A imprensa mundial continua rendendo-se a Francisco |
O New York Times: "É um desafio à hierarquia do Vaticano"
Cabeçalhos de todo o planeta coincidem em que se trata de "um golpe contra o capitalismo global"
Redacção, 27 de Novembro de 2013 às 16:34
A primeira Exortação Apostólica do papa Francisco com o nome Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho) foi difundida ontem pelo Vaticano, e o documento de 142 páginas (na sua versão em espanhol) foi objecto de análise dos principais diários mundiais, que coincidiram em destacar a sua potência e carácter "revolucionário", e até um diário marcou-o de "golpe ao capitalismo global".
O diário britânico The Guardian disse no título que o Papa Francisco chama ao capitalismo sem limites "tirania e insta os ricos a partilhar a riqueza".
Para o prestigioso matutino esquerdista, o documento "equivale a uma plataforma oficial do seu papado" e nele Francisco "vai mais longe que nos seus comentários anteriores criticando o sistema económico mundial, a idolatria do dinheiro, e pedindo aos políticos para garantir a todos os cidadãos trabalho digno, educação e saúde".
Pela sua parte, o New York Times sustém que, com a publicação da Evangelii Gaudium, Francisco "anunciou o seu programa nas suas próprias palavras, o que reafirma a impressão de que tem a intenção de sacudir a Igreja da autocomplacência e elevar a todos os católicos no seu ambicioso projecto de renovação mediante a confrontação das necessidades reais das pessoas menos afortunadas".
O emblemático diário diz além disso que o documento é um "desafio à hierarquia do Vaticano" e que está "indissoluvelmente ligada à sua análise do que está mal com o mundo", citando as suas denúncias à "ditadura de um sistema económico mundial" e "um mercado livre que perpetua a desigualdade e devora o que é frágil, incluindo os seres humanos e o meio ambiente".
Outro media norte-americano, o influente Wall Street Journal, também aborda a primeira Exortação Apostólica de Francisco, e sustém que o bispo de Roma "chamou a Igreja a renovar o seu enfoque nos pobres e lançou um golpe contra o capitalismo global".
O artigo do Jornal expressa que a linguagem utilizada pelo Papa argentino no texto é "inusualmente directa", e que o dito manifesto "reúne muitos dos temas que enfatizou desde a sua eleição".
Apesar de destacar o confrontativo da sua mensagem, a nota sublinha que em temas como o aborto e o ordenamento das mulheres, "Francisco não se afastou da doutrina tradicional da Igreja".
Entretanto, o diário El País de Espanha decidiu ir com um texto de Francisco no título ("A economia da exclusão e a iniquidade mata") e afirma que com a Evangelii Gaudium Francisco "deixa claro que a Igreja actual, a sua Igreja, não é do seu gosto, mas tampouco o mundo que a rodeia".
Segundo a análise do matutino espanhol, Francisco vê uma Igreja Católica "salpicada de invejas, zelos e guerras, preocupada excessivamente por si mesma, e um mundo onde triunfa uma economia que mata através da exclusão e da iniquidade".
"Daí que o Papa fixe o horizonte do seu papado sobre dois rails paralelos. Uma reforma da Igreja, que inclua uma conversão do próprio papado, e um chamamento urgente aos políticos para que lutem contra a tirania do sistema económico", opina El País, em coincidência com outro diário espanhol, El Mundo, que faz foco na mensagem de Francisco a favor dos pobres.
Pelo contrário, o diário Le Monde de França destaca a mensagem de Francisco pedindo a flexibilização com respeito aos mandatos morais, titulando que o Papa "chama à Igreja a sair do catálogo dos pecados".
Para o diário francês, o documento que qualificam de "folha de rota oficial do seu pontificado", leva o selo de Francisco, já que diferentemente da encíclica sobre a fé assinada em conjunto com Bento XVI que se conheceu em Junho passado, este trabalho "reflecte a sua visão de como vê o mundo".
(RD/Agencias)
Cabeçalhos de todo o planeta coincidem em que se trata de "um golpe contra o capitalismo global"
Redacção, 27 de Novembro de 2013 às 16:34
A primeira Exortação Apostólica do papa Francisco com o nome Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho) foi difundida ontem pelo Vaticano, e o documento de 142 páginas (na sua versão em espanhol) foi objecto de análise dos principais diários mundiais, que coincidiram em destacar a sua potência e carácter "revolucionário", e até um diário marcou-o de "golpe ao capitalismo global".
O diário britânico The Guardian disse no título que o Papa Francisco chama ao capitalismo sem limites "tirania e insta os ricos a partilhar a riqueza".
Para o prestigioso matutino esquerdista, o documento "equivale a uma plataforma oficial do seu papado" e nele Francisco "vai mais longe que nos seus comentários anteriores criticando o sistema económico mundial, a idolatria do dinheiro, e pedindo aos políticos para garantir a todos os cidadãos trabalho digno, educação e saúde".
Pela sua parte, o New York Times sustém que, com a publicação da Evangelii Gaudium, Francisco "anunciou o seu programa nas suas próprias palavras, o que reafirma a impressão de que tem a intenção de sacudir a Igreja da autocomplacência e elevar a todos os católicos no seu ambicioso projecto de renovação mediante a confrontação das necessidades reais das pessoas menos afortunadas".
O emblemático diário diz além disso que o documento é um "desafio à hierarquia do Vaticano" e que está "indissoluvelmente ligada à sua análise do que está mal com o mundo", citando as suas denúncias à "ditadura de um sistema económico mundial" e "um mercado livre que perpetua a desigualdade e devora o que é frágil, incluindo os seres humanos e o meio ambiente".
Outro media norte-americano, o influente Wall Street Journal, também aborda a primeira Exortação Apostólica de Francisco, e sustém que o bispo de Roma "chamou a Igreja a renovar o seu enfoque nos pobres e lançou um golpe contra o capitalismo global".
O artigo do Jornal expressa que a linguagem utilizada pelo Papa argentino no texto é "inusualmente directa", e que o dito manifesto "reúne muitos dos temas que enfatizou desde a sua eleição".
Apesar de destacar o confrontativo da sua mensagem, a nota sublinha que em temas como o aborto e o ordenamento das mulheres, "Francisco não se afastou da doutrina tradicional da Igreja".
Entretanto, o diário El País de Espanha decidiu ir com um texto de Francisco no título ("A economia da exclusão e a iniquidade mata") e afirma que com a Evangelii Gaudium Francisco "deixa claro que a Igreja actual, a sua Igreja, não é do seu gosto, mas tampouco o mundo que a rodeia".
Segundo a análise do matutino espanhol, Francisco vê uma Igreja Católica "salpicada de invejas, zelos e guerras, preocupada excessivamente por si mesma, e um mundo onde triunfa uma economia que mata através da exclusão e da iniquidade".
"Daí que o Papa fixe o horizonte do seu papado sobre dois rails paralelos. Uma reforma da Igreja, que inclua uma conversão do próprio papado, e um chamamento urgente aos políticos para que lutem contra a tirania do sistema económico", opina El País, em coincidência com outro diário espanhol, El Mundo, que faz foco na mensagem de Francisco a favor dos pobres.
Pelo contrário, o diário Le Monde de França destaca a mensagem de Francisco pedindo a flexibilização com respeito aos mandatos morais, titulando que o Papa "chama à Igreja a sair do catálogo dos pecados".
Para o diário francês, o documento que qualificam de "folha de rota oficial do seu pontificado", leva o selo de Francisco, já que diferentemente da encíclica sobre a fé assinada em conjunto com Bento XVI que se conheceu em Junho passado, este trabalho "reflecte a sua visão de como vê o mundo".
(RD/Agencias)
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