Lupita e Laura "deram o testemunho da caridade, sem o qual até o martírio e a missão perdem o sabor cristão"
Roma, 13 de Maio de 2013
Em sua primeira cerimónia de canonização, realizada neste
domingo, o papa Francisco elevou à honra dos altares 802 santos de uma
só vez.
As duas novas santas latino-americanas são a colombiana Laura
Montoya y Upegui, fundadora da congregação religiosa das Missionárias de
Maria Imaculada e de Santa Catarina de Sena, e a mexicana Maria
Guadalupe Garcia Zabala, co-fundadora da congregação das Servas de Santa
Margarita Maria e dos Pobres.
Madre Laura e madre Lupita, como eram chamadas popularmente, foram
aplaudidas por alguns milhares de colombianos e mexicanos presentes na
praça e aclamadas como Santa Laura e Santa Lupita.
O número inusitado de canonizados se deve aos 800 mártires de
Otranto, decapitados no sul da Itália: eles preferiram morrer a renegar a
fé, proclamando as palavras: “Cremos em Jesus Cristo, Filho de Deus, em
quem fomos salvos. Preferimos mil vezes morrer a renegá-lo e a nos
tornarmos muçulmanos”.
As canonizações de hoje foram aprovadas por Bento XVI em 28 de Fevereiro, poucos instantes antes de anunciar a sua renúncia, e é a
primeira realizada pelo novo pontífice.
“Quero saudar todos vocês que vieram para esta festa, da Itália, da
Colômbia, do México e de outros países, e lhes agradeço”, disse o papa
na homilia. “Contemplemos os novos santos à luz da palavra de Deus que
proclamamos. Uma palavra que nos convida à fidelidade a Cristo,
inclusive até o martírio. Ele nos chamou à urgência e à beleza de levar
Cristo e o Evangelho para todos; e nos falou do testemunho da caridade,
sem o qual até o martírio e a missão perdem o seu sabor cristão”,
afirmou.
Ao recordar os mártires italianos, o papa pediu orações para que
“Deus sustente os cristãos que, nestes nossos tempos e em tantas partes
do mundo, ainda sofrem violência, e lhes dê a coragem para ser fiéis e
responder ao mal com o bem”.
Referindo-se à “primeira santa nascida na linda terra colombiana”,
Francisco recordou que ela ensinou “a não viver a fé solitariamente,
como se fosse possível viver a fé isoladamente”, mas a “comunicá-la,
irradiar a alegria do Evangelho com a palavra e com o testemunho de vida
onde quer que nos encontremos”. E a “ver o rosto de Jesus reflectido no
próximo, a vencer a indiferença e o individualismo, que corrói a
comunidade de cristãos e o nosso próprio coração, e a acolher a todos
sem preconceitos nem reticências”, compartilhando com eles o que temos
de mais valioso, “que não são as nossas obras nem as nossas
organizações; o mais valioso que nós temos é Cristo e o seu Evangelho!”.
Sobre Santa “Lupita”, o papa destacou: “Ela renunciou a uma vida cómoda. Quanto prejuízo a vida cómoda nos causa! O bem-estar, o emburguesamento do coração nos paralisa”. Francisco ressaltou que quando
ela se ajoelhava no chão do hospital diante dos enfermos e dos
abandonados, para servi-los com ternura e compaixão, “isto se chama
tocar na carne de Cristo. Os pobres e os abandonados, os doentes, os
marginalizados, são a carne de Cristo. E a madre Lupita tocava na carne
de Cristo e nos ensinava essa conduta: não ter vergonha, não ter medo
nem nojo de tocar na carne de Cristo!”.
Estiveram presentes na cerimónia o presidente da Colômbia, Juan
Manuel Santos, a ministra da Justiça da Itália, Anna Maria Cancellieri, e
o director de Assuntos Religiosos do México, Roberto Herrera Mena.
As pessoas presentes se mostraram impressionadas com o longo percurso
que o papa Francisco fez pela praça no meio do povo, de aproximadamente
uma hora, chegando a adentrar algumas quadras da Via da Conciliação
para saudar em particular as crianças e os doentes.
in
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