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sábado, 7 de setembro de 2024

Francisco de visita às Igrejas do fim do mundo

Papua Nova-Guiné

 | 6 Set 2024

Papa Francisco, Papua Nova Guiné

O Papa Francisco à saída do aeroporto Jacksons, em Port Moresby (Papua Nova Guiné), depois de uma curta cerimónia de acolhimento na viagem que faz a este país 6-9 Setembro 2004. Imagem da transmissão televisão do Vatican News.

A visita do Papa Francisco à Papua Nova-Guiné, onde chegou hoje, sexta-feira, 6 de setembro, só se inicia de facto no sábado com um primeiro encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático, seguido pelo contacto com duas entidades que cuidam de crianças com deficiência e, por fim, com os bispos, padres, diáconos e religiosos do país e das Ilhas Salomão. É uma visita aos católicos do “fim do mundo”.

À chegada, ao princípio da noite, hora local (manhã de sexta-feira em Lisboa), ao aeroporto Jacksons, em Port Moresby, Francisco foi alvo de numa curta sessão de boas-vindas protagonizada por representantes do Governo e da Igreja, e crianças carregando flores, sendo saudado pela tradicional salva de 21 tiros. Depois recolheu-se na nunciatura de onde sairá na manhã de sábado para cumprir o programa daquela que é a segunda visita papal a estas ilhas que João Paulo II visitara em 1984.

A Igreja Católica da Papua Nova-Guiné é uma igreja particularmente recente na medida em que os primeiros missionários chegaram há menos de 150 anos. Porém, como descreve o jornal digital Religión en Libertad, “os poucos anos de catolicismo deste país oceânico, ou o facto de ser considerado o segundo território missionário de todo o mundo, não o impede de ter uma Igreja que cresce a uma taxa de 40.000 batismos por ano” e que mantém uma frequência dominical próxima dos 80 por cento.

Para o padre Víctor Rocha, diretor das Obras Missionárias Pontifícias da Papua Nova-Guiné, citado pelo mesmo jornal, os católicos deste país estão “quase no fim do mundo” e são “quase insignificantes”, razão pela qual celebra a decisão do Papa em visitar “dioceses e países que normalmente não são reconhecidos ou lembrados pela sua importância”.

Por outro lado, esta região profundamente cristã terá tido um papel pouco conhecido no escândalo de abusos do clero católico. É o que sustenta o jornalista do New York Times, Pete McKenzie, num artigo publicado também nesta sexta, 6 de setembro. McKenzie garante ter examinado centenas de documentos, viajado pela Nova Zelândia e pelas Fiji e conversado com sobreviventes de abusos clericais e representantes de 20 organizações católicas.

Através dessa investigação, o jornalista concluiu que “ao longo de várias décadas, pelo menos dez padres e missionários mudaram-se para a Papua Nova Guiné depois de terem alegadamente abusado sexualmente de crianças, ou terem sido descobertos a fazê-lo, no Ocidente”, além de que “pelo menos outros 24 padres e missionários em circunstâncias semelhantes deixaram a Nova Zelândia, Austrália, Grã-Bretanha e os Estados Unidos para se instalarem em países insulares do Pacífico como as Fiji, o Kiribati e a Samoa.” “De acordo com registos religiosos e relatos de sobreviventes – prossegue o jornalista – em pelo menos 13 casos, os superiores sabiam que estes homens tinham sido acusados ​​ou condenados por abusos antes de serem transferidos para o Pacífico, protegendo-os, assim do escrutínio.”

Este não será, porém, um tema muito presente nos cinco discursos sobre a missionação, as alterações climáticas e a aculturação que o Papa fará nestes dias na Papua Nova-Guiné, país que deixa na segunda-feira, dia 9, com destino a Timor-Leste que vai receber pela primeira vez, na sua breve história como país independente, a visita de um Papa.




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