Em sentido estrito, o termo “criação” designa a produção de algo a partir do nada, por isso as teorias da evolução nada têm que objectar à necessidade de admitir um Criador. Estas teorias só estudam a origem de uns seres vivos a partir de outros, mas sempre ficará por responder qual é a causa última da existência de tudo o que existe, e a esse nível é necessário admitir a existência de um Deus Criador que, possuindo por si mesmo o acto de ser, pode produzir seres a partir do nada, quer dizer, pode criá-los.
Sabendo da existência do espírito humano, reconhecemos que
este não emergiu da matéria, pois pertence a uma ordem essencialmente
diferente. Não há nenhuma lei natural segundo a qual a natureza possa ser
criativa ou o espírito possa surgir da matéria.
Não é uma questão de colocar entraves ao evolucionismo para o
tornar compatível com o criacionismo, mas de reconhecer que não se pode aceitar
como racional o que só pode ser reconhecido pela fé sobrenatural, nem como
conclusão científica o que é meramente uma visão filosófica discutível ou mesmo
equivocada. Quando se formulam filosofias evolucionistas não se podem nem devem
apresentá-las como “cientificamente provadas”.
Afirmar que a natureza é criativa em sentido restrito, ou que
o universo é auto-suficiente, ou que do espírito pode proceder a matéria, ou
que não é necessária a criação divina para explicar a emergência da natureza,
são conclusões que não estão abrangidas pela ciência, logo saem fora do campo
científico-experimental. São meras especulações, cuja falsidade se pode demonstrar
com argumentos meramente racionais.
Se, à partida, parece haver um conflito ente criacionismo e
evolucionismo, é porque este apresenta como verdade certa o que não passa de uma
simples hipótese, muitas vezes sem fundamento sólido ou científico, e nunca uma
afirmação pseudocientífica que extravasa o campo da ciência pode constituir um
contraditório ao criacionismo. Se uma dada hipótese evolucionista é
materialista e ateia, é contrária à doutrina da criação divina por este mesmo
motivo e não por ser evolucionista. À ciência experimental só lhe compete
estudar o que sucede aos seres que já existem, quanto ao poder saber sobre a
criação a partir do nada é impossível, pois o seu método rigoroso não lhe permite
esse desvio afastando-se das leis da matéria.
Há e houve bons cientistas que muito ao jeito do “politicamente correcto”, excederam o seu limite de observação e experimentação, avançando com algumas afirmações fora do âmbito do seu campo de trabalho e, como é óbvio, mediaticamente logo essas perspectivas foram apregoadas como grandes conclusões e descobertas científicas. Mas não, a ciência tem o seu campo de trabalho delimitado, o cristianismo tem a sua versão divina, não há conflitos entre ambos, só os boatos pseudocientíficos do materialismo ateu dominante procuram fazer agitação e confundir. Opiniões de ideologias, por muito que sejam difundidas, não passam de invenções ou mentiras.
Emanuel do Carmo Oliveira
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