Páginas

domingo, 7 de abril de 2019

A Procissão da Penitência da Ordem Terceira de S. Francisco de Mafra

E o almejado dia da Procissão da Penitência chegou. Estava previsto a eventualidade de chover o que certamente não iria permitir a saída dos 10 andores que compõem a referida Procissão uma vez que as imagens são em roca. Também os vestidos sofreriam com a chuva, para além de todo o restante material devocional que compõe esta procissão que se reveste de uma enorme beleza e esplendor. A primeira procissão teve lugar no dia 27 de Março de 1740. O melhor mesmo seria deixar nas mãos de Deus.

Enquanto me dirigia para a Real Basílica de Nossa Senhora e de Santo António, meditava sobre uma homília que recentemente tinha sido proferida pelo Cardeal Raymond Burke, na qual abordava, segundo o meu modesto entendimento e de um modo resumido, as situações mais sérias que a Igreja e o mundo enfrentam, as quais requerem, uma intervenção de Deus no sentido de restaurar a ordem e a disciplina, recomendando que purificássemos a nossa relação com Deus e os nossos corações, através da oração, não nos deixando influenciar pelo egoísmo, pelo materialismo e pelos interesses humanos. Nesta época da Quaresma, recebemos poderosas graças. Sentimo-nos impelidos a conhecer melhor Deus e a Sua VontadeO sol brilhava augurando bom tempo. Entrei na Real Basílica onde se ultimavam os últimos pormenores. Os andores já se encontravam cobertos de flores. Os dois coros encontravam-se presentes. Os intervenientes na procissão encontravam-se vestidos a rigor com fatos da época, sendo alguns deles os mesmos que saíram naquele distante dia de Março de 1740. A banda aguardava serenamente.
E a Santa Missa começou presidida pelo Ministro Provincial da Ordem Franciscana, Frei Armindo Carvalho que referiu, entre outros: Estamos caminhando enquanto peregrinosDeus é festa. Toda a vida é festa porque prolonga-se enquanto surpresa alegre. Para além do além espera-nos uma novidade. O coração de Deus que não se esgota, possuindo uma infinita misericórdia. Deus é sempre uma surpresa que nos encanta, que não se consegue agarrar. Deus de ontem, de hoje e de amanhã. Nós como Jesus um dia ressuscitaremos. O sol continuava a brilhar entre os vitrais. Surpresa das surpresas. Depois de dois anos sem sair, hoje encontravam-se reunidas as condições necessárias para o fazer. Que emoção. O pároco, Pe. Luís, avisa que a Procissão regressará à Real Basílica onde haverá a bênção final com o Lignum Crucis (Santo Lenho).

Foi com enorme alegria que acompanhei a saída de todos os andores, sob orientação do Juiz da Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra. Conforme previsto saiu em primeiro lugar o Sol do Apocalipse, ladeado por dois anjos, seguido pelos 10 andores. Um levado pelos escuteiros, outro por mulheres e os restantes por diferentes irmãos, o Pálio, as entidades participantes, a Banda da Escola de Música Juventude de Mafra, e por fim os participantes. E a Procissão foi percorrendo o caminho traçado. Do alto da escadaria, maravilhada com tanta beleza artística e religiosa que me era dado a observar, brilhando em todo o seu real esplendor devocional, cultural e histórico, pensei: Parece que o mundo te cai em cima. À tua volta não se vislumbra uma saída. É impossível desta vez superar as dificuldades. Mas voltaste a esquecer que Deus é Pai?: omnipotente, infinitamente sábio, misericordioso. Ele não pode enviar-te nada de mau. Isso que te preocupa, convém-te, ainda que os teus olhos de carne estejam agora cegos. Omnia in bonum., que, outra vez e sempre, se cumpra a Tua sapientíssima Vontade! (S. Josemaria in Via Sacra).

E a Procissão regressou à Real Basílica. Tudo tinha corrido pelo melhor, graças ao esforço, empenho e dedicação de todos, que são de enaltecer. Como previsto, a finalizar, houve a bênção com o Santo Lenho.

Termino com uma frase bem conhecida de S. Francisco de Assis: Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudadoResignação para aceitar o que não pode ser mudadoE sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.

Maria Helena Paes



Sem comentários:

Enviar um comentário