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domingo, 27 de abril de 2014

Pagã e feminista que odiava os homens, a história de Henrique VIII «descobriu-lhe» a Igreja

«Encontrei a felicidade no lugar que menos esperava» 

Catherine Quinn, frente a frente com Henrique VIII e
Ana Bolena dos Tudor.
Actualizado 19 de Abril de 2014

C.L. / ReL

Ela mesma sintetiza e intitula assim o seu caso em Aleteia: "Era pagã, hedonista, feminista que odiava os homens. Mas agora sou católica. Esta é a minha história. Como encontrei a felicidade no lugar que menos esperava".

Uma infância duríssima

Catherine Quinn, técnica de laboratório, casada desde há quatro anos e mãe de um filho, teve uma infância realmente dura. Aos nove anos tiraram-na da sua casa "por um abuso terrível" (tão terrível que não o descreve) e, depois de passar oito meses num orfanato, esteve acolhida com uma família até que cumpriu os doze e os tribunais devolveram à sua mãe a custódia.

Até então, a sua formação religiosa era nula: "Ao crescer, não esteve exposta a Deus nem à Igreja católica. Sabia que os meus avôs eram católicos, mas ninguém nos falou disso e nem sequer sabia o que era isso de católico".

Jesus aparece pela primeira vez
Um dia, já de novo no seu lar de origem, encontrou-se com um grupo cristão no parque: "Não me disseram nada, simplesmente convidaram-me à igreja. É curioso, mas fui. Conheci a esposa do pastor, e ela falou-me de Jesus. Então não sabia o que era ser protestante nem tampouco o que era ser ateu, mas quando voltei a casa e falei há minha mãe de Jesus, descobri de seguida que ela não gostava de Deus nem o mínimo".

Catherine, sem dúvida, apesar de que se riam dela, continuou indo à igreja: "Fascinava-me, e sentia-me feliz em Deus e tinha esperança de deixar atrás as minhas más experiências em casa".

Quando cumpriu 14 anos ("sem prévio aviso, sem poder despedir-me dos meus amigos nem da igreja que amava") devolveram-na a casa do seu pai: "A minha mãe não queria ser uma mãe". Mas no seu novo destino não tinha nem amigos nem igreja... "E o abuso continuou, chegando a ser abuso sexual".

"Isso mudou-me. Zanguei-me com Deus por não atender as minhas orações, por não ajudar-me. De novo era infeliz. Aos 17 anos fugi", resume Catherine.

A espiral destrutiva do feminismo

Foi assim como se introduziu num grupo que acreditava em "deidades pagãs" e a doutrinaram na "ideologia feminista": "Entre eles nunca senti a alegria que tinha sentido com Jesus, mas informaram-me de que Ele não existia. O cristianismo era uma falsa religião construída sobre a fé pagã e que despojava dos seus direitos as mulheres e as odiava. Os católicos, alegavam, eram os piores criminosos. Remeteram-me para autoras como Simone de Beauvoir, Gloria Steinem ou Camille Paglia".

Para ela começou então "uma longa espiral destrutiva": "Não existia nenhuma lei moral real, só não faças dano a ninguém e faz o que te apeteça. Tudo era admissível, sem limites: homossexualidade, imoralidade sexual, anticoncepção, aborto... Os estilos de vida tradicionais eram desprezados. As mulheres não se apoiavam entre si, mas sim que se impunham umas às outras segundo uma regra matriarcal. Os homens eram prescindíveis. O divórcio, as relações abertas e um montão de outras opções eram a norma. Não se tinham em conta as consequências de nada, não havia regras, não se te pedia nada. Era um paraíso hedonista".

Catherine continuou este caminho durante dezassete anos, não praticando tudo o que via, mas vendo-o normal. Aos 34 conheceu os escritos da ideóloga feminista Margaret Sanger: "Puseram-me enferma. Eu realmente nunca tinha estado de acordo com a anticoncepção ou o aborto. A eugenesia ou o desprezo às mulheres que queriam ficar com os seus filhos iam contra a minha forma de pensar. Então comecei a desconectar pouco a pouco", porque além disso já via que continuando com essa gente começava a "crer-se nas mentiras", com "desastrosas consequências": "Para a minha alma, tanto como para a minha saúde mental e emocional".

Olhando para trás na sua vida, via que não era feliz e sentia-se só: "Ao meu redor, ninguém parecia realmente amar ninguém. Tudo eram querelas, ego, cada uma pensando em si mesma. Comecei a questionar-me o ideal feminista. Recordei com tristeza a minha época com Jesus como menina e que feliz era apesar das circunstâncias que me rodeavam. Agora tinha muitos direitos, mas sentia-me miserável só".

Tinha desenvolvido ódio aos homens, ao patriarcalismo, e a tudo o que pensava que representavam os católicos: "Acreditava que eram opressores da mulher, ou pior, aqueles que me tinha juramentado não aproximar-me".

Jesus aparece pela segunda vez... Via Henrique VIII
Foi então quando, como parte do seu interesse pela História, começou a ler sobre o rei Henrique VIII, e chocou-o que a sua esposa, Catalina de Aragón, suportasse o seu comportamento: "Descobri que era católica e perguntei-me porque era tão leal a uma Igreja opressora que odiava as mulheres".

Investigou sobre a Igreja: "Surpreendeu-me que os seus ensinamentos sobre justiça social, anticoncepção ou aborto fossem do meu agrado. Também me surpreendeu descobrir a sua visão sobre Maria, sobre as mulheres e sobre a importância da família tradicional. Comecei a sentir algo que não podia descrever, mas... Resistia. E logo, estava Jesus no centro de tudo. Sentia-me exultante de saber que ali se existia".

Sem dar-se conta, tinha passado um ano e tinha ido deixando atrás o seu mundo anterior.

Sem dar-se conta, tinha passado um ano e tinha ido deixando atrás o seu mundo anterior. "Finalmente decidi descobrir o que era realmente uma missa. Durante todo aquele ano tinha-o passado olhando a igreja católica que tinha no final da minha rua, mas sem pisá-la. Desta vez entrei, logo quando ia a começar a missa. Era a Semana Santa de 2011. Assisti, fascinada. Tive que aguentar as minhas lágrimas e as minhas emoções. Voltava a sentir aquela velha atracção".

O catecumenado
Catherine voltou a casa e continuou perguntando-se coisas: "Finalmente um dia fui ao edifício que tinha detrás da igreja e à mulher que me perguntou o que queria disse que necessitava formação. Riu-se, e disse-me que ela era a directora da formação religiosa na paróquia, e inscreveu-me nas aulas de catecumenado". Logo conheceu o pároco, que lhe disse com humor que nunca tinha conhecido ninguém que chegasse à Igreja graças a Henrique VIII.

Catherine amava cada vez mais o seu pároco e o casal que tutelava a sua aprendizagem, e chorou quando viu o lava-pés e quando conheceu o bispo: "A Igreja era, ponto por ponto, tudo o contrário de tudo o que eu tinha sempre pensado que era".

Quando anunciou aos seus amigos e à sua mãe que queria fazer-se católica, ficaram "horrorizados"... Mas o seu marido ofereceu-lhe umas imagens da Virgem e de São Judas Tadeu.

A felicidade
"Em 7 de Abril de 2012, dia do meu baptismo, estava tão feliz que chorei. Passei muito tempo a sós com o Corpo de Cristo e chorei de agradecimento. Depois de anos procurando a verdade, tinha-a encontrado". E mais coisas mudaram. O seu esposo está agora também fazendo o catecumenado; a sua mãe, tão irreligiosa, já crê em Deus e lê a Bíblia; e o seu filho é também católico.

"Finalmente encontrei de novo o meu amigo Jesus. E aprendi o valor e a verdadeira beleza de ser mulher. No seu sentido mais puro, descobri o meu verdadeiro direito a escolher. Amo a minha Igreja. Amo a minha família. Amo a minha paróquia. Amo o meu sacerdote. E estou realmente muito agradecida de estar em casa".


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