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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dando aulas, aprendi a ser mais irmão e mais pai

Prefacio do cardeal Bergoglio a um livro sobre os anos em que foi professor do ensino médio na Argentina


Roma, 20 de Maio de 2013


O papa Francisco, quando ainda era o arcebispo de Buenos Aires, escreveu uma introdução para o livro “Da idade feliz”, escrito por um amigo argentino, o literato Jorge Milia, sobre os alunos do liceu em que Bergoglio leccionou durante dois anos. O texto dessa introdução foi republicado ontem no jornal vaticano L'Osservatore Romano.

Bergoglio, que foi professor de literatura e de psicologia no Instituto da Imaculada Conceição da cidade de Santa Fé, em 1964 e 1965, agradece à escola, no prefácio, por ter-lhe ensinado a ser “mais irmão e mais pai”.

O futuro papa escreve: “Conheci todos eles quando tinham 16, 17 anos. Foram meus alunos de literatura e de psicologia (...) Eram jovens vivazes e criativos. O exercício literário que eu lhes pedia era o de escrever contos”.

“Eu ficava impressionado”, prossegue o então sacerdote, “com a capacidade narrativa daqueles jovens”. E conta que seleccionou algumas das histórias que eles tinham escrito e “as mostrei a Borges. Ele também ficou impressionado e incentivou que os textos fossem publicados”. Francisco precisa, ainda, que Borges “quis escrever de punho e letra o prefácio”.

Bergoglio continua: “Podemos dizer que eles eram pequenos génios? Não quero exagerar. Certeza mesmo eu tenho é de que eles eram normais. Eu os amava muito. Não me eram nem me são indiferentes. O tempo passou e eu não me esqueci deles. Alguns já estão diante de Deus: o primeiro, Felipe Adjad, o ‘turco’, como era chamado”.

“Enquanto escrevo o prefácio para esta publicação, quero, em primeiro lugar, agradecer a Deus pela oportunidade que tive de compartilhar com eles dois anos da minha vida. Quero lhes agradecer por todo o bem que me fizeram, especialmente por terem me ensinado a ser mais irmão e mais pai. Quero também expressar o meu desejo de que as suas vidas façam história, indo além da história pessoal de cada um. Que eles façam história como grupos, inspirando muitos jovens no caminho criativo”.

A viúva de Jorge Luis Borges, Maria Kodama, recordou, em entrevista recente, que, quando Bergoglio era professor de literatura, convidava Borges a dar aulas em seu liceu. Borges e Bergoglio conversavam muito, em especial sobre Dostoevskij e sobre o escritor argentino Leopoldo Marecha. Kodama completa que “Bergoglio gostava muito dos escritos de Borges”.



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