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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Substituir Deus pelo demónio

O livro “Igreja e Maçonaria”, do professor universitário Alberto de la Bárcena, expõe as profundas diferenças entre a fé católica e a prática maçónica. Entre os rituais deste grupo, aponta o autor, há consagrações ao demónio, assim como a explícita renúncia do Cristianismo pisando uma cruz.

 

Neste livro, reitera o seu autor, não há rumores nem juízos de valor, porque contém “documentos pontifícios, encíclicas, pronunciamentos dos Papas”. “Todas as frases estão documentadas”, lamentando que este “é um tema do qual não se fala e, muitas vezes, os próprios cristãos estão confusos”.“Queria que este livro mostrasse a verdade da doutrina em relação à maçonaria”.

 

Além disso, insiste que “a posição da Igreja não mudou em nada desde a primeira condenação em 1738, embora alguns quisessem difundir a opinião de que é possível pertencer a uma loja e a uma Igreja. Mas não é assim”, e as condenações dos Papas não foram genéricas ou superficiais, mas claras e detalhadas, explicando por que foram excomungados os maçons.

Três séculos após a fundação da primeira Grande Loja Maçónica, os princípios dessa instituição continuam frontalmente incompatíveis com a doutrina católica. O antagonismo recíproco entre a Igreja Católica e a Maçonaria está bem confirmado e é de longa data, as duas instituições têm sido reconhecidas, mesmo pela mentalidade secular, como implacavelmente opostas uma à outra. Aparentemente, a Maçonaria pode parecer não passar de um clube esotérico, mas ela já foi, e continua sendo, um movimento filosófico altamente influente com grande impacto, ainda que subtil, na sociedade e na política moderna.

Entre o Papa Clemente XII, em 1738, e a promulgação do primeiro Código de Direito Canónico, em 1917, oito papas ao todo escreveram condenações explícitas à Franco-maçonaria. Todas previam a mais estrita pena eclesiástica para quem se associasse: excomunhão automática reservada à Sé Apostólica. O que Clemente XII denunciou originalmente, não era uma sociedade republicana revolucionária, mas um grupo que propagava o indiferentismo religioso: a ideia de que todas as religiões (e nenhuma delas) têm igual validade, e que na Maçonaria estão todas unidas para servirem a um entendimento comum e mais elevado da virtude. Desde o princípio, a preocupação primária da Igreja foi a de que a Maçonaria submete a fé de um católico à da loja, obrigando-o a colocar uma fraternidade secularista fundamental acima da comunhão com a Igreja. 

A Igreja Católica nunca aceitou que os seus fiéis fossem da maçonaria e historicamente já se opôs radicalmente a esta sociedade secreta, devido aos seus princípios anticristãos, em especial os deístas, libertários e humanistas ou iluministas.

A longa história de condenação pública começou quando o Cardeal André Hercule de Fleury, primeiro-ministro de Luís XV, a 14 de Setembro de 1737, proibia todas as reuniões secretas e, especialmente, a formação de associações qualquer que fosse o pretexto e qualquer que fosse a denominação.

Depois foi a vez do Papa Clemente XII, a 28 de Abril de 1738, que proibiu os católicos de se tornarem membros de lojas maçónicas, através da bula In eminenti apostolatus specula.

A Igreja Católica assinalava assim a incompatibilidade entre o juramento e o segredo das obediências maçónicas e a condição de cristão integrado na Igreja Católica Romana. Após essa primeira condenação, surgiram mais de vinte outras.

Entre elas, que fazem referências desfavoráveis à maçonaria além da referida, enumeram-se as seguintes: Providas Romanorum, de Bento XIV (1751); Ecclesiam a Jesu Christo, de Pio VII (1821); Quo Gravioria Mala, de Leão XII (1825); Traditi Humilitati (1829), Litteris Altero (1830), Pio VIII; Mirari Vos (1832), Gregório XVI; Qui Pluribus (1846), Quibus Quantisque Malis (1849), Quanta Cura (1864), Multiplices Inter (1865), Apostolicae Sedis Moderatoni (1869), Etsi Multa (1873), Etsi Nos (1882), de Pio IX; Humanum Genus (1884), Officio Sanctissimo (1887), Dall’Alto Dell’Apostolico Seggio (1890), Inimica Vis (1892), Custodi di quella fede (1892), Praeclara (1894), Annum ingressi (1902), de Leão XIII.

O último documento oficial de referência é a Declaração sobre a maçonaria, assinado pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, depois Papa Bento XVI, em 26 de Novembro de 1983. O texto afirma que permanece imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.

Até 1983, a pena para Católicos que se associassem a essa sociedade era de excomunhão. Desde então, a pena é um interdito, afastando o fiel da recepção dos Sacramentos (principalmente Confissão e Eucaristia).

Mais recentemente, o Papa Francisco tem mostrado a  sua grande preocupação com uma infiltração maçónica na Cúria e noutras organizações católicas.

Foi e é um desejo maçónico tirar da Igreja qualquer forma de controlo ou influência sobre escolas, hospitais, instituições de caridade públicas, universidades e qualquer outra associação que sirva ao bem comum, como o de reduzir o matrimónio a um mero contrato civil, promover o divórcio e apoiar a legalização do aborto.

É praticamente impossível saber destas intenções e não reconhecer nelas a base de quase todo o discurso político contemporâneo e constatar o sucesso deste processo de secularismo.


Artur Pereira dos Santos 


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