Entrevista com George Weigel, biógrafo de João Paulo II, sobre a canonização do papa polaco e o quanto o seu ministério influencia hoje a Igreja e o pontificado de Francisco
Roma, 27 de Abril de 2014 (Zenit.org) Junno Arocho
Ainda na contagem regressiva da canonização dos dois Papas
João XXIII e João Paulo II, a Sala de Imprensa Vaticana organizou semana
passada várias conferências para dar a conhecer o melhor possível a
vida destes dois homens, Pontífices, Santos. Durante o briefing de
sexta-feira, 25, o convidado especial, ao lado do histórico porta-voz
Joaquin Navarro-Valls, foi George Weigel, um dos autores que mais
escreveu sobre a vida e o pontificado de João Paulo II. Em seu discurso,
o autor explicou a importância da nacionalidade e da cultura polaca
no pontificado de João Paulo II e declarou os dois Papas como
"expressões relevantes do Vaticano II". Após a reunião, ZENIT o
entrevistou.
***
ZENIT: O que significa esta canonização para você?
Weigel: É um grande acontecimento para a Igreja, um bom evento para o
mundo, porque João Paulo II tocou o coração das pessoas em todo o
mundo, homens e mulheres, de várias convicções religiosas ou de nenhuma
convicção religiosa. A canonização de João Paulo II é, portanto, na
minha opinião, importante para levantar a história do mundo, em um
momento em que parece cercado por sombras escuras. O Papa João Paulo II
foi um homem que provocou uma esperança vibrante para o futuro da
humanidade. Sua canonização só pode, portanto, ser uma boa notícia para o
mundo e para a Igreja.
ZENIT: Milhões de fiéis se regozijam pela canonização de João
Paulo II, mas alguns criticam o fato de que o processo tenha sido um
pouco muito rápido. Qual é a sua opinião sobre isso?
Weigel: O processo de beatificação e canonização foi sério e
escrupuloso, e se alguém não o entende deveria aprofundar o seu
conhecimento. Estamos diante do juízo oficial da Igreja, concluído
depois de que o povo se expressou claramente no dia 8 de Abril de 2005,
gritando no funeral “Santo Já”. O processo só fez confirmar a santidade
do Pontífice.
ZENIT: Alguns jornais americanos questionaram a canonização
de João Paulo II, dizendo que durante o seu pontificado foram cobertos
os casos de abusos sexuais de menores por parte do clero. Qual é o seu
pensamento sobre isso?
Weigel: A primeira coisa a dizer sobre João Paulo II e os sacerdotes
católicos é que ele foi um grande reformador do processo de formação e
acompanhamento para o sacerdócio. Em 1978, quando foi eleito Papa, a
situação do sacerdócio estava em péssimas condições, milhares de
sacerdotes tinham deixado o ministério. João Paulo II, é possível dizer,
reformou o sacerdócio católico. Posso confirmar bem que apenas teve as
informações necessárias para enfrentar os casos de abusos nos Estados
Unidos, tomou as decisões responsáveis e severas. Um exemplo de todo o
bem realizado está nos seminários de todo o mundo, milhares de homens
que ofereceram a própria vida a Cristo e à Igreja, seguindo o seu
exemplo. Todas as novas vocações são fruto da reforma do Papa polaco e
confirmam a bondade do seu exemplo.
ZENIT: Na sua opinião, qual é a influência espiritual de João Paulo II no pontificado do Papa Francisco?
Weigel: Bem, o facto de que esta canonização ocorre no domingo da
Divina Misericórdia, que foi uma iniciativa de João Paulo II e que a
misericórdia de Deus é o tema central do pontificado do Papa Francisco,
demonstra que há uma ligação clara e profunda entre estes dois homens. E
é também o sentido que o mundo está procurando hoje. O mundo está
muitas vezes confuso sobre o que deseja. Há feridas profundas no tecido
da humanidade e a Divina Misericórdia é a resposta mais apropriada e
eficaz que a Igreja está fornecendo.
[Trad.TS]
(27 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
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