O secretário do Papa Bom lembra dos anos que passou ao lado do Pontífice, a quem define como dois olhos e um sorriso, a inocência e a bondade
Roma, 25 de Abril de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
"Este velho sacerdote, Loris Francesco Capovilla, que vos
fala desde a casa do Papa João XXIII”, “está comovido, confuso e
intimidado”. Com estas palavras se apresentou aquele que foi o
secretário do Papa Roncalli, o cardeal Capovilla, de 98 anos, em uma vídeo-conferência organizada no Centro de Imprensa do Vaticano para falar
com os repórteres da sua experiência e vivências ao lado do ‘Papa Bom’.
Capovilla (criado cardeal no passado mês de Fevereiro) explicou
que a casa de onde falava é visitada por vários grupos para aproximar-se
um pouco mais da história de João XXIII. Certa vez umas crianças
perguntaram a ele se sabia com quantos anos o Papa Roncalli tinha
morrido, e ele disse que 81 anos e seis meses. Porém, disse-lhes que “eu
não vi morrer um homem velho de 81 anos e seis meses, vi morrer uma
criança, porque tinha os olhos luminosos como os de vocês, com o fulgor
das águas baptismais e tinha um sorriso nos lábios, como o de vocês; que é
a bondade que sai do profundo do coração”.
Além do mais, quis mostrar o seu apreço a João XXIII pelo Concílio
Vaticano II que, como disse Bento XVI é "a estrela guia da Igreja
Católica e de todos os homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo.
Nós não somos estranhos uns para com os outros”.
O cardeal afirmou que a definição do Papa João XXIII é “dois olhos e
um sorriso, a inocência e a bondade”. E o diz também pelo Papa João
Paulo II, recordando uma ocasião, no primeiro ano do pontificado de
Wojtyla, que lhe pediu para falar do Papa Roncalli. Falaram das saídas
de João XXIII pelas ruas de Roma, do anúncio do Concílio, da Pacem in
Terris, das audiências, das janelas abertas e de algumas preocupações.
Por outro lado, Capovilla indicou que "um santo é aquele que não se
esquece de ser criança”. E tanto João Paulo II como João XXIII foram
assim, afirmou.
"Peço perdão pela pobreza das minhas palavras, das minhas expressões,
mas não sei expressar plenamente tudo o que tenho no coração”, destacou
o cardeal. Da mesma forma, quis agradecer ao “povo de Roma” que acolheu
a ele e a João XXIII quando chegaram à capital da Itália. E por isso
quis lembrar das palavras do cardeal Tardini “os papas morrem, mas o
Papa não morre”.
Para finalizar a vídeo-conferência, o purpurado lembrou de um dia
perto da morte de Roncalli. Capovilla encontrava-se ajoelhado ao lado da
cama do Pontífice e lhe disse: “Santo Padre, aqui estamos umas poucas
pessoas no quarto, mas se você visse a Praça!” E explicou que, “embora
sendo como era reservado com os elogios, me disse: É natural que seja
assim, morre o Papa, eu lhes amo, eles me amam!’ Foi um grande grito de
amor”. O cardeal recordou também um episódio daqueles últimos dias: “eu
pedi perdão ao Papa pouco antes de que morresse. Disse-lhe: estive ao
seu lado, não fui o homem que você merecia, Santo Padre. Mas dei-me a
mim mesmo com sinceridade e fidelidade. E ele me disse, colocando as
suas mãos nas minhas, ‘Loris, deixe essas coisas de lado, não fale isso.
O que importa é que realizamos nosso serviço segundo a vontade do
Senhor”, “não recolhemos as pedras que nos jogaram, sofremos juntos,
amamos e perdoamos”.
[Trad.TS]
(25 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
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