Cardeal Mauro Piacenza convida todos os fiéis a viverem o sacramento da reconciliação, a começar pelos sacerdotes
Roma, 05 de Dezembro de 2013
"Todos os grandes santos confessores, como o Cura d'Ars,
São Leopoldo Mandic, São Pio de Pietrelcina, também analisavam
cuidadosamente o seu próprio estado de saúde espiritual, utilizando-se
muitas vezes do confessionário", explicou o cardeal Mauro Piacenza na
abertura da 3ª Semana Internacional da Reconciliação, realizada no final
de Novembro em San Giovanni Rotondo.
O cardeal afirmou que a frase "Creio na remissão dos pecados" é uma
antiga profissão de fé, de origem romana, tradicionalmente ligada o
anúncio dos próprios apóstolos, e que atingiu a sua formulação
definitiva já no século II, embora pequenas variações no texto possam
ter ocorrido no período carolíngio.
Em sua raiz, o Credo dos Apóstolos é uma forma extraordinária de
professar a fé, afirmou o cardeal, recordando que "Cristo derramou o dom
do Espírito Santo sobre os apóstolos vinculando-o à remissão dos
pecados cometidos pelos homens".
Apontando no baptismo "a primeira e principal forma de remissão dos
pecados por obra do Espírito Santo", Piacenza declarou que o baptismo e a
penitência estão intimamente ligados, já que esta última é referida
muitas vezes como um “segundo baptismo" ou até mesmo como a "segunda
penitência", reconhecendo o baptismo como a primeira.
O papa Francisco, recentemente, perguntou aos fiéis se eles sabiam o
dia em que foram baptizados, para comemorá-lo como se comemora o
aniversário de nascimento. Disse o papa: "Quando vamos confessar as
nossas fraquezas, os nossos pecados, nós pedimos o perdão de Jesus e
também renovamos o baptismo com esse perdão. E isso é bonito, é como
comemorar o dia do nosso baptismo em cada confissão".
De acordo com o penitenciário-mor, o baptismo e a confissão reabrem as
portas que estavam fechadas por causa das nossas fraquezas. "Deixar-se
perdoar por Deus, deixar-se amar pelo amor divino que purifica, é um
aspecto fundamental do nosso ser cristãos e, em particular, do nosso ser
sacerdotes", ressaltou, acrescentando que um padre "que não se
reconcilia com Deus dificilmente será um bom reconciliador dos homens
com Deus".
"Ao levantar a mão em bênção e pronunciar a fórmula prescrita de
absolvição, o que o sacerdote faz é emprestar o seu corpo e a sua voz
para o próprio Senhor, que banha a alma do penitente com o mérito do seu
precioso sangue expiatório: aquele sangue que, juntamente com a água,
símbolo baptismal, fluiu do seu lado sagrado na cruz".
A confissão, prosseguiu o cardeal, não é um trabalho de rotina, muito
menos um "aconselhamento", mas um "mistério da fé" e um "sinal
sacramental". "É preciso lembrar que o padre, no confessionário, como em
outros âmbitos do seu ministério, não fala em seu próprio nome, mas em
nome de Cristo e da Igreja, da qual ele é humilde ministro". E esta
mesma palavra, do latim minister, significa precisamente servo, "aquele que está a serviço".
Como humildes trabalhadores na vinha do Senhor, acrescentou Piacenza,
"nós não somos chamados a reinventar a doutrina e a moral. O que nós
temos é o dever de orientar as consciências à luz delas".
O cardeal exortou os sacerdotes a se manterem disponíveis para ouvir
as confissões individuais dos fiéis: "É altamente desejável que todos os
dias haja um padre no confessionário, inclusive em horários
determinados, para que as pessoas possam vê-lo à espera das almas que
precisam ser reconciliadas com Deus".
"A experiência ensina que os fiéis recebem este sacramento com
alegria nos locais em que eles sabem e vêem que há sacerdotes
disponíveis. E não podemos nos esquecer da possibilidade de facilitar o
recurso dos fiéis ao sacramento da reconciliação e da penitência também
durante a celebração da Santa Missa".
in
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