A solenidade do Natal, queridos irmãos
e filhos no Senhor, com toda a importância que lhe reconhecemos, não é a mais relevante
do nosso calendário, mas tem sido a que maior ressonância alcançou, dentro e
fora da Igreja. Isso deve-se ao encanto que nos vem de podermos contemplar, num
recém-nascido, o cumprimento das promessas de Deus. Deus ama-nos. Ama-nos tanto
que não ficou indiferente às nossas vidas, tantas vezes vazias ou cheias de
problemas que, por nós próprios, não sabemos nem podemos resolver. Pela Encarnação
e pelo Nascimento de Cristo, o Verbo de Deus, recebemos a garantia e a certeza
de que, verdadeiramente, Deus está connosco!
Festejar o nascimento de Jesus não se
resume para nós à lembrança agradecida do que se passou em Belém, há dois mil e
tantos anos. Esse Menino cresceu, anunciou o Evangelho, foi morto na cruz.
Fisicamente, já não está connosco, mas é muito verdadeira a resposta da
assembleia celebrante: Ele está no meio de nós!
Mas que significa então esta festa?
Porque celebramos o nascimento de Jesus e não o de tantas outras pessoas
notáveis? É que a morte não prendeu Jesus
no passado. Ele ressuscitou, está vivo hoje, é nosso contemporâneo, e quer nascer
espiritualmente no coração dos que n’Ele cremos para que, contemplando a
Deus visível aos nossos olhos, sejamos arrebatados no amor do que é invisível!
O cristianismo é a manifestação de Cristo ressuscitado e vivo hoje neste Seu Corpo,
que é a Igreja.
Tantas vezes escutámos e repetimos já
as mesmas palavras que o Anjo dirigiu à Virgem Maria: Alegra-te, cheia de
graça, o Senhor está contigo. Vais ser mãe do Filho de Deus. Muito admirada
com esta saudação, a Virgem Nossa Senhora respondeu com uma pergunta, com a
mesma pergunta que cada um de nós faria ao receber uma tal saudação:
- Cristo vai nascer em mim? Como
será isso?
- O Espírito Santo virá sobre ti e
cobrir-te-á com a sua sombra!
Para que Cristo nasça em ti e na tua
família, e na tua paróquia, não bastam todas as boas vontades. É obra do
Espírito Santo! É necessário escutar o Evangelho e guardá-lo no coração, para
que aprendas a fazer, dia após dia, a vontade de Deus, e assim Jesus possa
nascer, crescer e trabalhar em ti, ou seja, realizar com as tuas mãos, as suas
obras de amor a Deus e ao próximo. Sem isso, sem o Espírito Santo, a festa do
Natal não tem verdade, fica vazia. Mas com o Espírito Santo a viver em ti, o
mesmo Espírito que fecundou o seio de Maria Imaculada, também a tua vida,
querido irmão, será habitada e dinamizada por Cristo, nosso Senhor. Para que
tal possa acontecer, aprende a responder
com Maria:
- Eis a escrava do Senhor; faça-se
em mim segundo a tua palavra!
E, por obra do Espírito Santo, a
Virgem concebeu o Menino Jesus. Nove meses depois deu-O à luz. Este é, queridos
irmãos, o Natal verdadeiro. É este o miolo de todas as celebrações de Natal,
desde as mais ricas às mais pobres, desde as mais autênticas e profundas até às
mais superficiais. Festejar o Natal, as mais das vezes, é vivê-lo na esperança
de que se realizará plenamente em nossas vidas.
Convido-vos, irmãos, no seguimento do
Papa Francisco, a fazer o Presépio em vossas casas, e nas terras onde habitais.
Vinde festejar o Natal, participando com as vossas famílias nas celebrações
litúrgicas, e estando atentos e solícitos aos que sofrem, aos que estão sós.
Animai-os a virem à Igreja, convidai-os para a vossa mesa, para a vossa
família, e a festa do Natal e o Ano Novo terão para vós o sabor da caridade e
da verdade.
Rezo por vós, para que as bênçãos
abundantes de Cristo Nosso Senhor encham de paz e de alegria os vossos
corações.
Rezai por mim, vosso pastor.
+ João Marcos, bispo de Beja
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