Prefacio do cardeal Bergoglio a um livro sobre os anos em que foi professor do ensino médio na Argentina
Roma, 20 de Maio de 2013
O papa Francisco, quando ainda era o arcebispo de Buenos
Aires, escreveu uma introdução para o livro “Da idade feliz”, escrito
por um amigo argentino, o literato Jorge Milia, sobre os alunos do liceu
em que Bergoglio leccionou durante dois anos. O texto dessa introdução
foi republicado ontem no jornal vaticano L'Osservatore Romano.
Bergoglio, que foi professor de literatura e de psicologia no
Instituto da Imaculada Conceição da cidade de Santa Fé, em 1964 e 1965,
agradece à escola, no prefácio, por ter-lhe ensinado a ser “mais irmão e
mais pai”.
O futuro papa escreve: “Conheci todos eles quando tinham 16, 17 anos.
Foram meus alunos de literatura e de psicologia (...) Eram jovens
vivazes e criativos. O exercício literário que eu lhes pedia era o de
escrever contos”.
“Eu ficava impressionado”, prossegue o então sacerdote, “com a
capacidade narrativa daqueles jovens”. E conta que seleccionou algumas
das histórias que eles tinham escrito e “as mostrei a Borges. Ele também
ficou impressionado e incentivou que os textos fossem publicados”.
Francisco precisa, ainda, que Borges “quis escrever de punho e letra o
prefácio”.
Bergoglio continua: “Podemos dizer que eles eram pequenos génios? Não
quero exagerar. Certeza mesmo eu tenho é de que eles eram normais. Eu
os amava muito. Não me eram nem me são indiferentes. O tempo passou e eu
não me esqueci deles. Alguns já estão diante de Deus: o primeiro,
Felipe Adjad, o ‘turco’, como era chamado”.
“Enquanto escrevo o prefácio para esta publicação, quero, em primeiro
lugar, agradecer a Deus pela oportunidade que tive de compartilhar com
eles dois anos da minha vida. Quero lhes agradecer por todo o bem que me
fizeram, especialmente por terem me ensinado a ser mais irmão e mais
pai. Quero também expressar o meu desejo de que as suas vidas façam
história, indo além da história pessoal de cada um. Que eles façam
história como grupos, inspirando muitos jovens no caminho criativo”.
A viúva de Jorge Luis Borges, Maria Kodama, recordou, em entrevista
recente, que, quando Bergoglio era professor de literatura, convidava
Borges a dar aulas em seu liceu. Borges e Bergoglio conversavam muito,
em especial sobre Dostoevskij e sobre o escritor argentino Leopoldo
Marecha. Kodama completa que “Bergoglio gostava muito dos escritos de
Borges”.
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