Dois homens apresentaram denúncias no sistema judicial do Estado do
Vaticano cusando o arcebispo e núncio apostólico em França, Luigi
Ventura, de agressão exual. Este facto levou a Santa Sé a decidir
levantar a imunidade diplomática ao arcebispo. Juntamente com outra
vítima, Mathieu de la Souchère, um funcionário da prefeitura de Paris
acusou Ventura de comportamento inadequado e repetido durante uma
recepção de Ano Novo, em Janeiro deste ano.
O incidente foi relatado à presidente da câmara de Paris, Anne
Hidalgo, e o núncio Ventura foi posteriormente proibido de estar
presente em qualquer iniciativa da autarquia, noticiou o La Croix International.
De acordo com esta fonte, o queixoso diz que Ventura o tocou de forma
imprópria, repetidamente. As autoridades locais tinham aberto uma
averiguação ao caso em Janeiro, mas não tinham ainda questionado o
arcebispo até aqui
.
A queixa foi apresentada directamente ao padre Hans Zollner,
presidente do Centro para a Proteção de Crianças, na Universidade
Pontifícia Gregoriana. “Ele foi muito atencioso”, afirmou De la
Souchère. “Embora nos recordasse que está a trabalhar principalmente no
abuso de crianças, disse que não queria minimizar o que tinha
acontecido.”
O núncio argumenta com uma “conspiração”, alegando que, por causa das
nomeações de bispos que tem feito, haverá quem queira vingar-se dele.
Um padre excomungado em Lyon
A Igreja Católica tem sido, em França, afectada nos últimos anos por
diversos casos de abusos sexuais e conduta inapropriada de membros do
clero. No fim-de-semana passado, o padre Bernard Preynat, condenado por
abuso sexual de menores sobre mais de sete dezenas de escuteiros nas
décadas de 1970 e 80, foi excomungado pela arquidiocese de Lyon, na
sequência do veredicto de 4 de Julho emitido pelo seu tribunal
eclesiástico.
Esta é “apena máxima prevista pela lei da Igreja em tal caso”, disse o
tribunal eclesiástico (composto de três padres e responsável pelo
estudo do caso criminal), citado numa outra notícia do La Croix International.
A sanção justifica-se, acrescenta a declaração, “em vista dos factos e
sua recorrência, o grande número de vítimas, o facto de o padre Bernard
Preynat ter abusado da autoridade que lhe é conferida a ele pela sua
posição dentro do grupo de escuteiros que ele fundou e liderou desde a
sua criação”.
Preynat, 74 anos, encontrava-se já suspenso de exercer o ministério
presbiteral. Tem agora cerca de um mês para recorrer da decisão para o
tribunal da Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, no final de
um processo que dura há já mais de um ano.
O julgamento civil deve começar em meados do próximo ano civil e cada
vítima deve vir a pretender uma indemnização de 10 mil euros, segundo
testemunhos recolhidos pelo Mediapart e que, segundo uma das vítimas, deve ser destinado a associações católicas de apoio social.
Em Março, na sequência da condenação a que o tribunal o sujeitou por
encobrimento das acções de Bernard Preynat, o cardeal Philippe Barbarin,
na altura arcebispo de Lyon, pediu ao Papa a resignação do cargo, em
consequência da condenação por encobrimento.
Outro bispo francês, Hervé Gaschignard, resignara em 2017 do lugar de
bispo de Dax (sudoeste do país) devido a “atitudes pastorais
inapropriadas” em relação a menores, exercendo actualmente funções de
serviço na diocese de Grenoble.
Os relatos de situações relativas a agressões sexuais têm abrangido
várias comunidades católicas em França. Na comunidade monástica de
Taizé, como o 7MARGENS noticiou, o prior foi comunicar às autoridade a
existência de casos antigos e houve mesmo situações em que o sucedido motivou o suicídio de vários padres.
O Papa Francisco presidiu em Fevereiro a um encontro extraordinário
de bispos em Roma, para discutir a forma como a Igreja Católica deve
abordar e posicionar-se perante os casos de abusos sexuais em todo o
Mundo, pouco depois de ter sido tomado conhecimento de uma ordem religiosa em França que fazia das freiras “escravas sexuais”.
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