Ler é um valor essencial para alargar os nossos horizontes;
para amadurecer as nossas perspectivas; para ajudar a compreender a
complexidade e, ao mesmo tempo, a simplicidade da realidade e do mundo. Ler
para crescer, ler para sonhar, ler para partilhar e conviver.
Face à
fragmentação que os meios de comunicação e as redes sociais provocam em nós e
que, por vezes, nos dispersa e empobrece, o recurso frequente a um livro e
consequente diálogo sobre ele é um verdadeiro bálsamo ou oásis para o nosso
espírito e para o nosso intelecto.
Ler é mais do
que saber dar voz às palavras, é ser capaz de se recolher, de habitar dentro de
si mesmo, de ler nas situações, nos meandros, nos requebros da vida e das
pessoas. É o grande diálogo de mim para mim, de mim para o outro e dos outros
para mim e para nós, abrindo a possibilidade de nos apercebermos da grandiosa escala
de matizes da realidade pessoal e social, criando a possibilidade de ver o
mundo em várias dimensões, todas diferentes, mas complementares.
“Se há livros dos quais as lombadas e as capas são,
com pouca diferença, o melhor”, é um facto que existem outros que nos
arrebatam, nos deleitam e nos conquistam verdadeiramente.
Nem é que todos
os livros marquem um antes e um depois muito evidente na nossa vida, mas o que lemos
muda-nos, ou nos engrandece a alma ou a enfraquece. À medida que o tempo passa a
nossa personalidade reflecte, tanto os livros que tenhamos lido como aqueles
que não lemos. Quem, ao longo dos anos, se nutre de leituras selecionadas, com
bom critério, adquire um olhar aberto sobre o mundo e as pessoas, sabe medir-se
com a complexidade das coisas e desenvolve a sensibilidade necessária para
deixar de lado as banalidades e não passar ao largo diante das grandezas da
vida.
Non
legere, sed eligere, será o mote que deve impelir a saber escolher, para
bem ler e poder desfrutar, com obras diversificadas, ricas, conscientes e
coerentes, pois não será tão útil ler muito, como ler bem.
Lego, ergo, Sum, poderá ser a
feliz conclusão para quem uma vida sem ler não tem sentido, ou pelo menos, não
tem a mesma qualidade, profundidade e riqueza que só os livros podem dar.
Maria Susana Mexia |
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