1. Papel da família na sociedade e na Igreja
Diariamente somos confrontados com pessoas e grupos desajustados do meio em que vivem, que levantam problemas ambientais e de convivência social. Alguns vão parar aos estabelecimentos prisionais, a rebentar pelas costuras, excedendo largamente a sua capacidade física, para não falar das casas de reinserção, onde são acolhidos os delinquentes menores de idade. Embora as causas sejam múltiplas e diversas, no entanto poderemos facilmente encontrar alguns factores comuns em todos eles. Nesta breve nota vou apenas falar do papel da família, sempre a considerar nas problemáticas sociais e a ter em conta nos sistemas educativos e na acção da Igreja.
Diariamente somos confrontados com pessoas e grupos desajustados do meio em que vivem, que levantam problemas ambientais e de convivência social. Alguns vão parar aos estabelecimentos prisionais, a rebentar pelas costuras, excedendo largamente a sua capacidade física, para não falar das casas de reinserção, onde são acolhidos os delinquentes menores de idade. Embora as causas sejam múltiplas e diversas, no entanto poderemos facilmente encontrar alguns factores comuns em todos eles. Nesta breve nota vou apenas falar do papel da família, sempre a considerar nas problemáticas sociais e a ter em conta nos sistemas educativos e na acção da Igreja.
No dia 5 de Outubro, em Portugal memória da implantação da República, começou em Roma um Sínodo Extraordinário sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, que foi precedido de um longo inquérito sobre a real situação da família em todas as dioceses do mundo, respondido por clérigos e leigos. O Papa Francisco, na homilia da Missa de abertura, disse aos participantes que não se tratava de fazer belos e inteligentes discursos sobre as suas ideias de família, mas de cuidar como pastores do bem da família, de acordo com o sonho e o desígnio de amor de Deus por ela.
Com os sinodais também nós reflectimos sobre a família e, partindo das realidades que conhecemos e do sonho de Deus sobre a felicidade dos membros da família, queremos apontar algumas metas possíveis em ordem ao maior bem de todos.
Em primeiro lugar, gostaria de focar o sonho dos próprios noivos quando decidem unir as suas vidas. Com certeza que se trata de um sonho de amor, que pode encontrar muitos obstáculos na sua realização. Diz-se que a paixão cega, mas sem encantamento e paixão também não é possível unir a vida de duas pessoas. Por isso o tempo de namoro e a ajuda de casais e famílias experientes é importante, para que não fique frustrado um projecto tão nobre e significativo para o casal e a sociedade. Da parte da Igreja é necessário ter equipas de casais, que ajudem a concretizar este projecto. Temos os Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM), em vários lados (na nossa diocese, em Beja, Moura e Santiago do Cacém), que devem ser apoiados por todos nós, pois desempenham um papel muito importante na pastoral da família. É preciso divulgar bem os cursos programados ao longo do ano e não condescender com pressas de alguns noivos, pois a pressa é sempre má conselheira.
Em segundo lugar, temos de descobrir estratégias de acompanhamento dos casais, para que a paixão se transforme em amor autêntico, sempre preocupado com o bem do outro, e os obstáculos que vão aparecendo, uns vindos de dentro outros de fora, possam ser superados. Em alguns lados já se constituíram gabinetes de apoio familiar, com casais experientes em várias áreas. Para eles devemos orientar os casais e famílias com sinais de alguma crise, para que possam ser ajudados. Isto exige muita atenção de todos os agentes pastorais, para não deixar isso apenas aos advogados e psicólogos.
2. Sínodo sobre a família e os recasados
Temos de ser criativos e persistentes na evangelização, na inclusão de todas as gerações na sociedade e na acção da Igreja, pois costumes e ambientes arraigados não se mudam numa só geração. Embora todos sejamos muito ciosos da nossa liberdade individual, sabemos que as pessoas apenas se realizam no encontro de várias liberdades para buscar e promover o bem uns dos outros. Se ninguém deve viver para si mesmo, muito menos na família.
Infelizmente, nem sempre somos eficazes na preparação dos matrimónios nem no acompanhamento dos casais e das famílias. Cada vez mais nos deparamos com pessoas que já tentaram refazer o seu casamento uma ou mais vezes. Como proceder?
Sabemos que Deus não faz acepção de pessoas nem quer excluir ninguém do seu projecto de amor e de salvação. Também a Igreja deve assumir a mesma atitude. Mas como? Não pode ser tudo igual. Dizia Tolstoi que as famílias felizes são todas iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira. Isto quer dizer que na nossa acção pastoral não podemos tratar todos da mesma maneira. Não se trata apenas de excluir os recasados da Comunhão e da missão de padrinhos. Há muita mais pastoral da Igreja para além da Comunhão e do Baptismo. A riqueza da graça de Deus, do seu amor salvífico, não se confina só a isso. O mesmo podemos dizer da missão da Igreja e do papel dos baptizados na comunhão da Igreja. Os baptizados recasados não são excluídos da Igreja nem estão excomungados. Continuam a ser fiéis que Deus quer salvar através da Igreja. Como proceder pastoralmente com estes fiéis?
Também nós aguardamos inspiração deste Sínodo, para enriquecer a nossa ação junto destes casais e destas famílias.
† António Vitalino, Bispo de Beja
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