Páginas

quarta-feira, 16 de abril de 2014

«Sou o único sacerdote estrangeiro que resta em Homs», dizia em vídeo o padre Frans, e mataram-no

Tinha 75 anos; chegou à Síria em 1966, e a Homs há 40 anos 

O padre Frans Van der Lug estava na Síria desde 1966 e era
apreciado pelo seu trabalho caritativo
Actualizado 8 de Abril de 2014

Iván de Vargas / Zenit

O sacerdote holandês Frans Van der Lugt, de 75 anos, foi assassinado esta segunda-feira por homens armados na residência que os jesuítas têm no bairro de Bustán al Diwan, no centro antigo da cidade de Homs (Síria).

Segunda a informação facilitada pelo governador provincial, Talal al Barazi, membros da Frente al Nusra, vinculado à Al Qaeda, irromperam esta manhã na casa e abriram fogo causando a morte do religioso jesuíta.

Al Barazi destacou que o padre Van Der Lugt vivia na cidade desde há 40 anos e que o seu trabalho humanitário era muito apreciado.

Pela sua parte, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) confirmou a morte do sacerdote, ainda que indicou que foi assassinado por desconhecidos. O distrito de Bustán al Diwan é uma das áreas tomadas pelos insurgentes em Homs, e está cercada pelo exército sírio.
Nesta foto recente anima os civis de Homs a
ser pacientes e ter esperança
Quando se produziu a evacuação de civis dos bairros assediados no passado mês de Fevereiro, depois de um acordo entre as autoridades e os rebeldes auspiciado pela ONU, o jesuíta holandês tinha rejeitado retirar-se.

Além disso, num vídeo difundido por essas mesmas datas, o religioso denunciava que a população de Homs vivia na miséria e morriam de fome.

"É impossível que soframos e o mundo não faça nada", afirmava, falando em árabe. "Temos muito pouca comida. As pessoas na rua têm o rosto cansado e amarelo [...] Há escassez de alimentos mas as pessoas também tem sede de uma vida normal. O ser humano não é só estômago, também tem coração, e as pessoas necessitam ver os seus familiares", relatava.

Também reconhecia que "o povo sírio deu-me muito, muita amabilidade, muita inspiração e todo o que possuo. Agora que sofre devo partilhar a sua pena e as suas dificuldades".


"Sou o único sacerdote e o único estrangeiro que resta. Mas não me sinto como um estrangeiro, mas sim como um árabe entre os árabes", assegurava sorridente.

Van der Lugt não é o único membro da Companhia de Jesus que sofreu as consequências da guerra civil que açoita o país.

Desde Julho de 2013, o sacerdote jesuíta Paolo Dall´Oglio está sequestrado em território sírio. As autoridades italianas crêem que o religioso poderia estar nas mãos de algum grupo islamita.


in

Sem comentários:

Enviar um comentário