou, da Esquerda Unitária
Europeia, criticou as declarações do primeiro-ministro turco, Ahmet
Davutoglu, que apontou o papa Francisco como "parte do eixo do mal"
contra a Turquia por ter qualificado o massacre de arménios como
genocídio. Hadjigeorgiou considera inaceitável que, nas escolas turcas,
seja ensinado que não houve genocídio.
Uniram-se ao pedido os conservadores da linha “tory” e os liberais,
cujo eurodeputado francês Jean-Marie Cavada enfatizou não ser suficiente
o pedido de desculpa às vítimas realizado no passado pelo então
primeiro-ministro turco e hoje presidente do país, Recep Tayyip Erdogan.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Kristalina Georgieva,
admitiu, no entanto, a divergência de opiniões sobre a tragédia, sem que
para isto se deva negar "a atrocidade horrorosa", sejam quais forem “as
palavras que usamos para descrevê-la".
Ankara rejeitou de antemão o voto do Parlamento Europeu. O presidente
da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou: "Seja qual for o resultado
do voto do Parlamento da União Europeia, ele me entrará por uma orelha e
sairá imediatamente pela outra, porque a Turquia não pode reconhecer um
pecado ou um crime deste tipo”.
(16 de Abril de 2015) © Innovative Media Inc.
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