Foi esta a frase que escrevi a
uma amiga que se encontrava a descansar devido a uma doença que ainda não se
encontrava totalmente esclarecida. Pouco depois recebi uma resposta sua que
referia: “Que bonito”! Fiquei a pensar um pouco. Na realidade sentia uma grande
inquietude não identificada que me causava alguma perplexidade uma vez que não
identificava a sua origem e que ficou agravada com o envio desta mensagem.
Parecia que inconscientemente a tinha enviado também com uma mensagem para mim.
A vida tem destas coisas, parece que às vezes ficamos presos a uma frase
transmissora de algo que nos transcende, que parece vir através do Espírito Santo,
enquanto resposta ou um sinal, que não entendemos. “Que veja!”. Jesus, que
queres Tu de mim? Parece que andamos sempre à procura do sentido da vida, com
esta frase recorrente e os anos vão-se sucedendo… Recentemente, tive
oportunidade de participar numa conferência intitulada “Amor à Verdade”, em que
o orador comentava que a vida tem um sentido, que só a verdade é capaz de nos
libertar. Com algum grau de frequência, encontramo-nos a questionar qual a
missão que temos para cumprir nesta nossa vida terrena. Isto é, se nos
encontramos a fazer unicamente a nossa santa vontade. Será que vemos a nossa
vida com um olhar de eternidade? Que solicitamos a ajuda de Jesus quando tudo
parece estar perdido? Que conseguimos visualizar a mão de Deus perante as
dificuldades? Surgiu-me, entretanto, uma frase que alguém comentou: “Senhor,
que bom que é estar contigo, porque és a minha luz, a minha força, a minha paz,
que me aguardas sempre, sem nunca negares a tua amizade, uma riqueza
inestimável de quem nada carece, só tem Amor para dar”. Na realidade, a frase
que escrevi à minha amiga e de que tanto gostou, teve um efeito aglutinador, já
que começou a procurar mais a minha companhia sentindo-se apoiada em Deus.
Talvez a inquietude que senti fosse, de algum modo, uma chamada de atenção para
apoiar mais esta minha amiga, ou seja, os desígnios de Deus são insondáveis.
Entretanto recordei que tinha decidido
recomeçar, sempre que possível, um passeio matinal à beira-rio. Assim
interrompi a narrativa que tinha iniciado, para fazer uma excelente caminhada
de mais de uma hora, fazia-me bem e o dia estava lindo. Enquanto caminhava
cheguei a um local, ao fim de uma pequena estrada rodeada pelo rio dos dois
lados, que parecia um cais. O solo era de alcatrão pelo que a caminhada aqui
era mais fácil, O rio aqui tinha muita profundidade e estava separado por uma
grade. Fazia já recordar o mar. Que beleza estonteante, mesmo sublime, uma
antecipação do paraíso. Sentei-me num pilar no sentido de usufruir da leve
brisa que se fazia sentir. Fiquei com a sensação que me encontrava num barco,
num cruzeiro, uma vez que nesta posição só via o céu e as ondas do rio. Encontrava-me
mesmo a descansar em Deus, a usufruir unicamente da paisagem, esquecendo os
restantes afazeres diários. Onde iriam rebentar estas ondas impulsionadas pelo
vento e pelas correntes? E as ondas transportaram-me para o infinito, para a
plenitude dos tempos. Senti o sol a aquecer-me o coração. Pareceu-me ouvir o cantor
lírico Pavarotti, a cantar uma música
de Puccini, Nessum Dorma. Que
maravilha, e continuei a ouvir… Ninguém durma… Olha para as estrelas que tremem
cheias de amor e de esperança. Mas o meu mistério está fechado em mim e o meu
nome ninguém saberá. Quando a luz brilhe esplendorosa…na alvorada vencerei.
Estes excertos grandiosos são maravilhosos adequados ao momento que vivencio.
Deus é Pai! Olhei para o lado esquerdo e presenciei a estrada por onde tinha
vindo. Questionei para onde me transportaria? Ao regressar e pisá-la novamente
senti que percorria o meu próprio caminho, o meu espaço de liberdade! Aqui
encontrava-me só com Deus. Mais à frente uma família pescava. Questionei se
tinham pescado algo. O pescador respondeu que tinha mordido o anzol da cana de
pesca uma corvina enorme e que tudo tinha partido. Devia ter uns quarenta
quilos. Sorriam. Estavam felizes com o acontecimento inusitado. Comentaram que
tinham outra cana de pesca de reserva. Continuei o meu caminho. Veio-me ao
pensamento a frase de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Na
realidade, existe um tempo, para tudo. Segundo Eclesiastes há um tempo
determinado para tudo debaixo do céu, ou seja, o tempo de nascer e o tempo para
morrer; tempo de chorar e tempo de rir…tempo de guerra e tempo de paz. Na
verdade sinto que este é o tempo de paz de fazer as pazes com o mundo. Não sei
porque me veio este pensamento. Talvez por admirar imenso as pessoas que têm
uma capacidade aglutinadora, que reúnem todos à sua volta, que parece mesmo que
possuem o condão de fazer o mundo girar. Não será certamente este, o meu caso…Nem
todos, seremos iguais. Mas sim importa recordar as palavras de S. Mateus:
“Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora…” Bem, o amor maior consiste
em dedicar-se ao outro. Foi o que fizeram muitos santos, alguns mártires, que
compreenderam que o amor, a generosidade, são muitas vezes acompanhados pelo
sofrimento. Em resumo, e com isto termino este artigo, recomendando que descansemos
no grande amor a Deus, que se opõe ao nosso amor-próprio. Santa Maria, rainha
da paz e da esperança, que acompanhou Jesus ao Calvário, simboliza bem o
sofrimento humano, já que teve Jesus, morto no seu regaço. Soube corresponder
ao que Deus lhe pedia, fazendo sempre a Sua vontade, sendo hoje, a nossa Mãe do
Céu e grande intercessora.
Maria Helena Paes |
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