Após o Sínodo da Amazónia, deparei-me com o artigo de um sacerdote que me fez pensar. Voltava ao tema de pessoas divorciadas, numa segunda relação, poderem ou não comungar. Para dar força ao que pensava, apoiava-se no facto de Jesus não ter recusado a comunhão a Judas Iscariotes na Última Ceia. Não foi uma ideia feliz, pois o que esperamos dos sacerdotes é que nos ensinem e ajudem a ir para o Céu [1], não a sermos encaminhados por vias que podem levar ao inferno,
Segundos
os ensinamentos da Igreja, os pecados podem ser veniais, mortais ou sacrílegos.
Pode-se, e é aconselhável, comungar tendo cometido algum pecado venial porque esses
pecados ficam perdoados e a comunhão ajuda a resistir às tentações. Quem está
em pecado mortal - é o caso de quem vive em adultério - não deve comungar, pois
o pecado que comete é ainda maior que o pecado mortal (é o chamado sacrilégio):
“Assim, todo aquele que comer o pão ou
beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor.
Portanto, examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba
deste vinho; pois aquele que come e bebe sem distinguir o corpo do Senhor come
e bebe a própria perdição” Coríntios 11, 27-29.
Os
cristãos devem esforçar-se por conhecer a lei de Deus para poderem salvar-se; e
os sacerdotes devem ensinar toda a lei de Deus com verdade, isto é, sem nada
omitir e sem a alterar.
Pelo
que atrás ficou dito, compreende-se que quem se quer salvar deve viver a
castidade de acordo com o seu estado de solteiro ou casado. Pecar nesta matéria
é grave e a pessoa não pode comungar enquanto não se arrepender, confessar e
estiver firmemente decidida a não voltar a pecar. No entanto, os sacerdotes não
devem recusar a comunhão aos fiéis, pois não conhecem o estado das suas almas.
Se uma pessoa é conhecida pela sua vida desonesta, os familiares e amigos devem
esclarecê-la explicando-lhe o perigo que corre se condenar para sempre. Feito
isto, resta-lhes rezar para que tal pessoa se venha a arrepender.
Concluindo: se a Igreja afirma que não se pode comungar em pecado mortal, isso significa que, se o fizer, vai ofender muito Nosso Senhor. Se morrer sem se confessar, certamente se condenará. Foi isto que Jesus ensinou e os sacerdotes, pais, catequistas e educadores devem ensinar, tal como os pais avisam os seus filhos dos perigos que correm, dizendo que “não podem fazer algo”. Deste modo, ajudarão muitas pessoas a salvar a sua alma e eles próprios se salvarão. Um santo nunca vai sozinho para o Céu.
[1] No seu livro “A Noite Vai Caindo e o Dia Já Está no Ocaso”, Lucerna, o Cardeal Robert Sarah escreve na pg. 149: “Penso que a verdadeira fonte da crise da teologia moral é o medo que invadiu os corações dos clérigos. Nós temos medo de que nos tomem por inquisidores cruéis. Não queremos ser impopulares aos olhos do mundo. Contudo, como lembra S. Paulo VI, que sentiu isso a propósito da contracepção, “não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas” (Humamae Vitae, nº 29).
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