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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Jovens maltratados

Os jovens são maltratados quando não lhes são transmitidos os padrões educativos que potenciam autoconfiança, valores, afectos, tranquilidade em família, solidariedade e compreensão, enquanto em contrapartida são bombardeados com mensagens de todo o género, incluindo violência física, psíquica e moral. São mal tratados quando lhes é cerceada a possibilidade de serem profundamente felizes, inteiramente pessoas e futuros adultos responsáveis, respeitáveis, comprometidos com a vida, a sociedade e com o mundo.

Uma educação permissiva alerta as crianças para os seus direitos mas não para os seus deveres, não põe limites à esfera de acção, faculta, facilita e impede de atingir maturidade. Há que perceber a diferença entre filhos mais velhos e filhos adultos…

Os jovens são maltratados sempre que são expostos a actos de violência, alguns muito brutais e muitas vezes de cariz sexual. Os sites, os vídeos, a net e toda uma série infindável de tecnologias, distribuem abundantemente e de forma gratuita, cenas que levam qualquer criança, jovem ou mesmo alguns adultos a não saber, nem poder distinguir o que é verdadeiramente aceitável, normal ou desejável do que é variante perturbada e perturbadora, humanamente inaceitável.

As crianças e os jovens precisam de padrões, de referências, de normas, regras e hábitos para poderem crescer e formar-se, em segurança, bem-estar, construindo-se integralmente como pessoas, aprendendo a distinguir o bem do mal, a fortalecer a vontade e a desenvolver-se com disciplina, condição essencial para uma boa harmonia na família e indispensável para uma boa aprendizagem escolar, com os inerentes reflexos na malha social.

Saber dizer não com afecto, poder tolerar um pouco, mas nunca ser permissivo, há que saber distinguir estes termos para os poder aplicar no momento exacto, sem muitas palavras, mas com bons exemplos.

O microcosmos da família é o grande modelador da personalidade das crianças e dos jovens na medida em que é ali que se vai beber todas a aprendizagem. Descuidar ou minimizar esta realidade é, no mínimo, criar condições para comportamentos disfuncionantes. Não obstante as muitas alterações familiares e profissionais sofridas nas últimas décadas, não invalidada que se deva reforçar este sentido de responsabilidade educativa e formativa, pois consoante se educar no presente, assim se reflectirá no futuro. É um facto que dá trabalho, mas também é uma verdade que se poupam muitos trabalhos, educar no presente é uma forma de bem tratar os jovens, fornecendo-lhes todas as performances para crescerem de forma íntegra numa sociedade responsável.

Maria Susana Mexia 


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