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sábado, 18 de abril de 2015

Vaticano ainda não confirma viagem do Papa a Cuba

Em comunicado, diz que não há nenhuma decisão, apesar de reconhecer que o Papa levou em consideração a ideia


Roma, 17 de Abril de 2015 (Zenit.org) Sergio Mora


"O Santo Padre levou em consideração a ideia de realizar uma etapa em Cuba por ocasião de sua próxima viagem os Estados Unidos", confirmou o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi nesta sexta-feira, especificando que "não há uma decisão tomada ou um projecto operativo". Entre as razões, acrescenta Pe. Lombardi, "os contactos com as autoridades do país ainda estão num estágio demasiado inicial".

Portanto, o Papa levou em consideração a ideia, mas parece que o maior problema está nas relações com as autoridades locais. Enquanto isso, no próximo 22 de Abril o Cardeal Stella, prefeito da Congregação para o Clero, e ex-núncio em Cuba, viaja para Havana, o que poderia facilitar os contactos com as autoridades que estão num estágio “demasiado inicial”.

O que está certo é a viagem apostólica do Papa Francisco aos Estados Unidos por ocasião do VII Encontro Mundial das Famílias, que será realizado na Filadélfia de 22 a 27 de Setembro e pretende reunir milhares de famílias de todo o mundo.

Antes, na terça-feira (23), o Santo Padre se reunirá com o presidente dos EUA Obama e a primeira-dama Michelle Obama, na Casa Branca, conforme nota da assessoria de imprensa da residência presidencial.

Na quarta-feira (24), o Papa visitará o Congresso dos Estados Unidos. Será a primeira vez que um Papa se apresenta nesta instituição e quinta-feira (25), o Papa viajará para Nova York, onde irá discursar na Assembleia Geral da ONU. Em seguida, ele viaja para a Filadélfia.

O jornal The Wall Street Journal levantou a hipótese de que o Papa passaria por Cuba como parte de sua viagem aos Estados Unidos para promover as relações diplomáticas entre os dois países, que já deram os primeiros passos.

Cronologia do degelo
Os encontros para o "degelo" começaram no Canadá, país que tinha relações diplomáticas com Cuba e principal parceiro comercial dos Estados Unidos. A primeira reunião privada foi realizada em 2013. Em Março de 2014, o Papa Francisco recebeu no Vaticano o presidente Obama.

A diplomacia da Santa Sé enviou cartas a Raul Castro e a Obama convidando a resolver a situação do cidadão norte-americano Alan Gros, preso sob a acusação de espionagem, bem como de três cubanos presos nos Estados Unidos, com acusações semelhantes.

Em Novembro 2014 foi a etapa final. Os detalhes foram confirmados em uma conversa telefónica entre os dois líderes, como afirmaram em discursos na televisão.

Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2014, aconteceu o encontro entre o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin e o responsável pelas relações exteriores dos Estados Unidos, o secretário de Estado, John Kerry. Entre os temas oficiais, Guantanamo.

Este processo se tornou público no último 17 de Dezembro, quando os líderes dos dois países, Barack Obama e Raul Castro, abordaram o assunto na televisão de seus respectivos países. Naquele mesmo dia, agradeceram ao Vaticano e ao Santo Padre Francisco a participação neste processo.

Em 18 Dezembro de 2014, o Papa ao receber os embaixadores, no Vaticano, disse: "Hoje estamos todos felizes, porque vimos que dois povos que estavam afastados há muitos anos, ontem deram um passo para a reaproximação. E isso aconteceu por meio dos embaixadores da diplomacia”.

Em 21 de Janeiro de 2015, Obama pediu, no Discurso do Estado da União, que o Congresso colocasse fim este ano ao embargo a Cuba.

As equipes de negociação de Cuba e dos Estados Unidos realizaram a primeira rodada de negociações em 21 e 22 de Janeiro, em Havana, onde deram os primeiros passos para restaurar as relações rompidas desde 1961, com a reabertura de embaixadas como um dos temas prioritários.

Os presidentes de Cuba, Raul Castro, e Barack Obama, se saudaram em 10 de Abril, durante a abertura da Sétima Cúpula das Américas, no Panamá.

A declaração oficial da Santa Sé: “O Papa levou em consideração a ideia de realizar uma etapa em Cuba por ocasião da sua próxima viagem aos Estados Unidos. Todavia, os contactos com as autoridades do país ainda estão num estágio demasiado inicial para que hoje se possa falar desta etapa como uma decisão tomada e um projecto operativo”.

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