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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A emotiva e divertida relação do chefe dos bispos dos EUA com o seu irmão síndrome de Down

Joseph Kurtz, fervente militante pró-vida 

O arcebispo Joseph E. Kurtz com uns franciscanos
Actualizado 1 de Dezembro de 2013

Javier Lozano / ReL

Recentemente foi eleito como presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, Joseph E. Kurtz, arcebispo de Lousiville. Desta maneira substituiu o carismático e mediático cardeal arcebispo de Nova Iorque, Timothy Dolan. Depois da sua eleição, destacou-se deste arcebispo de 67 anos a sua experiência em bioética e a sua profunda implicação na causa pró-vida. Um bispo com odor a ovelha, como diria o Papa, um bispo que não fica no seu despacho mas sim que se passeia pela rua.

De facto, uma das imagens mais chamativas de monsenhor Kurtz que se expandiu depois de chegar à presidência dos bispos estadunidenses foi na que aparece de joelhos e rezando o Rosário frente a uma clínica abortista como um militante pró-vida mais.

Uma história pessoal com muito fundo
Talvez a sua história pessoal tenha sido um acicate mais para que este bispo tenha posto na primeira fila das suas prioridades a luta pró-vida. E é que Joseph Kurtz tem um irmão mais novo com síndrome de Down, um irmão que lhe deu um sem-fim de alegrias tanto a ele como a toda a gente próxima do arcebispo.

O mesmo Kurtz recordava em 2012 um artigo que ele mesmo escreveu no Catholic Digest em 1990 no qual relatava esta bonita história intitulando-a ‘A alegria de Georgie’, na qual recordava o seu irmão, que faleceu em 2002 aos 48 anos.

Quando faleceu a mãe de ambos, os irmãos decidiram que fosse Joseph o que tomasse conta de Georgie pelo que este o levou para a paróquia na qual estava destinado na Pensilvânia. Logo, o risonho Georgie revolucionou toda a paróquia.

A luz do seu irmão Georgie
Contava o próprio Kurtz no artigo que “na casa paroquial, Georgie contribuiu de muitas maneiras, é um construtor de comunidade por excelência”. E é que, recorda que “não tinham passado duas semanas antes de que já tivesse posto apelido” a cada uma das pessoas que trabalhavam na paróquia.

Por isso, o actual presidente dos bispos dos EUA afirmava que tal como “no Antigo Testamento, Deus deu a Abraão um novo nome para reclamá-lo como seu, assim Georgie nos reivindicou rapidamente como parte da sua família”.

Deste modo, logo todos se aperceberam do raio de luz que representava Georgie nas suas vidas. “Através de um ‘boo’, um abraço brincalhão de vez em quando ou de uma palmadita nas costas, Georgie trouxe à paróquia uma felicidade que se fez contagiosa. Converteu-se num companheiro de trabalho”, indicava então Joseph Kurtz.

“Um tempo para desfrutar”
Até tal ponto chegou a sua entrada na paróquia que quando anunciou que ia uma semana de férias com uma das suas irmãs todos se puseram em pé de guerra perguntando-se que iam fazer durante esses dias.

“Foi um tempo para deter-se, fazer uma pausa e desfrutar”. Na sua opinião, “Georgie sabia o que acabávamos de descobrir pouco a pouco, que era quem cuidava de mim e de tantos outros”. Quer dizer, o rapaz que vinha para ser cuidado pelo seu irmão era o que verdadeiramente cuidava do resto, pois o seu espirito iluminava a todo o que estivesse próximo.

Por isso, Kurtz conta uma anedota que resume na perfeição a capacidade de Georgie para não deixar de surpreender. No artigo publicado em 1990 dizia: “Há pouco, depois de celebrar a Santa Missa pela nossa querida mãe deveria olhar cabisbaixo para ele. Deu-me uma palmadita nas costas e disse-me: ‘não te preocupes, a mamãe está no céu. Tens-me a mim’. Dar e receber são duas caras da mesma moeda. Não pode dar-se uma sem a outra. No caso da relação com meu irmão, posso dizer que recebi muito mais dele que o que dei”.

“Deus nos chama a ser dadores e receptores”
 
Georgie foi deixando uma recordação indelével ali onde foi. Inclusive quando foi nomeado bispo de Knoxville, Kurtz levou-o para o bispado onde igualmente revolucionou a vida de todos até que faleceu em 2002. Por isso, aos dez anos da sua morte, o seu irmão não podia fazer outra coisa que recordá-lo e contar tudo o que lhe trouxe na sua vida e na sua fé. “Esta é a natureza da comunidade cristã. O amor de Cristo chama-nos a todos a ser bons dadores e receptores e assim amar”.

Conhecendo esta história vital do novo presidente da Conferência Episcopal Estadunidense não se estranha a sua férrea defesa da criança por nascer e a sua luta contra o aborto e a eliminação das crianças com síndrome de Down. Ele mais que ninguém sabe de tudo o que podem trazer e a luz que podem irradiar num mundo que necessita sair das trevas.

Por isso, agora entende-se melhor que Kurtz tenha lutado e conseguido que o Vaticano aprovasse em Março de 2012 uma série de bênçãos oficiais para as crianças por nascer e intituladas “Bênçãos para a Criança no seio materno”. O próprio arcebispo apresentava-as como “uma forma muito tangível de testemunhar pastoral e sacramentalmente a vida da criança por nascer”.


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