Mais de 300 projectos apoiados em 2013 em 28 países da América Latina e da África, com enfático apoio humanitário na Síria
Roma, 15 de Abril de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
A fundação Populorum Progressio para a América Latina e a
Fundação João Paulo II para o Sahel, com orçamento de 3,6 milhões de
dólares anuais, conseguem realizar mais de 300 projectos de
desenvolvimento em 28 países. Esta informação foi divulgada pelo
secretário do Pontifício Conselho Cor Unum, dom Giovanni Dal Toso, em
reunião com jornalistas que participaram dos cursos de actualização sobre
a Igreja, na universidade romana da Santa Cruz.
A quantidade de pequenos projectos de desenvolvimento é enorme
diante da quantidade de dinheiro disponível. Os recursos provêm em
grande parte das conferências episcopais da Alemanha e da Itália e
conseguem ser muito bem aproveitados graças à não existência dos custos
altíssimos de intermediação, comuns em diversas outras entidades
internacionais. Desde 1992, a Fundação Populorum Progressio realizou
3.834 projectos.
Dom Dal Toso recordou que João Paulo II instituiu a fundação para o
Sahel em 1984 para lutar contra a desertificação daquela parte da
África. Em 1992, ele criou a Populorum Progressio para ajudar as
populações rurais da América Latina e do Caribe, confiando as suas
tarefas ao dicastério Cor Unum. Os responsáveis pelo Pontifício Conselho
Cor Unum são seu presidente, o cardeal Robert Sarah, o secretário, dom
Dal Toso, e o subsecretário, Segundo Tejado Muñoz. O orçamento total do
Cor Unum é de 4 milhões de dólares.
Dal Toso lembrou ainda que existem dois secretariados para atender as
fundações, um na capital de Burkina Faso, Ouagadougou, e o outro na
capital da Colômbia, Bogotá, para onde são enviadas as propostas de projectos. As propostas são avaliadas e, se aprovadas, passam a ser
fiscalizadas por uma equipe de especialistas. As duas fundações são
geridas por bispos locais, nove no Sahel e seis na América Latina.
O Sahel, lembro o secretário do Cor Unum, é a região africana
composta por seis países da África equatorial: Burkina Faso, Cabo Verde,
Chade, Gâmbia, Guiné Bissau, Mali, Mauritânia, Níger e Senegal.
Os projectos apoiados pelas fundações “demonstram a atenção tangível
que a Igreja oferece a esses países” e favorecem o diálogo
inter-religioso, já que, na África, os destinatários mais numerosos dos projectos são muçulmanos. Além disso, revelam a proximidade do Santo
Padre para com as pessoas em dificuldade.
Dal Toso destacou também outro aspecto das fundações: depois de 30
anos de trabalho, elas “se tornaram não somente centros de
financiamento, mas também lugares de intercâmbio de experiências”; por
isso, elas “realizam cursos de formação que ensinam a preparar os projectos”.
Durante a conversa com os jornalistas, o secretário do Cor Unum
destacou que a filosofia de ambas as fundações é realizar projectos
comunitários e não de tipo pessoal. Em alguns casos, o dinheiro é
emprestado e retorna pouco a pouco à fundação, que poderá, assim, criar
novos projectos.
Entre as propostas que mais o impressionaram, Dal Toso destacou: “Uma
foi para a inclusão profissional de 91 jovens com deficiências mentais.
Mas há muitos outros projectos importantes, como os de irrigação por
gotejamento, de escavação de poços e muitos de formação da mulher,
particularmente na África”.
Da América Latina, ele citou “um banco de alimentos que custou 100
mil dólares” e “um curso de formação e inserção profissional para mães
de menores de cinco anos, em Arequipa, no Peru”. Dal Toso reconhece que
os custos nos países em desenvolvimento são muito menores que no mundo
desenvolvido: “Já vi a construção de uma escola com apenas 5 mil euros”.
Ao encerrar, o secretário recordou que, nos projectos de cooperação, é
necessário manter viva a ideia da promoção integral: “Este é um grande
desafio no mundo humanitário”. A pergunta a ser feita não é apenas sobre
o tipo de ajuda em questão, mas, principalmente, sobre o quanto esses projectos promovem a autonomia e a liberdade da pessoa beneficiada. “A
Igreja reitera sempre a centralidade da pessoa. Isto significa promover
todas as suas dimensões, com ênfase na liberdade, para que elas mesmas
tenham a capacidade de decidir”, superando modelos como os da década de
1970, que propunham ajudar primeiro nas necessidades materiais e depois
no âmbito cultural. Hoje, privilegia-se a ideia de um desenvolvimento
integral.
Síria
Sobre a situação da Síria, dom Dal Toso declarou que “o Cor Unum,
hoje, por vontade do papa Francisco, está dando prioridade a esse país. A
presença da Igreja acontece através da assistência e da promoção do
direito humanitário. Os esforços da Igreja na Síria são enormes, em
pessoal e em ajudas”, com um trabalho muito importante também na
coordenação. As acções cobrem quase todo o território sírio, apesar das
“muitíssimas limitações e da escassez de meios”, e se apoiam numa
estrutura capilar.
“No dia 6 de Dezembro, numa reunião com os bispos da região em
Beirute, eles comentaram que as pessoas nos procuram porque não sabem
para onde ir. Elas entendem que o bispo é também um pai”.
(15 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário