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sábado, 26 de abril de 2014

Cardeal Capovilla: João XXIII morreu com o olhar de uma criança

O secretário do Papa Bom lembra dos anos que passou ao lado do Pontífice, a quem define como dois olhos e um sorriso, a inocência e a bondade


Roma, 25 de Abril de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


"Este velho sacerdote, Loris Francesco Capovilla, que vos fala desde a casa do Papa João XXIII”, “está comovido, confuso e intimidado”. Com estas palavras se apresentou aquele que foi o secretário do Papa Roncalli, o cardeal Capovilla, de 98 anos, em uma vídeo-conferência organizada no Centro de Imprensa do Vaticano para falar com os repórteres da sua experiência e vivências ao lado do ‘Papa Bom’.

Capovilla (criado cardeal no passado mês de Fevereiro) explicou que a casa de onde falava é visitada por vários grupos para aproximar-se um pouco mais da história de João XXIII. Certa vez umas crianças perguntaram a ele se sabia com quantos anos o Papa Roncalli tinha morrido, e ele disse que 81 anos e seis meses. Porém, disse-lhes que “eu não vi morrer um homem velho de 81 anos e seis meses, vi morrer uma criança, porque tinha os olhos luminosos como os de vocês, com o fulgor das águas baptismais e tinha um sorriso nos lábios, como o de vocês; que é a bondade que sai do profundo do coração”.

Além do mais, quis mostrar o seu apreço a João XXIII pelo Concílio Vaticano II que, como disse Bento XVI é "a estrela guia da Igreja Católica e de todos os homens e mulheres de boa vontade em todo o mundo. Nós não somos estranhos uns para com os outros”.

O cardeal afirmou que a definição do Papa João XXIII é “dois olhos e um sorriso, a inocência e a bondade”. E o diz também pelo Papa João Paulo II, recordando uma ocasião, no primeiro ano do pontificado de Wojtyla, que lhe pediu para falar do Papa Roncalli. Falaram das saídas de João XXIII pelas ruas de Roma, do anúncio do Concílio, da Pacem in Terris, das audiências, das janelas abertas e de algumas preocupações.

Por outro lado, Capovilla indicou que "um santo é aquele que não se esquece de ser criança”. E tanto João Paulo II como João XXIII foram assim, afirmou.

"Peço perdão pela pobreza das minhas palavras, das minhas expressões, mas não sei expressar plenamente tudo o que tenho no coração”, destacou o cardeal. Da mesma forma, quis agradecer ao “povo de Roma” que acolheu a ele e a João XXIII quando chegaram à capital da Itália. E por isso quis lembrar das palavras do cardeal Tardini “os papas morrem, mas o Papa não morre”.

Para finalizar a vídeo-conferência, o purpurado lembrou de um dia perto da morte de Roncalli. Capovilla encontrava-se ajoelhado ao lado da cama do Pontífice e lhe disse: “Santo Padre, aqui estamos umas poucas pessoas no quarto, mas se você visse a Praça!” E explicou que, “embora sendo como era reservado com os elogios, me disse: É natural que seja assim, morre o Papa, eu lhes amo, eles me amam!’ Foi um grande grito de amor”. O cardeal recordou também um episódio daqueles últimos dias: “eu pedi perdão ao Papa pouco antes de que morresse. Disse-lhe: estive ao seu lado, não fui o homem que você merecia, Santo Padre. Mas dei-me a mim mesmo com sinceridade e fidelidade. E ele me disse, colocando as suas mãos nas minhas, ‘Loris, deixe essas coisas de lado, não fale isso. O que importa é que realizamos nosso serviço segundo a vontade do Senhor”, “não recolhemos as pedras que nos jogaram, sofremos juntos, amamos e perdoamos”.

[Trad.TS]

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