O verdadeiro significado da recente reflexão do papa Francisco
Roma, 13 de Maio de 2013
Na última quarta-feira, 8 de Maio de 2013, houve uma reunião
entre o papa Francisco e as participantes na Assembleia Plenária da
União Internacional das Superioras Gerais. Uma reunião bastante
aguardada, em que o papa fez um discurso tão simples quanto intenso,
importante por ressaltar os aspectos peculiares da vida religiosa.
Na ocasião, o papa sublinhou a importância da fecundidade dos
religiosos, o que, mesmo sem ser dito explicitamente, aparece como
resposta a uma escassez generalizada de vocações, em especial nos
territórios de antiga evangelização, como a Europa e a América. Essa
escassez vocacional acarreta o fechamento de comunidades e, em alguns
casos, até mesmo o fim de ordens ou congregações.
A reflexão do papa a este respeito é uma pista para identificarmos as
raízes dessa esterilidade das vocações, já denunciada anteriormente,
como fato alarmante, pelo cardeal Carlo Maria Martini, por exemplo.
Neste sentido, pode contribuir a história de Santa Clara, a primeira
mulher que escreveu uma regra para mulheres, aprovada com bula
pontifícia pelo papa Inocêncio IV.
Clara de Assis, em sua regra, indica como pontos fundamentais do
carisma confiado à comunidade a “máxima pobreza” e a “santíssima
unidade”. É justamente quando faltam esses dois aspectos que um
religioso e as comunidades se tornam estéreis.
A falta da “máxima pobreza” os torna rígidos, dogmáticos, apegados
não só a lugares ou serviços, mas também às próprias ideias, e, por
isso, basicamente incapazes de ser obedientes e dóceis ao "Espírito
Santo, Senhor que dá a vida". A ausência da “santíssima unidade” se
manifesta em conflitos contínuos, em falta de cooperação, em rivalidade e
desperdício de energias, inclusive financeiras, em polarizações ao
redor de coisas relativas, em dispersão "nos pensamentos do coração", em
divisões, discussões inconclusivas, incapacidade de viver a
eclesialidade.
E assim, de realidades e lugares com possibilidades de floração no
Espírito Santo, sobra apenas um deserto estéril. Resta, no máximo, uma
história, mais ou menos bonita; mosteiros, comunidades, paróquias e
dioceses que gradualmente vão se parecendo mais com museus para cultores
da arte sacra do que com lugares onde a vida nova do Cristo
ressuscitado pode ser encontrada e nos quais é possível a opção concreta
pela existência.
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