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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Não existem conflitos reais

Em sentido estrito, o termo “criação” designa a produção de algo a partir do nada, por isso as teorias da evolução nada têm que objectar à necessidade de admitir um Criador. Estas teorias só estudam a origem de uns seres vivos a partir de outros, mas sempre ficará por responder qual é a causa última da existência de tudo o que existe, e a esse nível é necessário admitir a existência de um Deus Criador que, possuindo por si mesmo o acto de ser, pode produzir seres a partir do nada, quer dizer, pode criá-los.

Sabendo da existência do espírito humano, reconhecemos que este não emergiu da matéria, pois pertence a uma ordem essencialmente diferente. Não há nenhuma lei natural segundo a qual a natureza possa ser criativa ou o espírito possa surgir da matéria.

Não é uma questão de colocar entraves ao evolucionismo para o tornar compatível com o criacionismo, mas de reconhecer que não se pode aceitar como racional o que só pode ser reconhecido pela fé sobrenatural, nem como conclusão científica o que é meramente uma visão filosófica discutível ou mesmo equivocada. Quando se formulam filosofias evolucionistas não se podem nem devem apresentá-las como “cientificamente provadas”.

Afirmar que a natureza é criativa em sentido restrito, ou que o universo é auto-suficiente, ou que do espírito pode proceder a matéria, ou que não é necessária a criação divina para explicar a emergência da natureza, são conclusões que não estão abrangidas pela ciência, logo saem fora do campo científico-experimental. São meras especulações, cuja falsidade se pode demonstrar com argumentos meramente racionais.

Se, à partida, parece haver um conflito ente criacionismo e evolucionismo, é porque este apresenta como verdade certa o que não passa de uma simples hipótese, muitas vezes sem fundamento sólido ou científico, e nunca uma afirmação pseudocientífica que extravasa o campo da ciência pode constituir um contraditório ao criacionismo. Se uma dada hipótese evolucionista é materialista e ateia, é contrária à doutrina da criação divina por este mesmo motivo e não por ser evolucionista. À ciência experimental só lhe compete estudar o que sucede aos seres que já existem, quanto ao poder saber sobre a criação a partir do nada é impossível, pois o seu método rigoroso não lhe permite esse desvio afastando-se das leis da matéria.

Há e houve bons cientistas que muito ao jeito do “politicamente correcto”, excederam o seu limite de observação e experimentação, avançando com algumas afirmações fora do âmbito do seu campo de trabalho e, como é óbvio, mediaticamente logo essas perspectivas foram apregoadas como grandes conclusões e descobertas científicas. Mas não, a ciência tem o seu campo de trabalho delimitado, o cristianismo tem a sua versão divina, não há conflitos entre ambos, só os boatos pseudocientíficos do materialismo ateu dominante procuram fazer agitação e confundir. Opiniões de ideologias, por muito que sejam difundidas, não passam de invenções ou mentiras.

Emanuel do Carmo Oliveira


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