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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bendita vergonha

Consoladora homilia na missa diária do papa Francisco


Cidade do Vaticano, 29 de Abril de 2013


“Vergonha” foi a palavra-chave da homilia do papa Francisco na missa celebrada hoje na Domus Santa Marta. Palavra, a princípio, de conotação negativa, mas que, segundo o Papa, na visão cristã, se torna uma virtude.

O confessionário não é nem uma «lavandaria» que lava os pecados, nem um «momento de tortura» onde se infligem pauladas. A confissão é um encontro com Jesus e sentimos de perto sua ternura. Mas é preciso aproximar-se do sacramento sem truques ou meias-verdades, com mansidão e alegria, confiantes e armados com essa "bendita vergonha", "a virtude da humildade" que nos faz reconhecer como pecadores.

Entre os concelebrantes, o cardeal Domenico Calcagno, presidente da Administração do Património da Sé Apostólica (Apsa), com o secretário D. Luigi Mistò, o arcebispo Francesco Gioia, presidente da Peregrinatio ad Petri Sedem, o arcebispo nigeriano de Owerri, D. Anthony Obinna, e o procurador-geral dos verbitas, Gianfranco Girardi. Concelebrou também D. Eduardo Horacio García, Bispo auxiliar e pró-vigário-geral de Buenos Aires. Entre os presentes, as irmãs Pias Discípulas do Mestre Divino que prestam serviço no Vaticano e um grupo de empregados da Apsa.

O Pontífice iniciou sua homilia com uma reflexão sobre a primeira carta de São João (1, 5-2, 2), em que o apóstolo afirma: "Deus é luz, e Nele não há trevas". Mas, se dissermos “que estamos em comunhão com Ele” e “andarmos nas trevas, somos mentirosos e não praticamos a verdade”.

O papa Francisco destacou que “todos nós temos obscuridades na nossa vida”, momentos “em que há escuridão em tudo, inclusive na própria consciência,mas “caminhar nas trevas significa estar satisfeito de si mesmo; estar convencido de que não precisa de salvação. Essas são as trevas!”.

Olhem seus pecados, os nossos pecados: todos somos pecadores –e continuou - “se confessamos nosso pecados, Ele é fiel, é justo a ponto de nos perdoar.” 

Como recorda o Salmo 102: "Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem”. Ele sabe de tudo. "Não se preocupe, vá em paz", a paz que só Ele dá”.

Isto é o que "acontece no sacramento da reconciliação”. Muitas vezes – disse o Papa - pensamos que confessar é como ir a lavandaria. No entanto, Jesus no confessionário não é um serviço de lavandaria”.

A confissão "é um encontro com Jesus, que nos espera como somos”. Muitas vezes, temos vergonha de dizer a verdade: eu fiz isso, eu pensei aquilo. Mas a vergonha é uma verdadeira virtude cristã, e até mesmo humana. A capacidade de envergonhar-se é uma virtude do humilde”.

"Jesus espera por cada um de nós, reiterou o papa Francisco citando o Evangelho de Mateus (11, 25-30): Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.Esta é a virtude que Jesus nos pede: humildade e mansidão”.

“Humildade e mansidão - continuou o Papa - são como a marca de uma vida cristã. “E Jesus nos espera para nos perdoar. Confessar não é como ir a uma “sessão de tortura”. “Não! Confessar-se é louvar a Deus, porque eu pecador fui salvo por Ele. E ele me espera para me repreender? Não, com ternura para me perdoar. E se amanhã fizer a mesma? Confesse-se mais uma vez... Ele sempre nos espera”. 

Francisco concluiu: "Isso nos alenta, é belo, não é? E se sentirmos vergonha? Bendita vergonha porque isso é uma virtude.Que o Senhor nos dê esta graça, esta coragem de procurá-lo sempre com a verdade, porque a verdade é luz e não com as trevas das meias-verdades ou das mentiras diante de Deus”. 


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