O livro “Igreja e Maçonaria”, do professor universitário Alberto de la Bárcena, expõe as profundas diferenças entre a fé católica e a prática maçónica. Entre os rituais deste grupo, aponta o autor, há consagrações ao demónio, assim como a explícita renúncia do Cristianismo pisando uma cruz.
Neste
livro, reitera o seu autor, não há rumores nem juízos de valor, porque contém
“documentos pontifícios, encíclicas, pronunciamentos dos Papas”. “Todas as frases estão documentadas”, lamentando que este “é um
tema do qual não se fala e, muitas vezes, os próprios cristãos estão
confusos”.“Queria que este livro
mostrasse a verdade da doutrina em relação à maçonaria”.
Além disso, insiste que “a posição da Igreja não mudou em nada desde a primeira condenação em 1738, embora alguns quisessem difundir a opinião de que é possível pertencer a uma loja e a uma Igreja. Mas não é assim”, e as condenações dos Papas não foram genéricas ou superficiais, mas claras e detalhadas, explicando por que foram excomungados os maçons.
Três séculos após a fundação da primeira Grande
Loja Maçónica, os princípios dessa instituição continuam frontalmente
incompatíveis com a doutrina católica. O antagonismo recíproco entre a Igreja Católica e a Maçonaria está bem confirmado
e é de longa data, as duas instituições têm sido reconhecidas, mesmo pela
mentalidade secular, como implacavelmente opostas uma à outra. Aparentemente, a Maçonaria pode parecer não passar de um clube esotérico,
mas ela já foi, e continua sendo, um movimento filosófico altamente influente com
grande impacto, ainda que subtil, na sociedade e na política moderna.
Entre o Papa Clemente XII, em 1738, e a
promulgação do primeiro Código de Direito Canónico, em 1917, oito papas ao todo escreveram condenações explícitas à Franco-maçonaria.
Todas previam a mais estrita pena eclesiástica para quem se associasse:
excomunhão automática reservada à Sé Apostólica. O que Clemente XII denunciou originalmente, não era
uma sociedade republicana revolucionária, mas um grupo que propagava o
indiferentismo religioso: a ideia de que todas as religiões (e nenhuma delas)
têm igual validade, e que na Maçonaria estão todas unidas para servirem a um
entendimento comum e mais elevado da virtude. Desde o princípio, a preocupação
primária da Igreja foi a de que a Maçonaria submete a fé de um católico à da
loja, obrigando-o a colocar uma fraternidade secularista fundamental acima da
comunhão com a Igreja.
A Igreja Católica nunca aceitou que os seus fiéis
fossem da maçonaria e historicamente já se opôs radicalmente a esta sociedade
secreta, devido aos seus princípios anticristãos,
em especial os deístas, libertários e humanistas
ou iluministas.
A longa história de condenação pública começou quando
o Cardeal André Hercule de Fleury, primeiro-ministro
de Luís XV,
a 14 de Setembro de 1737,
proibia todas as reuniões secretas e, especialmente, a formação de associações
qualquer que fosse o pretexto e qualquer que fosse a denominação.
Depois foi a vez do Papa Clemente
XII, a 28 de Abril de 1738, que proibiu os católicos
de se tornarem membros de lojas maçónicas, através da bula In eminenti apostolatus specula.
A Igreja Católica assinalava assim a incompatibilidade
entre o juramento e o segredo das obediências maçónicas e a condição de cristão
integrado na Igreja Católica Romana. Após essa primeira condenação, surgiram
mais de vinte outras.
Entre elas, que fazem referências desfavoráveis à
maçonaria além da referida, enumeram-se as seguintes: Providas Romanorum, de
Bento XIV
(1751);
Ecclesiam a Jesu Christo, de Pio VII
(1821);
Quo Gravioria Mala, de
Leão XII
(1825);
Traditi Humilitati (1829), Litteris Altero
(1830), Pio VIII;
Mirari Vos (1832), Gregório XVI;
Qui Pluribus
(1846), Quibus
Quantisque Malis (1849), Quanta Cura (1864), Multiplices Inter (1865), Apostolicae Sedis Moderatoni (1869), Etsi Multa
(1873),
Etsi Nos
(1882),
de Pio IX;
Humanum Genus
(1884),
Officio Sanctissimo (1887), Dall’Alto Dell’Apostolico Seggio (1890), Inimica Vis
(1892),
Custodi di quella fede (1892), Praeclara (1894), Annum
ingressi (1902), de Leão XIII.
O último documento oficial de referência é a Declaração
sobre a maçonaria, assinado pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,
cardeal Joseph Ratzinger, depois Papa Bento
XVI, em 26 de Novembro de 1983. O texto afirma que permanece
imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas,
pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina
da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que
pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado
grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Até 1983, a pena para Católicos que se associassem a essa
sociedade era de excomunhão. Desde então, a pena é um interdito,
afastando o fiel da recepção dos Sacramentos
(principalmente Confissão e Eucaristia).
Mais
recentemente, o Papa Francisco tem mostrado a sua grande preocupação com uma infiltração maçónica na Cúria e
noutras organizações católicas.
Foi
e é um desejo maçónico tirar da Igreja qualquer forma de controlo ou influência
sobre escolas, hospitais, instituições de caridade públicas, universidades e qualquer
outra associação que sirva ao bem comum, como o de reduzir o matrimónio a um mero
contrato civil, promover o divórcio e apoiar a legalização do aborto.
É praticamente impossível saber
destas intenções e não reconhecer nelas a base de quase todo o discurso
político contemporâneo e constatar o sucesso deste processo de secularismo.
Artur Pereira dos Santos
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