Arturo Mari, fotógrafo de Wojtyla, que tirou umas 6 milhões de fotos durante o seu pontificado explica como foi poder acompanha-lo durante este período
Roma, 23 de Abril de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O fotógrafo Arturo Mari teve a honra de seguir durante 27
anos a João Paulo II e imortalizar através da câmara o seu pontificado.
Mari afirma que o papa polaco foi “um santo em vida por tudo o que pude
ver, escutar”, disse numa conferência com jornalistas na Universidade da
Santa Cruz, por causa da próxima canonização de Wojtyla , que será
realizada neste domingo, 27 de Abril.
Da mesma forma, recorda que junto a ele percorreu o mundo, “tocamos
todas as piores situações” e mencionou alguns encontros que recorda de
forma especial, destacando que foi uma vida muito intensa. Desta forma,
na sua opinião, a viagem mais bela foi a da Terra Santa, que aconteceu
em Março do ano 2000.
Desta viagem em concreto, destaca que “era preciso ver a atmosfera
com os olhos”. Ele recorda de uma forma especial do olhar do Santo Padre
nessa peregrinação, que Mari podia observar com facilidade porque
encontrava-se muito perto dele e afirma que “não era o Papa, não era
João Paulo II”, mas “era Deus que fez esse percurso na frente dos nossos
olhos”. E de um modo concreto, quis destacar a subida ao Calvário, que
fisicamente supunha um esforço para ele, e ali João Paulo II chorou.
“São momentos que não podem ser esquecidos, são momentos que tocam o
coração, que nos fazem crescer na fé, na adesão à Igreja”, diz
emocionado o fotógrafo.
Respondendo à pergunta de uma jornalista sobre como é que o Papa
fazia nas viagens de avião, o fotógrafo disse que João Paulo II não
dormia durante o vôo. “Ele revisava todos os discursos, do primeiro ao
último, retocando, detalhando, porque não confiava muito nas traduções,
ele queria ver se tinham entendido bem o seu pensamento em um discurso”,
recorda Arturo Mari. E sobre isso acrescenta que também preparava
outros discursos durante os voos. Menciona por exemplo voltando de
Angola, depois de meia hora de voo pegou umas folhas e uma hora mais
tarde o Santo Padre chamou a um monsenhor da Secretaria de Estado para
avisar-lhe que tinha preparado o seu trabalho para a audiência geral da
quarta-feira. Nestes momentos no avião, também se dedicava à leitura de
livros, explica o fotógrafo.
Das 6 milhões de fotografias estimadas que Arturo Mari fez durante o
pontificado do Papa João Paulo II, ele reconhece que "não tenho uma
fotografia mais bonita, para mim todas são boas e bonitas porque sempre
quis dar e comunicar os momentos mais interessantes do Papa e acho que
consegui”. Ainda assim, fala especialmente dessa famosa imagem do Santo
Padre beijando a cruz na sua última Sexta-feira santa. O pontífice
polaco naquela ocasião não pôde ir ao Coliseu para a tradicional Via
Sacra. Mari afirma que “nessa fotografia pode-se resumir, na minha
opinião, 27 anos de um pontificado”. Desde a capela na qual João Paulo
II acompanhava a retransmissão da Via Sacra, tomou a cruz, apoiou-a na
testa, beijou o Cristo e apoiou-a no seu coração. “Para mim, estando
perto, pude assistir os momentos mais interessantes, mais duros, mais
fortes, ele sempre mencionou o mistério da Cruz, essa Cruz na qual
sempre se apoiou no trabalho pastoral, com essa Cruz foi em meio a
milhões de pessoas”, explica o fotógrafo. Voltando a essa fotografia da
Sexta-feira Santa, Mari explica que nas mãos do Papa polaco podem-se
ver as unhas vermelhas de sangue pela força com que aperta a cruz.
Por outro lado, o fotógrafo de João Paulo II, destaca que para ele
Woytyla não escreveu 14 encíclicas, mas 15. A número 15, diz ele, não a
escreveu, mas a viveu com a sua vida, “foi o sofrimento da doença que
viveu”. Da mesma forma afirma que “pude ver o sofrimento e nunca escutei
uma lamentação”.
Falando sobre a relação que o papa polaco tinha com a sua imagem e
como ela era percebida no mundo, o fotógrafo observa que não era algo
que o preocupasse, “eram outros os problemas que tinha em mente”. A este
respeito acrescenta que “poder acariciar com a minha pele a sua pele,
este carisma que ele exalava. Este carisma que me deu um privilégio,
poder captar durante o tempo algo novo”.
Para finalizar, deteve-se no período de maior sofrimento de Wojtyla.
Durante este tempo, afirma, "nunca se envergonhou de nada. Talvez fosse
eu que de minha parte quisesse captar o melhor possível algumas
situações que em princípio tentei. Depois não porque parecia que tinha
que tirar o seu pensamento, o seu credo”. E conclui indicando que “ele,
com esta doença, tem ensinado muitas coisas” e “ensinou-me o passo de
uma vida à outra com muita serenidade, não falo de normalidade, mas de
serenidade. E são momentos em que você entende que Deus existe”.
[Trad.TS]
(23 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
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