Em uma entrevista à La Civiltà Cattolica, o Patriarca Ortodoxo explica a contribuição que o Papa está dando ao diálogo ecuménico
Roma, 01 de Abril de 2015 (Zenit.org)
A "liderança extraordinária" do Papa Francisco, o ecumenismo
e a questão da colegialidade. São os temas abordados por Bartolomeu I,
Patriarca ecuménico de Constantinopla, em uma longa entrevista dada ao
director da revista italiana La Civiltà Cattolica, padre Antonio Spadaro,
que será publicada no número do dia 4 de Abril em Italiano e Inglês.
O diálogo entre católicos e ortodoxos – destaca o Patriarca - é uma
questão "ligada a muitos preconceitos e polémicas de ambos os lados".
Bartolomeu I dá exemplos concretos destes problemas: "Toda vez que
entre os ortodoxos se discute a primazia, vêm logo à mente a da
autoridade pontifícia, especialmente à luz dos abusos da época medieval;
e toda vez que entre os católicos romanos se discute a colegialidade,
teme-se imediatamente que a autoridade do Papa seja posta em causa ou
até mesmo que se passe por cima dela. Portanto, vai levar tempo para
discernir as verdadeiras preocupações e as intenções de cada um”.
Aguardando este discernimento, Bartolomeu I disse que "o
comportamento dos líderes religiosos terá um impacto significativo na
forma como é percebida a autoridade na Igreja". Daí seus argumentos
sobre o Papa Francisco. "A sinodalidade - diz - precisa de um
'primeiro', do protos: não se entende sem ele, que é aquele que tem o
carisma da diaconia a serviço da comunhão. O protos é aquele que está em
busca do consenso de todos. E justo esse é o ponto em que
verdadeiramente sentimos que o nosso irmão Francisco revelou uma
liderança extraordinária".
Bartolomeu diz que "desde o início da eleição do Papa Francisco
sentimos que havia algo especial nele: a sua integridade, a sua
espontaneidade, o seu calor. Este é o motivo pelo qual decidi participar
da sua missa inaugural em Março de 2013”. Esta foi a primeira vez que
um arcebispo de Constantinopla esteve presente naquela ocasião na Igreja
de Roma.
As duas igrejas já podem colaborar, na espera que se desenvolva um
trabalho de unidade, em muitos temas ligados “às necessidades cruciais
do nosso mundo”. Precisamente por este motivo - acrescenta Bartolomeu -
"mais ainda do que 50 anos atrás, há uma necessidade urgente de
reconciliação, que tornou os encontros com o nosso irmão Papa Francisco
em Jerusalém e Roma eventos de grande importância e de mais amplo
impacto".
Falando especificamente da Igreja Ortodoxa, Bartolomeu é da opinião
de que ela já é capaz “de dar muito em termos de testemunho, ao mundo
inteiro”. Por isso, o Sínodo de 2016 "será um elemento fundamental para o
desenvolvimento e a presença da Igreja ortodoxa no mundo
contemporâneo”.
O Patriarca observa, no entanto, a presença de “um elemento
conservador em crescimento em muitas Igrejas e ambientes ortodoxos, que
reage aos desafios contemporâneos da nossa época fechando-se em uma
existência sufocante e excludente". Atitude que não corresponde à
prática e à promessa da Igreja Cristã, que sempre esteve pronta para
responder a qualquer um a razão da esperança que há em nós”, como lemos
na Primeira Carta de Pedro, no capítulo 3”.
(01 de Abril de 2015) © Innovative Media Inc.
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